De volta ao Theatro Dolby, em Los Angeles, após a pandemia provocar drásticas mudanças em 2021, a 94ª edição do Oscar acontece neste domingo (27), a partir das 21h, com transmissão integral do canal TNT e do serviço de streaming Globoplay (com acesso liberado para não assinantes). Após anos entrando no ar apenas nos minutos finais da cerimônia, a Globo decidiu não exibir a premiação desta vez.
10 FILMES QUE DISPUTARÃO O OSCAR 2022 JÁ DISPONÍVEIS NO BRASIL
Organizado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS, na sigla em inglês), o Oscar voltará a ter anfitriões após três anos consecutivos. As comediantes Amy Schumer, Regina Hall e Wanda Sykes foram as escolhidas para a tarefa. Com isso, será a primeira vez em 35 anos que três pessoas dividirão a função. Da última vez que isso aconteceu, Chevy Chase, Goldie Hawn e Paul Hogan comandaram a cerimônia de 1987.
Sobre as disputas deste ano, as categorias mais incertas são a de melhor filme, roteiros e montagem. Por outro lado, documentário, filme internacional, efeitos visuais e som têm vencedores mais do que certos. ‘Duna’, de Denis Villeneuve, deve receber o maior número de prêmios, enquanto ‘Ataque dos Cães’, o mais indicado, disputando 11 categorias, pode encerrar a noite com apenas uma estatueta. Confira os prognósticos para cada uma das 23 categorias do Oscar 2022:
Filme: os ventos que vinham soprando fortemente a favor de ‘Ataque dos Cães’ (Netflix), de Jane Campion, parecem agora apontar para o lado de ‘No Ritmo do Coração’ (Amazon Prime Video), de Sian Heder. Após dominar o circuito de prêmios da crítica americana, a obra de Campion seguiu reforçando seu favoritismo ao faturar também o Bafta (premiação máxima do cinema britânico), Critics Choice e Globo de Ouro de melhor filme. Além disso, Campion ainda venceu o importante prêmio anual do sindicato dos diretores (DGA).
‘Ataque dos Cães’, no entanto, se amansou, primeiro ao não ser indicado à principal categoria do SAG Awards, premiação do sindicato dos atores onde conseguiu apenas indicações individuais, vendo ‘No Ritmo do Coração’ vencer o prêmio de melhor elenco. Mas a surpresa maior veio no último final de semana, quando o prêmio do sindicato dos produtores (PGA), estatisticamente o maior indicativo para o Oscar, também foi para ‘No Ritmo do Coração’.
Ainda assim, nada está definido. Basta lembrar de 2017, quando ‘La La Land’ dominou a temporada conquistando quase todos os principais prêmios, incluindo o PGA, não vencendo apenas o SAG – que foi para ‘Estrelas Além do Tempo’. O Oscar de melhor filme, no entanto, ficou com ‘Moonlight’, que dos indicativos mais relevantes havia vencido apenas o Globo de Ouro.
Direção: se 2021 foi histórico, ao apresentar pela primeira vez duas mulheres indicadas ao prêmio numa mesma edição, e ter em Chloe Zhao (por ‘Nomadland’) a segunda mulher e primeira asiática a vencer a categoria, 2022 não será menos marcante. Jane Campion (‘Ataque dos Cães’), acumulando vitórias no sindicato (DGA), Bafta, Critics Choice e Globo de Ouro, é ampla favorita e deve se tornar a terceira mulher a conquistar o prêmio, emplacando de forma inédita vitórias femininas em anos consecutivos. Por sinal, Campion já é a primeira mulher indicada mais de uma vez nesta categoria, repetindo neste ano o feito de 1994, quando esteve entre os finalistas por ‘O Piano’, o que configurou, à época, apenas a segunda participação feminina no prêmio. Concorrem com ela: Kenneth Branagh, por ‘Belfast’ (em cartaz), Paul Thomas Anderson, de ‘Licorice Pizza’ (em cartaz), Ryusuke Hamaguchi, por ‘Drive my Car’ (em cartaz) e Steven Spielberg, de ‘Amor, Sublime Amor’ (Disney+).
