“NÃO BASTA SER PAI, TEM QUE ESTAR”

LIÇÕES PARA REFLETIRMOS A PARTIR DO LONGA-METRAGEM “PATERNIDADE” DA NETFLIX
}

05.08.2021

Divulgação / Netflix

Depois de um tempo de resistência, finalmente me rendi, assisti e me surpreendi com Paternidade (Netflix). É um filme interessante apesar de uma história que já foi usada em outros filmes, mas que flui com ar de novidade graças à representatividade negra que traz novas narrativas.

O NEGRO É A COR MAIS CORTANTE

No longa-metragem, o ator americano Kevin Hart, mais conhecido por seu talento para a comédia, se aventura no drama ao interpretar Matt, um pai solo que ficou viúvo inesperadamente um dia após o nascimento de sua primeira filha, Maddy. Este mote traz algumas reflexões sobre a paternidade e a masculinidade.

Paternidade não é substituível

Vivemos em um mundo onde a figura paterna parece ser algo substituível e inferior à maternidade e isso se deve ao fato da ausência desta figura na criação de sua prole. Nas comunidades periféricas a percepção desta falta é ainda maior e as sequelas são profundas, mesmo para aqueles que dizem não sentir tanto. Ao mesmo tempo em que a sociedade recrimina a irresponsabilidade dos pais, esta mesma sociedade propaga o machismo, retirando o dever dos mesmos.

No filme, Matt toma pra si a criação solo de sua filha, mas encontra resistência das avós da criança, que duvidam da capacidade dele para tal feito. Nós homens, fomos criados para sermos servidos pelas mulheres, prover a manutenção de suas casas e somos excluídos da educação ativa de nossas crianças, deixando para as mães essa incumbência.

O pai não deve ajudar na criação de seus filhos ou filhas. Ele deve criar. Seja com a presença da mãe ou sem ela.

Paternidade deve ser encorajada

Todo apoio e ajuda é sempre bem-vinda, mas não deve ser retirada a obrigação.

Uma rede que se forma entre familiares e amigos é muito importante para a formação de uma pessoinha que está em desenvolvimento, e isso me lembra de um proverbio africano que diz: “É preciso uma aldeia para se educar uma criança”. Entretanto o progenitor precisa ser pai também e não se ausentar da aldeia.

Paternidade nasce na gestação

Sempre questiono quando ouço homens dizerem que serão pais mesmo suas parceiras já estando grávidas. As mulheres já se sentem e declaram abertamente que são mães. Porque isso não ocorre com os homens?

Assumir este encargo desde cedo é um caminho.

Fui criado pela minha mãe, e toda vez que ia passar as férias na casa de meu pai, ele se enchia de orgulho para falar que tinha um filho, e conforme eu ia crescendo, ele mostrava a satisfação diante dos amigos, mas durante o ano era a minha mãe que estava ao meu lado, me acompanhando, educando e formando meu caráter. Já adulto, tive um encontro com ele que gerou um reconhecimento tardio de suas falhas como pai.

Um homem negro que também foi atravessado pela ausência paterna e reproduziu isso aos seus. As sequelas podem ser sentidas até em gerações futuras, aquilo que passa de pai para filho e traz dores precisa ser extinto. Hoje somos bem resolvidos sobre esta questão e as feridas se tornaram cicatrizes.

Paternidade é presença

Uma eterna disputa é saber o que causa mais dores, a ausência afetiva ou física. Talvez nunca chegaremos a uma conclusão sobre isso, mas a presença faz toda diferença.

Thiago Pedroso, um amigo meu, compartilhou um pouco de sua vivencia na criação de Sofia, sua filha de 8 anos: “É muito fácil pra mim reproduzir condutas machistas, então o primeiro passo é olhar pra dentro de mim, reconhecer isso e tentar desconstruir. Isso é uma desconstrução constante. E os princípios que passamos é que Soso pode ser o que ela quiser, o que sonhar e nunca vamos limitá-la neste sentido. Além disso mostramos que o mundo é injusto, desigual para as mulheres. Mediante a isso colocamos ela em atividades esportivas voltadas à luta. Ela tem feito jiu jitsu e tem trazido um retorno benéfico. Estamos criando uma guerreira de Wakanda”.

Então, parafraseando um slogan muito famoso, “não basta ser pai, tem que estar!”

Sua notícia no Pepper?

Entre em Contato

Siga o Pepper

Sobre o Portal Pepper

O Pepper é um portal dedicado exclusivamente ao entretenimento, trazendo ao internauta o que há de mais importante no segmento.

Diferente de outros sites do estilo, no Pepper você encontrará notícias sobre música, cinema, teatro, dança, lançamentos e várias reportagens especiais. Por isso, o Pepper é o portal de entretenimento mais diversificado do Brasil com colunistas gabaritados em cada editoria.