A série La Casa de Papel acaba de estrear a primeira parte de sua última temporada, mal sabia a Netflix, que um bando de ladrões faria um sucesso estrondoso mundial. A trama traça dois assaltos muito preparados liderados pelo Professor, um na Casa da Moeda Real da Espanha e outro no Banco Central da Espanha o que podemos aprender com alguns dos personagens do seriado? Existem várias vidas dentro de uma única, essa frase que a personagem Tokyo nos presenteia, mostrando que é possível recomeçar, que é possível amar intensamente mais de uma vez, com certeza é o desejo de muitas pessoas que estão vivendo uma vida frustrada e estão com a mente machucada.
Parece brilhante a ideia de ter uma chance de recomeçar, de jogar tudo fora, de deixar todos para trás e simplesmente abrir uma nova porta dentro da vida. Foi assim que o Professor montou o seu time tão amado de assaltantes. Ele deu para pessoas que já tinham perdido quase tudo uma nova chance, uma nova “família”, uma direção e uma busca de liberdade de viver uma vida em abundância longe da rotina escravizante. Isso por si só já tem ingredientes suficientes para prender a atenção de milhões de pessoas, afinal quantas pessoas gostariam de mudar radicalmente a sua própria vida? E ainda ter alguém como o professor para cuidar de você, alguém inteligente, astuto e que sabe pensar, mesmo estando sob pressão sem surtar?
“FREE GUY: ASSUMINDO O CONTROLE” NOS ENSINA QUE É POSSÍVEL MUDAR UMA PROGRAMAÇÃO
Vivemos a era do pânico, do medo, onde nos deparamos com jovens tirando a própria vida por não saberem lidar com a dor de frustrações que fazem parte da vida cotidiana. As pessoas estão em muitos momentos sem rumo diante de tantas mudanças acontecendo pela vida, mudanças impostas pelo avanço rápido e constante tecnológico, mudanças impostas pela pandemia e todos os seus desdobramentos que ainda estão acontecendo. Vivemos um momento crítico onde não conseguimos saber muita coisa sobre o que vem pela frente, que 85% das novas profissões que existirão daqui 5 anos ainda não são conhecidas por nós, vivemos realmente sob muita pressão. E seria incrível ter um professor, olhando do lado “de fora” nos conduzindo pela vida, mesmo quando ele esta pressionado, mesmo quando ele está sem saída, ele descobre como agir.
Outro ponto importante para nossa reflexão, é que a série nos joga durante muitos momentos em situações de impacto, quando a vida bate num muro a 150 km por hora em momentos terminais e decisivos – os finais de caminho. Neste momento não temos como voltar atrás -assim como quando sabemos de uma doença terminal de um ente querido, quando temos um momento de despedida de alguém que amamos e sabemos que não será possível encontrá-lo novamente, quando se perde um filho. Em cada assalto dessa turma querida de ladrões, eles nos brindam com a consciência da finitude, de que cada segundo pode ser o último, a consciência de que devemos perdoar com mais freqüência, não devemos arrastar dores emocionais e pendências, e ainda que sim, temos que colocar a energia em viver a nossa própria vida, afinal de contas a qualquer momento a vida pode ser tirada de nós, assim como foi dada um dia.
A personagem Sierra trás com ela o dilema da vingança – querer se vingar e provar que está correta, até que ponto isso vai trazer frutos? Ou ainda, será que você esta se vingando das pessoas corretas? Quem são os reais culpados das suas frustrações, e em que momento você esta descontando em quem não te deve nada? Quem vive isso no cotidiano sabe que às vezes foi vitima de injustiças, e se pega “descontando” nas pessoas que não tem culpa do que você viveu, como se elas fossem as responsáveis pelos seus momentos ruins, e tudo vai ficando amargo – quem está do seu lado nesse momento da sua vida, é seu inimigo ou pode ser alguém que pode dar a mão e fortalecer para mais um passo?
E ainda a série nos presenteia com um balde de coerência, lealdade, cuidado por quem está junto com você e respeito pela vida. Valores que com certeza devem ser cultivados nos dias atuais. Reflita.