Atriz: pela primeira vez desde 1988 nenhuma das indicadas ao Oscar foi lembrada pelo Bafta. Kristen Stewart, de ‘Spencer’, que vinha dominando os prêmios da crítica, não foi lembrada pelos colegas do SAG Awards. Nicole Kidman, por ‘Apresentando os Ricardos’ (Amazon Prime Video), venceu o Globo de Ouro, e só. Mas uma disputa que até poucas semanas parecia das mais imprevisíveis, agora se encaminha em direção à Jessica Chastain, cujo estilo “overacting”, além de seu talento como cantora, casou perfeitamente com a personagem-título de ‘Os Olhos de Tammy Faye’ (Star+, a partir de 6 de abril), e valeu à atriz os prêmios no SAG e Critics Choice. Concorrem também Olivia Colman, por ‘A Filha Perdida’ (Netflix) e Penélope Cruz, de ‘Madres Paralelas’ (Netflix).
Ator: Will Smith, de ‘King Richard: Criando Campeãs’ (HBO Max), viu Benedict Cumberbatch (‘Ataque dos Cães) dominar o circuito da crítica, mas apareceu onde deveria aparecer, vencendo o prestigiado National Board of Review, ainda em dezembro, o Globo de Ouro, em janeiro, e, principalmente, a importante reta final da temporada de premiações, garantindo Bafta, Critics Choice e SAG Awards. Com isso, em sua terceira indicação na categoria, Smith deve triunfar na Academia pela primeira vez. Também estão indicados: Andrew Garfield, por ‘Tick, Tick…Boom’ (Netflix), Denzel Washington (em sua incrível nona indicação como ator), por ‘A Tragédia de Macbeth’ (AppleTV+) e o espanhol Javier Bardem, de ‘Apresentando os Ricardos’.
Atriz Coadjuvante: em uma corrida inicialmente apertada entre as excelentes performances de Ariana DeBose, em ‘Amor, Sublime Amor’, e Kirsten Dunst, em ‘Ataque dos Cães’, DeBose gingou bonito na reta final, arrebatando Bafta, Critics Choice e SAG Awards, além do Globo de Ouro vencido em janeiro, e é a grande favorita. Completam a disputa: Aunjanue Ellis (‘King Richard’), Jessie Buckley (‘A Filha Perdida’) e Judi Dench (‘Belfast’).
Ator Coadjuvante: outra categoria que pode ter um desfecho histórico nesta edição. Troy Kotsur, primeiro ator surdo indicado ao Oscar, deve se tornar também o primeiro a vencê-lo. Sua performance em ‘No Ritmo do Coração’ já o levou às conquistas do Bafta, Critics Choice e SAG Awards (sindicato dos atores), o que fez Kotsur tomar o favoritismo até então depositado em um igualmente merecedor Kodi Smit-Mcphee, vencedor no Globo de Ouro e na maior parte do circuito da crítica por ‘Ataque dos Cães’.
Roteiro Original: disputa franca e acirrada entre ‘Belfast’, vencedor no Globo de Ouro e Critics Choice, e ‘Licorice Pizza’, triunfante no Bafta, porém derrotado por ‘Não Olhe Para Cima’ na premiação do sindicato dos roteiristas (WGA), onde ‘Belfast’ não estava apto a concorrer.
Roteiro Adaptado: categoria que mais uma vez ditará o rumo da noite. Isto porque o vencedor do Oscar de melhor filme invariavelmente vence também o Oscar de melhor direção e/ou o de melhor roteiro, seja original ou adaptado. A disputa de melhor filme está entre ‘Ataque dos Cães’ e ‘No Ritmo do Coração’. Sabe-se que o prêmio de melhor direção – onde ‘No Ritmo’ sequer está indicado – é quase certo que vá para Jane Campion, de ‘Ataque dos Cães’, portanto uma vitória de seu filme, aqui, indicaria fortemente uma vitória também na categoria principal. Por outro lado, caso o roteiro de ‘No Ritmo do Coração’ seja o vencedor, ‘Ataque dos Cães’ ainda não estaria totalmente descartado devido ao prêmio de sua diretora, mas o filme de Sian Heder passaria a ser favorito na corrida pela estatueta mais desejada. Nesta categoria, ‘Ataque’ dominou a temporada, vencendo também o Critics Choice, enquanto ‘No Ritmo do Coração’ ganhou força na reta final ao vencer Bafta, onde concorreu diretamente com ‘Ataque’, e no sindicato (WGA), onde o filme de Campion estava inelegível.
