Quando a dor, a raiva e o luto são insuportáveis, a ponto de impedir a continuidade da vida, qualquer alternativa é válida para tentar superar os traumas do passado? Há cura para nossas culpas, que insistem em sempre gritar? Essas são as premissas condutoras da poderosa minissérie “Nove desconhecidos” (2021), disponível na Amazon Prime. Com um total de oito episódios, a narrativa é baseada no livro de mesmo nome (em inglês, “Nine Perfect Strangers”), escrito por Liane Moriarty, em 2018.
“A LISTA DE CONVIDADOS”, DE LUCY FOLEY, PROVA QUE REALMENTE CADA INDIVÍDUO É UM MISTÉRIO
A história segue a estadia de nove personagens, com personalidades absolutamente distintas, no spa-retiro Tranquillum House, comandado pela misteriosa Masha, lindamente interpretada por Nicole Kidman, também produtora da série.
O espectador acompanha inquieto a jornada de experimentações e lembranças da família Marconi, formada pelo casal Napoleon (Michael Shannon), Heather (Asher Keddie) e pela filha Zoe (Grace Van Patten), prestes a celebrar seus 21 anos. Tomada pela culpa, os Marconis buscam reavivar suas memórias nos tratamentos oferecidos por Masha e sua equipe. Juntam-se a eles o casal Jessica (Samara Weaving) e Ben (Melvin Gregg), sortudos que ganharam na loteria, mas não têm a mínima ideia de como manter a paixão acesa.
A escritora de romances Francis (a sempre impecável Melissa McCarthy) também busca uma resolução para seus problemas no retiro, após ter sido vítima de um golpe amoroso e financeiro, além de ver sua carreira de escritora despencar. Logo de início, Francis começa a ter atritos com outro hóspede, Tony (Bobby Cannavale), ex-jogador de futebol americano viciado em álcool e narcóticos.
Completam os “nove desconhecidos” o misterioso Lars (Luke Evans), jornalista recém-separado de seu companheiro, e a aparentemente pacífica dona-de-casa Carmel (Regina Hall). Nem sempre em consonância com os métodos nada convencionais de Masha, os funcionários do spa, Delilah (Tiffany Boone) e Yao (Manny Jacinto), compõem o rol de personagens.
Além do roteiro afiado, escrito por David E. Kelley e John Henry Butterworth, a minissérie tem atuações belíssimas de todo o elenco, que formam uma mistura certeira de drama, sagacidade e melancolia. Temas como o vício em tecnologia, a depressão e o luto vem à tona em ganchos bem conduzidos no roteiro. Ao final dos oito episódios, o espectador sai com a certeza de que, para certas ações e comportamentos, não há redenção possível. Assista ao trailer:
