“Spencer”, atualmente nos cinemas, retrata uma passagem da vida de Lady Di e mostra alguns looks marcantes que a princesa usava – um deles, o vestido de casamento, traz para mim lembranças especialmente significativas.
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Com a proximidade da aguardadíssima premiação do Oscar em 27 de março – que promete voltar ao glamour pré-isolamento social – a atenção mundial, claro, se volta para os filmes e artistas indicados. E entre as atrizes que concorrem à estatueta dourada, uma em especial recebe a sua primeira indicação nesta 94ª edição da premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas: Kristen Stewart, por seu papel em “Spencer”, em que interpreta Diana Spencer, a frágil Lady Di, a Princesa do Povo.
O páreo é duro, afinal, as consagradas Nicole Kidman, Jessica Chastain, Olivia Colman e Penélope Cruz são as suas concorrentes. A crítica especializada, no entanto, tem aplaudido de pé a atuação de Stewart, que deixa definitivamente para trás a personagem adolescente que a consagrou há mais de uma década: Bella Swan, a protagonista da saga “Crepúsculo”.
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Com sotaque britânico, a atriz natural de Los Angeles consegue compor uma Princesa Diana em grande angústia durante as festas de Natal da família real na propriedade rural de Sandringham, no Condado de Norfolk, Inglaterra, no início dos anos 90. Uma vez que seu relacionamento com o Príncipe Charles está cada vez mais conturbado e o casamento começa a desabar, Lady Di sofre com distorções da realidade, alucinações e bulimia.
O tom de “fábula” proposto pelo diretor chileno Pablo Larraín intenciona trazer à tona as questões psicológicas de uma mulher traída e exausta pelos protocolos reais. O filme incorpora, com liberdade poética – ou seria melhor dizer, com certo suspense – situações e emoções que possivelmente poderiam ter ocorrido com Diana. Todo esse clima é um tanto abstrato e se contrapõe com a veracidade do figurino – fielmente executado à imagem da Princesa de Gales.
De acordo com a figurinista Jacqueline Durran não foram usadas cópias de roupas da Princesa, e sim o estilo dela. E entre os vários looks icônicos desfilados por Kristen/Diana na telona, dois são dignos de menção. Um deles é um belíssimo vestido longo para a noite, criado por Karl Lagerfeld para a Chanel no ano de 1988 e refeito para o longa-metragem. Executado em organza bege e todo bordado, o modelo com laço e detalhes em tule é uma verdadeira joia da alta-costura.
O segundo traje, utilizado em uma cena de flashback, tem um significado histórico ainda mais relevante, levando em consideração o motivo pelo qual ele foi elaborado: é o vestido do casamento de Diana Spencer com o Príncipe Charles, em julho de 1981. Confeccionado pelos estilistas ingleses Elizabeth e David Emanuel em tafetá de seda e renda, bordado com 10 mil pérolas e com uma cauda de 7,6 metros, foi inspirado no estilo Vitoriano e teve colaboração direta de Lady Di. É quase um monumento, que evoca aquele momento em que países do mundo todo pararam para ver o enlace promissor dos príncipes. Em uma época sem internet, foram 600 milhões de pessoas que acompanharam ao vivo as imagens televisionadas. O acontecimento da década! E eu lembro bem, pois ainda menina, acordei cedo em Porto Alegre (por conta do fuso horário) naquela manhã fria de 29 de julho para assistir, com a minha avó materna – uma admiradora da realeza britânica – o casamento de conto de fadas, que infelizmente não durou.
E a última e importante curiosidade é que, na verdade, o vestido usado no filme é uma réplica perfeita do verdadeiro vestido da Princesa Diana – que está preservado a sete chaves e tive a oportunidade de conhecer pessoalmente na Mansão Althorp, a propriedade onde Lady Di passou a infância e onde está sepultada, na área de Northampton, ao norte de Londres. Imponente, mas com a alvura que remete à inocência, sonho e romance, o lindo vestido de noiva da princesa é a cereja do bolo no cinema, na residência da família Spencer há mais de 500 anos, e na lembrança e carinho dos eternos súditos da Princesa do Povo. Assista ao trailer:
