Embora os produtos e técnicas tenham avançado – a base da maquiagem ainda permanece a mesma. As pessoas usam a maquiagem para realçar traços para diversos fins – correção, valorização, embelezamento ou até mesmo status. Mas um produto em especial, é imprescindível na hora de se maquiar. De frutas vermelhas, raízes às cores atordoantes atuais, a metamorfose dos batons ao longo do tempo é uma história interessante que precisa ser contada. Muito antes do Egito Antigo, mulheres na região da Mesopotâmia já faziam uso do produto.
Pessoas da civilização suméria podem ser consideradas as primeiras usuárias de batons. As cores poderiam ser obtidas de substâncias naturais como frutas, hena, argila e insetos. No Egito Antigo, Nefertiti era adepta do produto. Prova disso é um busto dela exposto no Museu de Berlim, na Alemanha, onde os lábios estão com um tom levemente mais rosado que a cor da pele.
Os egípcios, talvez, foram os primeiros amantes e divulgadores do batom. Tons marcantes como roxo e preto eram comuns. Eles extraiam a cor de algumas fontes bastante interessantes, como o corante carmim, derivado de insetos. Na verdade, o corante ainda é usado em batons e outros produtos. Os egípcios usavam substâncias nocivas como chumbo e uma mistura de bromo, manitol e iodo, que podem resultar em doenças graves ou até mesmo levar a morte.
No Japão, as mulheres também usavam maquiagem espessa e batons escuros derivados de alcatrão e cera de abelha. Foi apenas no Império Grego que a aplicação deles era associada à prostituição e as prostitutas eram obrigadas a usar tons escuros, por lei. Mulheres mais nobres tiravam a substância de raízes e as misturavam com mel para dar um aspecto mais leve e saudável aos lábios. Em 9 d.c, o cientista árabe, Abulcasis, decidiu então prensar o material em um molde, o que fez grande sucesso. Ele então criou o batom sólido.
Na Idade Média, colorir os lábios foi visto como pecaminoso e claro proibido pela Igreja Católica. Com o crescimento do cristianismo e das crenças puritanas, a igreja condenou o uso de batons ou qualquer outro tipo de maquiagem. Lábios vermelhos foram associados à adoração a Satanás, e mulheres usando batons eram suspeitas de serem feiticeiras. Além das prostitutas, nenhuma mulher que se respeitasse exibia lábios coloridos.
As pomadas labiais, no entanto, eram populares e aceitáveis. Sendo assim, as mulheres secretamente adicionavam cor ao produto ou recorriam a atos como beliscar, morder ou esfregar os lábios com vários materiais para fazê-los parecer mais avermelhados, a partir do século XVI, mais especificamente durante o reinado da rainha Elizabeth I. Ela popularizou a pele branca e os lábios vermelhos, mas até a disponibilidade se restringia a nobres damas ou atores e atrizes que apareciam no palco. Cerca de três séculos após, o batom permaneceu acessível apenas para a realeza, atores e prostitutas.
Em 1884, uma empresa francesa de perfumes chamada Guerlain se tornou a primeira empresa a comercializar o batom. O produto era feito com sebo de veado, cera de abelha e óleo de rícino que depois era embrulhado em papel de seda. O batom só foi aparecer no formato mais parecido com o que temos hoje em 1915 nos Estados Unidos. Maurice Levy, com uma fórmula muito parecida com a criada na França, consegue moldar a mistura em um tubo. Quando chegamos a 1920, o batom tinha um lugar permanente no cotidiano das mulheres. Em 1923, James Bruce Mason Jr. criou o tubo giratório e nos deu o batom moderno como conhecemos.
OS VERDADEIROS INFLUENCIADORES DA BELEZA
Os ícones da moda da época eram as estrelas do cinema mudo, então as pessoas recriaram seus lábios escuros. Ameixas, berinjelas, cerejas, vermelhos escuros e castanhos eram as cores mais procuradas. Era barato e produzido em massa. As revistas incentivavam as mulheres a usar cores elegantes e elas obedeciam.
Helena Rubinstein inventou o batom em forma de “arco de cupido” que prometia dar aos lábios o formato cobiçado. As mulheres também usavam estêncil para obter a forma desejada de arco. Algo parecido com o que se faz hoje com as sobrancelhas. Foi também na década de 1920 que surgiu a primeira onda de feminismo e as mulheres exigiram mais direitos, incluindo o direito de voto. Batons naquela época eram considerados um símbolo forte do movimento.
Foi também nessa época que o químico francês Paul Baudercroux inventou o batom Rouge Baiser, um batom mais resistente, ou como eles promoviam na época – “à prova de beijo“. Mas foi rapidamente retirado da prateleira porque as mulheres tinham dificuldade de se livrar dele.
Empresas como Chanel, Guerlain, Elizabeth Arden e Estée Lauder começaram também a maquiagem. O ano de 1930 foi voltado para acabamentos mais elegantes e foscos. Max Factor, “o Papa da Maquiagem”, começou a vender gloss labial, que se tornou um grande sucesso entre as massas, já que antes era reservado apenas para atrizes de Hollywood.
Atingido pela depressão, o batom era um luxo acessível para as mulheres daquela época. Ameixa e bordô eram alguns dos tons preferidos – Passando pela Segunda Guerra Mundial, as mulheres na década de 1940 aceitavam trabalhos pesados, para substituírem os homens que lutavam nas fronteiras da guerra.
Os suprimentos de todos os materiais eram escassos. Foi aí que os tubos de metal foram substituídos por plástico. Devido à falta de material, a maquiagem era criativa e alegre. Na verdade, as mulheres eram incentivadas a usar os lábios mais vermelhos para elevar a autoestima durante os tempos difíceis da guerra. A beleza americana de Besame era um dos tons de vermelho mais popular da época.
A década de 1950 foi marcada pelos ícones de glamour da Hollywood de ouro, como Grace Kelly, Marilyn Monroe, Audrey Hepburn e Elizabeth Taylor estavam definindo as tendências em todo o mundo. As mulheres queriam se parecer com suas atrizes favoritas e o batom era mais popular do que nunca. Lábios vermelhos ousados foram especialmente popularizados por Marilyn Monroe e Elizabeth Taylor. Uma pesquisa na década de 50 afirmou que 60% das adolescentes usavam batom.
Em 1952, a Rainha Elizabeth II criou sua própria cor durante sua coroação. O batom foi customizado pela marca favorita da Rainha, a Clarin’s, e chamada de ‘The Balmoral’. A cor combinava com seu manto de coroação. Foi nessa mesma época que a Revlon surgiu com sua própria linha de batons mais resistentes e então começou a guerra das marcas.
Chegando às décadas de 60 e 70, as marcas inspiram-se nas artes e na cultura pop e uma variedade de tons surgiu e desapareceu da cena da moda. Havia algo para atender às preferências de todos. Em 1973, Bonne Bell introduziu o ‘Lip Smackers’, que é um batom com sabores, estes se tornaram um sucesso instantâneo com o público mais jovem. O batom Rose Balm de Aerin e corais como o Orange Danger da Maybelline eram alguns dos tons icônicos da época.
Batons da década de 1980 giravam em torno de brilhos e mais brilhos. Combinar a cor dos lábios com as roupas era comum e estava na moda. Lábios rosa choque se tornaram tendência acompanhando a cultura da época. Os lábios góticos também eram bastante populares em algumas subculturas alternativas como o punk rock.
HOJE É DIA DE MAKE ROCK N’ ROLL, BEBÊ!
1990 – era do grunge e da maquiagem mais natural. As pessoas estavam ficando cada vez mais conscientes sobre o meio ambiente e a demanda por fórmulas naturais, sem produtos químicos. Tatuagem ou coloração semipermanente no lábio estava se tornando popular. Mas nada grita mais na década de 1990 do que os delineadores de lábios mais escuros com um batom mais claro.
Os anos 2000 foram delas, Britney Spears, Christina Aguilera e Paris Hilton. O brilho estava na moda e os gloss era o acessório favorito mais uma vez. Agora, a variedade de cores e fórmulas de batons disponíveis no mercado, é de enlouquecer qualquer maquiador experiente. De acordo com uma pesquisa, as mulheres nos Estados Unidos gastam mais de US$ 3 mil em batom durante a vida.
A MAQUIAGEM E A CULTURA POP – UMA PARCERIA DE SUCESSO
Até a caçula do clã Kardashian, sensação da rede social, Kylie Jenner, lançou sua própria linha de batons. De nude a rosa, com opções mais chamativas como amarelo, azul ou verde, o batom se tornou realmente um símbolo de auto expressão. De insetos mortos às fórmulas super avançadas que temos hoje, além de colorir, eles também hidratam e protegem os lábios. Mas uma coisa é verdade, o batom tem o poder de fazer a felicidade de uma mulher.