Filme Internacional: dominando a temporada e tendo outras três importantes indicações (filme, direção e roteiro adaptado), ‘Drive My Car’ deve dar ao Japão seu quinto Oscar na categoria, a qual conquistou pela última vez em 2009, com ‘A Partida’.
Documentário: mesmo tendo em ‘Flee’, produção dinamarquesa também indicada nas categorias animação e filme internacional, um forte concorrente, ‘Summer of Soul (…ou Quando A Revolução Não Pode Ser Televisionada)’ prevaleceu na maior parte dos prêmios da crítica e da indústria, incluindo Bafta, Critics Choice e PGA, além de vitórias nos sindicatos dos editores (ACE) e mixadores de som (CAS), sendo, portanto, amplamente favorito.
Documentário em Curta-Metragem: simples, cativante, inspirador e reparador, ‘Queen of Basketball’ (Youtube) conta a história de Lusia Harris, pioneira do basquete olímpico, fenômeno do esporte nos anos 70 e primeira afrodescendente a entrar no hall da fama da modalidade. O Oscar seria um tributo mais do que justo à Lusia, falecida em janeiro deste ano. A categoria ainda conta com ‘Onde eu Moro’ (Netflix), codirigido pelo brasileiro Pedro Kos, que expõe o problema de falta de moradia a um número cada vez maior de norte-americanos. Conheça todos os indicados e onde assisti-los, abaixo:
CONHEÇA E ASSISTA AOS DOCUMENTÁRIOS EM CURTA-METRAGEM QUE DISPUTAM O OSCAR 2022
Animação: apesar de ‘A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas’ (Netflix) dominar o circuito de prêmios da crítica americana e vencer até mesmo o Annie Awards, maior premiação dedicada às animações, e do ótimo ‘Luca’ (Disney+), da Pixar, estar entre os indicados, a Disney deve faturar mais um Oscar na categoria com ‘Encanto’ (Disney+), que se sobrepôs ao conquistar Bafta e PGA nas últimas semanas, além de importantes vitórias nos sindicatos de editores (ACE), sonoplastas (CAS) e criadores de efeitos visuais (VES). Concorrem também ‘Flee’ e ‘Raya e o Último Dragão’ (Disney+).
Animação em Curta-Metragem: sem concorrentes da Disney ou da Pixar pela primeira vez desde 2010, e sem uma obra-prima como ‘Se Algo Acontecer…Te Amo’, vencedor em 2021, entre os indicados deste ano, ‘A Sabiá Sabiazinha’ (Netflix) parece ter a mistura ideal de fantasia, graciosidade e crítica social que costumam conquistar a Academia. O chileno ‘Bestia’ (Vimeo On Demand), única produção da América Latina neste Oscar, é o mais premiado dos concorrentes, vencendo inclusive o Annie Awards, mas seu retrato de um personagem sombrio e cruel do período de ditadura do país pode ser pesado demais para a mensagem de otimismo que os votantes aparentemente querem passar em 2022. Saiba mais sobre os indicados e como assisti-los, abaixo:
QUAIS SÃO E ONDE ASSISTIR AS ANIMAÇÕES EM CURTA-METRAGEM QUE DISPUTAM O OSCAR 2022
Montagem (edição): umas das categorias mais incertas da noite. No sindicato dos editores (ACE), que nem sempre é um indicativo seguro, ‘King Richard’ (drama) e ‘Tick, Tick…Boom’ (comédia/musical) foram os vencedores, enquanto no Bafta – este, sim, costumeiramente um bom prenúncio – o prêmio foi para ‘007: Sem Tempo Para Morrer’. O problema é que o filme do agente secreto não foi indicado ao Oscar nesta categoria, ao contrário dos vencedores do sindicato. O mesmo acontece com ‘Amor, Sublime Amor’, que ganhou o Critics Choice – de onde poderia surgir uma luz – mas que também não está entre os finalistas da Academia. Soma-se ao caos o fato de ‘Ataque dos Cães’ e ‘Duna’ (HBO Max) terem liderado os prêmios da crítica americana na temporada, o que os mantém igualmente fortes na briga.
Design de Produção (direção de arte): vencedor no Bafta, Critics Choice e sindicato (ADG), trata-se de mais uma categoria onde ‘Duna’ pode ampliar suas conquistas na noite. No entanto, ‘O Beco do Pesadelo’ (Star+) não deve ser descartado, pois dividiu com ‘Duna’ os prêmios da crítica e também triunfou no sindicato – que separa seus premiados entre filmes com histórias contemporâneas, épicos e ficções científicas/fantasias.
Fotografia: vencedor no Bafta e no sindicato norte-americano da categoria (ASC), ‘Duna’ tem o favoritismo e daria o primeiro Oscar ao australiano Greig Fraser, em sua segunda indicação. Já ‘Ataque dos Cães’, com as conquistas no sindicato britânico (BSC) e no Critics Choice, ainda fareja a vitória e pode fazer de Ari Wegner, também australiana, a primeira mulher a triunfar na categoria.
Efeitos Visuais: avassalador na temporada, ‘Duna’ faturou tudo o que tinha direito neste quesito, incluindo Bafta, Critics Choice e múltiplas vitórias no sindicato da classe (VES), tornando-se imenso favorito ao prêmio da Academia. Poderá a Marvel provocar uma zebra e finalmente reconquistar esta categoria com ‘Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa’? O último e único triunfo, aqui, se deu justamente através do personagem aracnídeo, no Oscar de 2005, com ‘Homem-Aranha 2’. O estúdio ainda concorre com ‘Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis’.
Figurino: após as conquistas no Bafta, Critics Choice e sindicato (CDG), a britânica Jenny Beavan, em sua 11ª indicação, é favorita e pode levar seu terceiro Oscar para casa, agora por ‘Cruella’ (Disney+).
Maquiagem & Cabelo: embora não tenha triunfado nos prêmios do sindicato da categoria (MUAHS), as vitórias no Bafta e Critics Choice fazem de ‘Os Olhos de Tammy Faye’ o justo favorito aqui.
Trilha Sonora: vencedor no Bafta, Critics Choice e Globo de Ouro, ‘Duna’ é mais uma vez favorito e deve dar a Hans Zimmer seu segundo Oscar em 12 indicações, 27 anos após o compositor vencer com a trilha musical de ‘O Rei Leão’, em 1995.
Canção Original: “No Time to Die”, de ‘007’, pode consagrar ainda mais a ascensão meteórica dos irmãos Billie Eilish e Finneas O’Connell, agregando um Oscar a uma galeria de prêmios que já conta com oito Grammy Awards – um deles vencido justamente pela canção do filme de James Bond – além do Globo de Ouro e Critics Choice, também entregues pelo tema de ‘Sem Tempo Para Morrer’. Se confirmado o favoritismo, Eilish, que completou 20 anos em dezembro, se tornará a pessoa mais jovem a receber o Oscar da categoria.
Em contrapartida, “Dos Oruguitas”, composta pelo cada vez mais prestigiado Lin Manuel-Miranda para ‘Encanto’, pode se tornar a quarta canção em língua não inglesa a vencer o Oscar, apenas a segunda em língua espanhola, 17 anos após Jorge Drexler vencer por “Al Otro Lado del Rio”, de ‘Diários de Motocicleta’.
Som: a categoria que, desde 2021, voltou a reunificar os prêmios de edição de som e mixagem de som após quase 60 anos tem ‘Duna’, triunfante no Bafta e nos sindicatos dos mixadores (CAS) e editores de som (MPSE), como o grande favorito.
Curta-Metragem: mais premiado dos concorrentes, ‘Ala Kachuu – Take and Run’ (Vimeo On Demand), coprodução entre Suíça e Quirguistão, denuncia um terrível costume do país asiático, onde jovens mulheres são sequestradas e forçadas a se casarem. O favoritismo é dividido com o contundente ‘The Long Goodbye’ (Youtube), produção britânica escrita e estrelada por Riz Ahmed, indicado ao Oscar de melhor ator em 2021, por ‘O Som do Silêncio’. Saiba mais sobre os indicados e como assisti-los, abaixo:
CONHEÇA E VEJA OS CURTAS DE FICÇÃO QUE CONCORREM AO OSCAR 2022
Oscars 2022 (Academy Awards 2022) – Los Angeles (EUA) – Domingo, 27/3, a partir de 21h no canal TNT e Globoplay
