Há algumas semanas, tive a oportunidade de ver a cantora Marina Sena se apresentando em um dos palcos do Lollapalooza, um dos maiores festivais de música internacional efetuados no Brasil. Para quem não conhece, Marina Oliveira Sena, é uma cantora e compositora brasileira, de 24 anos, nascida na cidade de Taiobeiras, Minas Gerais, cidade pequena do norte mineiro. Tornou-se sucesso nacional e furou a bolha das pessoas que gostam de Nova MPB, após lançar seu álbum de estreia “De Primeira”, quando o single “Por Supuesto” ganhou notoriedade nas mídias sociais, principalmente no Tiktok.
MARCAS E AGÊNCIAS – AINDA PRECISAMOS DEBATER SOBRE O “CASO MONARK”
Outro grande fenômeno nas mídias sociais é Iran Ferreira, conhecido como “Luva de Pedreiro”, jovem baiano, de 20 anos, trabalhador rural e família muito humilde, que faz golaços, num campinho de terra, gritando os bordões “Receba” e “Graças a Deus”. Após viralizar seus vídeos, teve a oportunidade de conhecer pessoalmente seu ídolo, Neymar, visitou o Vasco, clube do coração, e viu grandes estrelas mundiais compartilharem suas postagens e usarem seus bordões.
“Botei o vídeo de noite e, quando acordei, 30 milhões de visualizações no TikTok”, afirma o influencer, ao dar entrevista ao Esporte Espetacular. O que no começo era criticado nas mídias (olha essa luva rasgada e velha), virou sua marca registrada. Iran alega que as luvas foram inspiradas nos jogadores de clube europeu, que trabalham em inverno rigoroso.
Além do mais, Iran alega que seus amigos foram os grandes influenciadores para que ele continuasse gravando os vídeos e postasse na internet, vídeos estes que já foram assistidos e compartilhados pelo filho de Cristiano Ronaldo, Nenê, Richarlison, os alemães Serge Gnabry e Kimmich, e até mesmo o jornal espanhol Marca.
Não sei vocês, mas eu acho lindo ver o poder que a internet, principalmente o Tiktok, possui em dar visibilidade a tantos jovens talentos, que passam por tantas dificuldades e ganham o mundo, muitas vezes dando uma qualidade de vida melhor às suas famílias.
Nota-se, portanto, que o Tiktok deixou de ser uma mídia social apenas de dancinhas e passou a ser uma ótima plataforma não somente para entretenimento, mas também para divulgar uma marca, produto ou serviço, com uma linguagem própria dessa rede.
De acordo com o autor da ‘Bíblia do Marketing Digital’, Cláudio Torres, existem sete estratégias de marketing digital que podem ser adotadas pela empresa, as quais são: marketing de conteúdo, marketing nas mídias sociais, e-mail marketing, marketing viral, pesquisa online, publicidade online e monitoramento.
Sabe-se que as mídias sociais são utilizadas primeiramente para gerar relacionamento com o público, para depois a empresa estabelecer uma possível venda, afinal, muitas pessoas buscam as mídias sociais como uma forma de entretenimento.
A partir do momento que uma empresa utiliza suas mídias sociais de maneira estratégica, entendendo profundamente seu público-alvo e a dinâmica de criar relacionamento, esta inicia o processo de criar conteúdo de qualidade nas mídias, o que chamamos de Marketing de Conteúdo.
A empresa, ao aproveitar os assuntos do momento, como o Luva de Pedreiro, para viralizar seu conteúdo nas mídias, utiliza-se de uma estratégia denominada como Marketing Viral.
GIL DO VIGOR E SUAS LIÇÕES SOBRE BRANDING DE EMPRESAS (E MARCA PESSOAL)
Logo, o marketing viral é o conjunto de ações de marketing digital que visam criar repercussão, o chamado buzz, boca a boca, ou no caso da internet Wom (word of mouth, palavra na boca, em tradução literal) uma grande repercussão da sua mensagem de uma, para milhares ou milhões de pessoas.
É uma poderosa ferramenta que permite atingir muitas pessoas na internet, e propagar a mensagem da empresa. De acordo com Torres, o marketing viral envolve criatividade, e um bom conhecimento dos valores e do comportamento do seu consumidor.
As ações virais geradas criam exposição da marca, e para as pequenas empresas pode ser uma grande ferramenta de divulgação na internet, criando um diferencial competitivo, desde que o conteúdo tenha sinergia com o público-alvo.
Logo, o Marketing Viral deve ser:
Funcional: O uso do produto ou serviço leva ao efeito viral;
Pessoal: A pessoa tem algum interesse pessoal imediato;
Emocional: A pessoa sente uma emoção, positiva ou negativa, forte e por isso manda a mensagem para outras pessoas.
Sendo assim, uma típica campanha promocional nas redes sociais não gera efeito viral algum, contudo, uma campanha onde quem ganha é quem trouxer mais visitas, ou cadastros, ao site da campanha, utiliza uma motivação pessoal forte, e pode criar um efeito viral.
Portanto, dentre as mídias sociais mais virais da atualidade encontra-se o Tiktok, sabe por quê? Por conta dos filtros de seus algoritmos.
Enquanto o Instagram entrega o conteúdo de uma empresa para cerca de 5 a 10% dos seguidores, afinal, a mídia quer que você pague para alcançar mais seguidores, o Tiktok não possui esses filtros, sendo a rede queridinha dos influencers e ganhando o coração das marcas.
Além do mais, enquanto uma postagem dura em média 11 horas no Instagram, ela pode durar no Tiktok cerca de 3 a 6 dias. Outra excelente notícia é que todos na rede social, independentemente do tamanho, têm chance de viralizar, pois a plataforma foca no conteúdo, não na quantidade de seguidores.
Outro ponto importante é que o Instagram distribui seu conteúdo na aba “Explorar” (para pessoas que não te seguem), só se nas primeiras horas de postagem o conteúdo da empresa tiver bastante engajamento (curtidas, compartilhamentos, comentários e, principalmente, conteúdo salvo).
Já o Tiktok, na aba “For You”, costuma compartilhar o conteúdo de uma marca para 7% das pessoas que não têm relação com o conteúdo compartilhado (por exemplo, eu não sigo nada de futebol, mas o Luva de Pedreiro pode aparecer para mim, como algo aleatório) e 93% do conteúdo aos usuários que tenham sinergia com o algoritmo e hashtags.
Seguem algumas dicas da Youpix para empresas começarem a terem melhores resultados no Tiktok:
Tenha uma bio que represente você (estilo o Instagram – com propósito e relação com o que sua marca faz e vende); são primordiais, portanto, pesquisar:
* que estão usando muito no momento
* que seu concorrente usa
* que seu nicho gosta
* que tenha a ver com seu negócio/vídeo
– Porém, use no máximo três, não use caracteres especiais, sinergia da hashtag com o conteúdo postado;
– Músicas são fundamentais: 52% dos usuários assistiram conteúdo de dublagem ou som original na mídia;
– Use música alinhada com seu conteúdo: fique sempre de olho nas trends e dê o seu toque;
– Adequar os challengesda plataforma ao seu conteúdo e usuário;
– Duetos são importantes para visualização da rede;
– Lives também ajudam no engajamento, mas você só conseguirá obtê-la quando alcançar a partir de mil seguidores;
– Horário de maior engajamento dos 200 principais perfis: quinta e sexta (18h), mas no domingo é onde possui mais visualizações. Porém, depende do seu perfil (adote a conta PRO, para ter as métricas e audiência);
Resumindo:
– Crie conteúdo criativo e autêntico na plataforma;
– Use os recursos do App;
– Fique atento às trends.
Seguem algumas dicas do Cláudio Torres, para você aproveitar melhor o marketing viral em sua empresa ou marca:
– Entenda seu avatar, seus desejos, suas necessidades, seus medos e dores;
– Para postagens virais: acompanhe os memes do momento (utilize oGoogle Trendspara pesquisar);
– Faça um brainstorming com cinco pessoas para pensar as ações que serão executadas. Use a criatividade.
– Pesquise no Google e nas redes sociais três ações virais feitas para nichos semelhantes ou próximos ao que você pretende atingir.
– Para vídeos, entenda o seu avatar e faça algo sobre algum assunto que o toque emocionalmente;
– Distribuir gratuitamente produtos e serviços que tenham valor e utilidade ao consumidor (conteúdo, promoção ou brinde de qualidade, desde que esteja dentro das regras legais, afinal, promoção é caracterizada como um jogo de sorte ou azar, e deve ser regulamentada por um órgão responsável, como a Caixa Econômica Federal);
– Oferecer um meio sem esforço de envio do conteúdo para os outras pessoas;
– Ser facilmente escalável e mensurável do pequeno para o muito grande;
– Explorar motivações e comportamentos comuns;
– Utilizar redes de comunicação já existentes (e-mail, mídia sociais e criadores de conteúdo);
– Aproveitar recursos de terceiros (pesquisar micro e nano influencers – pessoas que têm o perfil de compartilhar as coisas e que engajam bem seu público, mesmo tendo poucos seguidores);
– Teste antes de ir para o ar. Produza com atenção e detalhes.
Uma questão muito importante que eu queria alertar sobre Marketing Viral: tome cuidado com o conteúdo que vai viralizar. Fico muito preocupada quando uma pessoa, como o mendigo de Planaltina, Givaldo Alves, começa a crescer nas mídias sociais, em cima de uma tragédia, já que este transou com uma personal trainer que estava tendo um surto e está internada em clínica psiquiátrica (até o presente momento).
Será que a sua marca (pessoal e profissional) tem sinergia com essa fatalidade? Lembre-se que ao abrir e compartilhar esse tipo de conteúdo em qualquer mídia social, pode ser considerado um ato criminoso, já que você está expondo intimidade de outra pessoa. Você gostaria que fosse com você? Você acha que sua marca vai vender mais, de maneira sustentável, ao fazer “marketing viral” com conteúdo de péssima qualidade e mal exemplo,por meio desse lamentável fato?
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Apenas parem de dar palco para pessoas que se aproveitam dessa situação, objetificam a vítima, ridicularizam o marido e enaltecem o macho “pegador”, tudo em nome de visibilidade e engajamento a qualquer custo. Isso não é marketing viral: é uma vergonha.
Ao invés do mendigo, aproveite para criar conteúdo com quem merece visibilidade, como Luva de Pedreiro e a Marina Sena, dentre outros que realmente merecem a atenção da sua empresa e marca (e que tenham sinergia com elas).
Esperava no século XXI andar com carros voadores, mas ainda é preciso pedir e lutar por uma internet muito mais humana e responsável.
