VOCÊ JÁ ESCUTOU FALAR EM GENUINFLUENCERS E DESINFLUENCERS?

CABE A NÓS, CONSUMIDORES E SEGUIDORES, QUESTIONARMOS PRÁTICAS DUVIDOSAS E DEIXAR DE SEGUIR ESSES INFLUENCIADORES TÓXICOS
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13.09.2021

Divulgação / Reprodução

A internet, assim como marketing, tende a acompanhar a mentalidade de cada época e geração. E com os influencers, também chamados de creators (criadores de conteúdo), isso não é diferente. Quando os criadores de conteúdo surgiram, ganharam força por serem pessoas comuns, afinal, estávamos cansados de um mundo inatingível esbanjado pelas celebridades, no início do século XXI. Porém, ao longo da segunda década desse mesmo século, vimos alguns influencers ganharem força e dinheiro, onde pessoas que antes tinham uma vida anônima passaram a compartilhar o mesmo estilo de vida das celebridades do começo do século XXI, antes criticado, porém, com uma roupagem muito perigosa inconscientemente (a audiência pode pensar “se ele faz assim, eu também posso fazer, pois ele saiu do mesmo lugar que eu”).

OPINIÃO – A ERA DOS INFLUENCIADORES QUE NÃO INFLUENCIAM EM NADA

Influencers que mostram uma vida perfeita e que vendem produtos sem um contexto, os quais muitas vezes mostram um life style inalcançável, fotos cheias de filtros, viagens e roupas caras. As Kardashians surgiram nesse contexto de luxo, ostentação, fotos belas e retocadas por aplicativos. Eu sempre falo em minhas aulas e mídias sociais sobre marketing voltado ao século XXI, onde o conceito atual de marketing é satisfazer necessidades e desejos de todos os stakeholders (parceiros de negócio), por meio de produtos e serviços, entregando valor superior ao do concorrente.

Ou seja, de nada adianta fazermos um produto que se diz milagroso e maravilhoso, sendo que este prejudica o meio ambiente, faz mal à saúde das pessoas, e o pior de tudo, distorce o conceito de beleza para sociedade, ao enaltecer um único padrão de corpo (o magro), fazendo com que pessoas botem em risco suas vidas, em nome de um padrão estético inalcançável.

A boa notícia é que esse tipo de influencer está com os dias contados, dando espaço para um novo criador de conteúdo: o Genuinfluencer. Esse termo foi cunhado pela consultoria WGSN (Worth Global Style Network), para descrever estrelas da mídia social que usam suas plataformas além da colocação de produtos, usando suas mídias para divulgar informações importantes que podem manter as pessoas informadas.

“INFLUENCIADORES DA VIDA REAL” CHAMA ATENÇÃO PARA PROBLEMÁTICA DA FAVELA

Está se tornando cafona, ou melhor, cringe, ser muito aspiracional. As pessoas, principalmente a Geração Z, querem seguir pessoas que sejam de verdade, mais autênticas, que criem um conteúdo que de fato agregue na vida das pessoas. Foi-se o tempo em que as marcas e influencersconseguiam enganar seus consumidores e estes não tinham informação na palma de suas mãos.

Logo, cabe a nós, consumidores e seguidores, questionarmos práticas duvidosas e deixar de seguir esses influenciadores tóxicos (desinfluencers), afinal, a grande moeda de troca que estes profissionais possuem são a sua audiência e engajamento.

Nesse setembro amarelo, convido nós, seguidores a refletir: será que estamos criando monstros, dando palco para pessoas despreparadas ganharem o mundo e disseminarem conteúdos que prejudicam a vida das pessoas? Antes de seguir alguém e suas dicas, sempre questione se aquela pessoa estudou para isso e se perguntem se o conteúdo dessa pessoa pode fazer mal a outras. Isso é o que chamamos de detox nas mídias. Pergunte-se também: será que seguir essa pessoa faz bem para minha vida? O que essa pessoa contribui para sociedade? Será que ela me ensina, eu me sinto bem ou mal vendo seu conteúdo?

Portanto, nota-se que as marcas e agências que trabalham para elas estão deixando cada vez mais de contratar pessoas para fazerem publipost apenas pela quantidade de seus seguidores e passam a refletir se essa pessoa sabe o que de fato está falando e se faz mal a audiência. Afinal, não adianta nada a “dona marca” se dizer preocupada com causas sociais, engajada na luta por equidade e pelo meio ambiente e apoiar o desinfluencer (influencer tóxico, que cria conteúdo nocivo e mentiroso a sua audiência), dando palco às pessoas despreparadas, que fazem de tudo, em nome do dinheiro.

ECONOMIA PRATEADA E O CONSUMIDOR MADURO: VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA ESSA TENDÊNCIA?

As marcas e as agências estão dando mais oportunidade aos pequenos influenciadores, que geram conteúdo de qualidade e que realmente engajam sua audiência, que constroem suas pautas com embasamento científico, humor e vivência de verdade, difundindo de fato a diversidade e falando com propriedade sobre assuntos que enriqueçam o conhecimento de sua audiência.

Deste modo, empreendedor, nota-se que há um movimento de fazer parcerias com influencers que, embora não tenham milhões de seguidores, conseguem ter uma linguagem muito mais verdadeira, autêntica e próxima de seu público.

Essa decisão tem impacto até na distribuição de renda, afinal, ao invés de concentrar o budget na mão de um desinfluencere prestar um desserviço à comunidade, as marcas podem contratar vários pequenos influenciadores e auxiliá-los a crescer e levar informação de qualidade para sua audiência, coisa que já fazem, mas que muitas vezes precisam de um “empurrãozinho” monetário, pois criar conteúdo dá trabalho e muita gente boa desiste ao longo do caminho, por falta de apoio.

Ao influencer que está começando agora: note que você não precisa se vender por pouco, para empresas que não tenham sinergia com a sua marca, depois fica muito mais difícil limpar a sua imagem, do que o “não” dito antes de fechar o job. Tenha embasamento nas coisas que diz e pense que sua audiência pode ser muito impactada por suas falas. Tenha paciência: não cresça de qualquer jeito e nem compre seguidores; pense sempre na qualidade e engajamento de suas postagens, não na quantidade de pessoas que te seguem.

Trabalhe sempre com um propósito enriquecedor, use o Golden Circle de Simon Sinek para entender como você está agregando valor com o seu conteúdo e negócio.

O que me deixa feliz e esperançosa é que há uma grande tendência das pessoas deixarem de consumir conteúdo de pessoas que se vendem como inalcançáveis e que prestam um desserviço à sociedade, e passarem a consumir mais conteúdo de pessoas que sejam “gente como a gente”, que mostrem suas vulnerabilidades, que contribuam para o crescimento pessoal e profissional das pessoas. Esse novo perfil de creators cai em nossas graças, devido às mídias sociais como Tik Tok e as exigências da Geração Z.

Além do mais, essa tendência dos genuinfluencerscasa-se muito bem com a tendência da diversidade e inclusão, que permanecerá firme e forte até 2030, de acordo com a Euromonitor. Portanto, vou descrever alguns grandes genuinfluencers que são inspiradores e que produzem conteúdo de qualidade que nos faz refletir e crescer, ao mesmo tempo em que nos diverte e nos educa.

Pequena Lo: Lorrane Silva, natural de Araxá (MG), formada em psicologia, é uma humorista que, por meio dos seus vídeos, leva alegria e humor, mas também levanta naturalmente a bandeira representatividade quando se trata dos deficientes, focando na aceitação e mostrando que mesmo com as limitações, todos podemos sim alcançar os objetivos e realizar os sonhos.

Laura Seraphim: criadora de conteúdo gente como a gente. Nascida e criada em Sorocaba, interior de São Paulo, é uma jovem de 21 anos que começou a fazer sucesso com vídeos no TikTok. Rapidamente, seus bordões “pique bandida”, “sou muito debochada” e “vou falar com meus amigos do terceiro”  também caíram nas graças da rede social ao lado, o Twitter. Atualmente, Laura sabe fazer as publis mais engraçadas da internet. Eu mesma tenho gosto de assistir, morro de rir, pois o roteiro e o contexto são muito bons e engraçados. A parceria que ela fez com a Multilaser é sensacional.

Alexandra Gurgel: é formada em Jornalismo pela PUC-Rio e, depois de dez anos atuando na área, decidiu empreender. Foi assim que criou seu canal no Youtube, o Alexandrismos. Influencer aborda assuntos importantes, como gordofobia e corpo livre.

Avós da Razão: Gilda, 79 anos, Sônia, 83, e Helena, 93, possuem mais de 141 mil seguidores somente no Instagram sendo exatamente quem são: amigas há cinco décadas, sem papas na língua, compartilhando experiências de vida, falando sobre sexualidade, drogas e trabalho em suas mídias sociais. Vale muito a pena acompanhar. Sou muito fã e aprendo demais todas as vezes que tenho contato com o conteúdo delas.

Dona Dirce: tem 73 anos e acumula milhares de seguidores no Instagram. A vovó influencer, com a ajuda da neta, conquistou várias pessoas com fotos inusitadas e sensuais. Já fez parceria com diversas marcas, dentre elas a marca de lingeries Hope. Um banho de elegância e vivacidade.

Nath Finanças: a carioca de Nova Iguaçu (RJ) ensina sobre finanças pessoais ao público de baixa renda, por meio da sua vivência e experiências.

Maíra Medeiros: é uma youtuber brasileira que além de seu próprio canal, o Nunca Te Pedi Nada, é jurada fixa do Corrida das Blogueiras, quadro do canal Diva Depressão. Fala de Humor, Feminismo, Corpo Livre e assuntos muito atuais, de uma maneira única, lúdica e lúcida.

Nátaly Nery: formada em Ciências Sociais pela USP, fala sobre negritude, racismo estrutural, veganismo e assuntos fundamentais para entender sobre o movimento LGBTQIA+.

Spartakus Santiago: natural de Salvador, aborda assuntos sobre divas pop, racismo estrutural e o movimento LGBTQIA+.

Matando Matheus a Grito: humor único, sobre cotidiano e coisas que os brasileiros fazem. Sou apaixonada pela edição de seus vídeos, que são divertidíssimos. O slogan desse canal no Youtube, pertencente ao Matheus e Guigo, é “fazer você rir de nervoso, para não chorar de desespero”. Adoro.

Diva Depressão: um dos maiores canais do Youtube de cultura pop do Brasil, com humor sobre divas pop, cultura brasileira, de maneira única e irreverente. Os donos são Edu e Fiih, sempre com humor ácido, sarcasmo, deboche e diversão.

Rita von Hunty: drag queen que fala sobre história, filosofia e sociologia.

Soltos S/A: canal que dialoga sobre os anseios de uma vida solteira.

Gabi Oliveira: aborda sobre racismo estrutural, negritude e adoção.

Desinfluencer: Pri Rezende faz denúncia dos desinfluencers em seu Instagram, nos alertando a toxicidade do material produzido por uma galera que divulga o “life style” perfeito nas mídias e que divulgam/ fazem publis de maneira equivocada e sem embasamento teórico.

Nota-se, assim, que há muita gente boa criando conteúdo nesse mundo: cabe a nós, consumidores, empreendedores, profissionais do marketing, agências e marcas, darmos visibilidade às pessoas certas. Consumir melhor (conteúdo) está em nossas mãos. Que setembro amarelo te faça refletir sobre a qualidade do conteúdo que você consome e das parcerias saudáveis que a sua marca faz. Por um mundo com mais criadores de conteúdo de qualidade, e menos desinfluencers.

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