ÍCONE E ATIVISTA LGBTQIA+, KAKÁ DI POLLY MORRE AOS 63 ANOS, EM SÃO PAULO

A DRAG QUEEN FOI A RESPONSÁVEL PELO ANDAMENTO DA PRIMEIRA PARADA DO ORGULHO GAY DA CIDADE
}

24.01.2023

Reprodução / Paulo Vitale

“Digam que a dona da cidade chegou”, entoava a drag queen Kaká di Polly ao chegar em qualquer lugar para ganhar a atenção de todos. Com 44 anos de carreira, formada em psicologia, a personagem criada por Carlos Alberto Pollycarpo, foi e sempre será referência no ativismo do público LGBTQIA+. Sua atitude de deitar no asfalto da Avenida Paulista, em 1997, na primeira edição da Parada do Orgulho Gay de São Paulo, impedindo que a polícia militar barrasse a realização do evento, que mais tarde se tornaria o maior do mundo, foi um marco para a comunidade.   

APÓS QUATRO MESES FECHADO POR DECISÃO JUDICIAL, MUSEU DA DIVERSIDADE SEXUAL REABRE COM A MOSTRA “DUO DRAG”

Greta e Vaca Morgana foram os nomes adotados antes do furacão di Polly se tornar o que todos conhecem atualmente. Com um visual extravagante e fora dos padrões impostos, Kaká se destacou por sua personalidade e ativismo em defesa da população LGBTQIA+. Um dos maiores ícones da noite paulistana estava internado desde o dia 19 de janeiro, por conta de uma dor lombar, dias depois sofreu uma queda, e ao fazer uma ressonância teve uma parada cardíaca, os médicos tentaram reanimá-la, mas infelizmente a artista veio a óbito, nesta última segunda-feira (23), aos 63 anos, em São Paulo.

A drag queen foi convidada a integrar a exposição “Duo Drag” e o livro “Drags”, projeto criado pelo fotógrafo Paulo Vitale. “Quando eu estava produzindo o livro, queria trazer a Drag Queen mais antiga em atuação para o projeto. Era Kaká. Ela apareceu no estúdio e disparou uma lista de colegas que deveriam estar no projeto. Simplesmente decretou que eu as incluísse. Ligou na minha frente para algumas e ordenou suas participações. Todas obedeceram e eu também”, relembrou Vitale.

A exposição aconteceria no Museu da Diversidade Sexual, em São Paulo, mas na véspera da estreia da mostra, o local foi fechado por ordem judicial, devido a uma ação movida por um deputado estadual que questionou as Contas da Organização Social Instituto Odeon, responsável pelo espaço. Kaká di Polly participou ativamente das manifestações contra o fechamento do espaço, quatro meses depois, o museu estava reaberto, e então o evento foi realizado com sucesso.

“Kaká oferece 150 quilos de alegria e é considerada, pela mídia e por muitos, ‘A Dona da Cidade’. Amada e cultuada por nomes da noite paulista, brasileira e internacionalmente reconhecida como uma das figuras mais marcantes do cenário LGBTQIA+ do Brasil, Kaká esteve presente em todos os anos da Parada Gay de São Paulo e foi peça fundamental para que a primeira edição vingasse em 1997”, escreveu Paulo Vitale em sua rede social.

MÁRCIA PANTERA: “SER NEGRO E GAY NO BRASIL É SER HUMILHADO, PISOTEADO E ASSASSINADO”

Artistas da noite paulistana lamentaram a morte da drag queen em suas redes sociais. “Suas palavras ecoam até hoje em meus ouvidos! Obrigada por ter convivido com você em um tempo que a noite ainda era divertida e múltipla! Obrigada pelas ligações repentinas sempre com alguma novidade ou notícia”, desabafou a atriz e humorista Nany People.

“Além de toda sua importância para a comunidade LGBTQIA+, Kaká nos mostrou que uma drag gorda poderia ser admirada. E ela foi. Me lembro no começo de minha carreira dela dizendo: “Até que enfim apareceu uma gordinha pra abalar”. Ela sempre foi muito gentil e carinhosa comigo. Se hoje drags gordas como eu e tantas outras ocupamos um espaço na noite gay, devemos muito a Kaká Di Polly”, ressaltou a drag queen Thalia Bombinha.

“A dor do luto não tem uma data para acabar, mas é possível confortar o coração com as boas lembranças que ficaram. Kaká faz parte da história e assim será lembrada por todos nós. Meus sentimentos aos familiares”, lamentou Salete Campari.

O velório e o sepultamento aconteceram nesta terça-feira (24), em São Paulo. A artista deixa seu companheiro.

Sua notícia no Pepper?

Entre em Contato

Siga o Pepper

Sobre o Portal Pepper

O Pepper é um portal dedicado exclusivamente ao entretenimento, trazendo ao internauta o que há de mais importante no segmento.

Diferente de outros sites do estilo, no Pepper você encontrará notícias sobre música, cinema, teatro, dança, lançamentos e várias reportagens especiais. Por isso, o Pepper é o portal de entretenimento mais diversificado do Brasil com colunistas gabaritados em cada editoria.