Afonso Henrique de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de maio de 1881, exatamente sete anos antes da abolição da escravatura no Brasil . O jornalista e escritor é conhecido como a voz mais crítica da literatura brasileira ao combater o preconceito racial e a discriminação social do negro no país.
De origem humilde, porém com um nível cultural reconhecido, contou com a proteção e ajuda de Visconde de Ouro Preto, político da época, que o auxiliou a ingressar no curso de Engenharia, algo improvável para alguém com as suas origens. Contudo, após algumas ocorrências familiares, Lima precisou abandonar a faculdade para amparar a família. Os episódios em sua vida pessoal acabaram influenciando muito o estilo do escritor que, embora seja considerado uma espécie de patrono dos autores boêmios e rebeldes, deixou obras literárias dignas de grande admiração.
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Lima Barreto escreveu ao todo 19 livros, entre eles “Cemitério dos Vivos” – livro póstumo e inacabado, “Clara dos Anjos” – obra póstuma, e o seu romance mais famoso – “Triste Fim de Policarpo Quaresma”. O livro fez tanto sucesso que em 1998 ganhou uma adaptação para o cinema. E para você conhecer um pouco mais sobre a história e obras de Lima Barreto, a BibliON – biblioteca gratuita do estado de São Paulo separou, gratuitamente, quatro obras do autor. Confira abaixo:
Contos completos de Lima Barreto
A importância de Lima Barreto (1881-1922) na literatura brasileira tem sido objeto de sucessivas reavaliações. A oralidade despojada de seus textos e o tom memorialista e de crônica jornalística foram duramente criticados por contemporâneos como José Veríssimo e, ao mesmo tempo, serviram de atrativo para as vanguardas modernistas. Embora tenha morrido cedo, aos 41 anos, Lima Barreto deixou uma importante produção de romances, crônicas e contos. Com organização, introdução e notas de Lilia Moritz Schwarcz, esta edição reúne os 149 contos do autor, resgatados por meio de pesquisas em manuscritos, edições originais, jornais e revistas da época. Tanto os contos menos conhecidos quanto alguns mais famosos, como “A Nova Califórnia” e “O Homem que Sabia Javanês”, ressaltam o aspecto autobiográfico que, segundo a organizadora, perpassa toda a carreira de Lima Barreto.
Testemunha ocular das convulsões políticas e sociais da República Velha, Lima Barreto foi um dos primeiros escritores a assumir sua negritude no Brasil. Ativista simpático ao anarquismo, descendente de escravos e protegido do Visconde de Ouro Preto, inseriu-se no mundo intelectual, mas foi considerado um escritor de segunda categoria. Análises posteriores, como a do professor Antonio Candido, diriam que Lima Barreto é um autor “vivo e penetrante”. E sua inclusão tardia no cânone dos grandes ficcionistas da língua portuguesa seria apenas uma das muitas contradições que caracterizaram sua vida e obra. Ao rever sua produção literária cem anos depois da publicação de “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”, seu primeiro romance, o que vemos é o gênio rebelde eternizado pela fúria quixotesca de Policarpo Quaresma e nas manifestações mais livres e reveladoras de seus contos.
Box Lima Barreto – Obra Reunida
Lima Barreto foi, entre nós, o primeiro a realizar uma literatura militante contra as injustiças sociais e os preconceitos de raça, de que ele próprio foi vítima. Considerado um crítico virulento dos vícios e corrupções da sociedade e da política de sua época, produziu uma obra vasta, que abarca os mais variados estilos. Neste box, que agora ganha uma 2ª edição revista, reunimos todos os seus romances, uma significativa seleção de seus contos e crônicas, os “Diários”, “O íntimo e o do hospício”, o inacabado “Cemitério dos Vivos”, romance baseado nas experiências passadas no hospital de alienados, suas três narrativas satíricas, “Aventuras do Dr. Bogoloff”, “Os Bruzundangas” e “Coisas do Reino de Jambon” e ainda o folhetim “O Subterrâneo do Morro do Castelo”, em que o autor, a serviço de O Correio da Manhã, misturou jornalismo e ficção para retratar a derrubada parcial do Morro do Castelo, empreendida por Pereira Passos em 1905. Os volumes contam ainda com apresentações de Francisco de Assis Barbosa, Miguel Sanches Neto, Oliveira Lima, João Ribeiro, Monteiro Lobato, Eliane Vasconcellos, Lêdo Ivo e Otto Maria Carpeaux.
Os contos de Lima Barreto (1881-1922) já mostram algumas características do conto moderno da literatura brasileira, entre elas a simplicidade e a objetividade. Este audiolivro contém alguns de seus principais contos, todos eles marcados pela observação crítica da sociedade e dos costumes de sua época, mostrados com humor e ironia. Inclui os contos: “O Homem que Sabia Javanês”, “Um Especialista”, “Adélia”, “Uma Vagabunda”, “Sua Excelência”, “Lívia”, “Um e Outro”, “Harakashy e as Escolas de Java” e “Cló”.
Lima Barreto – Triste visionário
Prêmio APCA 2017 de melhor biografia “Em Monumental Biografia de Lima Barreto”, Lilia Moritz Schwarcz investiga as origens, a trajetória e o destino do escritor carioca sob a ótica racial no Rio de Janeiro da Primeira República. Durante mais de dez anos, Lilia mergulhou na obra de Afonso Henriques de Lima Barreto para realizar um perfil biográfico que abrangesse o corpo, a alma e os livros do escritor de “Todos os Santos”. Esta, que é a mais completa biografia de Lima Barreto desde o trabalho pioneiro de Francisco de Assis Barbosa, lançado em 1952, resulta da apaixonada intimidade de Schwarcz com o criador de Policarpo Quaresma – e de um olhar aguçado que busca compreender a trajetória do biografado a partir da questão racial, ainda pouco discutida nos trabalhos sobre sua vida.
Abarcando a íntegra dos livros e publicações na imprensa, além dos diários e de outros papéis pessoais de Lima Barreto, muitos deles inéditos, a autora equilibra o rigor interpretativo demonstrado em Brasil: “Uma Biografia” e “As Barbas do Imperador” com uma rara sensibilidade para as sutilezas que temperam as relações entre contexto biográfico e criação literária. Escritor militante, como ele mesmo se definia, Lima Barreto professou ideias políticas e sociais à frente de seu tempo, com críticas contundentes ao racismo (que sentiu na própria pele) e outras mazelas crônicas da sociedade brasileira. Ilustrado com fotografias, manuscritos e outros documentos originais, “Lima Barreto: Triste Visionário” presta um tributo essencial a um dos maiores prosadores da língua portuguesa de todos os tempos, ainda moderno quase um século depois de seu triste fim na pobreza, na doença e no esquecimento.