Mamonas Assassinas: 19 anos de saudades

Relembre a trajetória da banda que fez história
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02.03.2015

Divulgação

O auge do rock nacional já havia passado. Nomes como Raul Seixas e, posteriormente, bandas como Titãs, Legião Urbana, Ultraje a Rigor, Paralamas, Barão Vermelho, Camisa de Vênus e tantas outras já não encontravam na ditadura militar, já extinta, um alvo de protesto.

O país já respirava ares democráticos e se preparava para eleger, enfim, após anos, um novo presidente. Alguns candidatos já surgiam, é bem verdade. Tinha o candidato do povo, o da Rede Globo e até aquele que fez história. Corria o ano de 1989, o Brasil do governo Sarney, das várias moedas e dos vários planos econômicos não sabia que naquele ano, de crise, tristeza e esperança, alguns rapazes davam seus primeiros passos rumo a um sonho.

Um ano depois, o grupo intitulado Utopia, formado por Sérgio, seu irmão Rafael e por Bento, fazia um show de covers e o público teimava em pedir uma canção dos Guns n’ Roses. Espanto, desespero e preocupação se tornaram uma coisa só, já que eles não sabiam a letra. Eis que, no meio da multidão, a ousadia de um sujeito chamou a atenção. O jovem não só se ofereceu para cantar como subiu ao palco, sem pestanejar, e terminou o show como o mais novo vocalista da banda. Sim, se tratava de Alecsander Alves, mais tarde conhecido pela simples alcunha, no diminutivo que não diminuía o seu talento, o pequeno grande Dinho.

Por meio do novo integrante, o tecladista Júlio Risec agregou-se. A partir dali, Utopia, que se apresentava na periferia de São Paulo, percebeu que brincar nas apresentações agradava mais do que imitar qualquer banda mais famosa. Os garotos conheceram o produtor musical Rick Bonadio – que, ainda, produzia bons talentos – e gravaram duas músicas: Pelados em Santos e RoboCop Gay.

Depois disso, resolveram mudar o nome da banda, de Utopia para Mamonas Assassinas do Espaço. Com o tempo o Espaço no nome sumiu, porém os Mamonas Assassinas ganharam mais evidência.

Da gravação ao sucesso foi um pulo. O país inteiro os ouvia. Se num final de semana estava no Faustão, no outro o grupo aparecia no Gugu. Quando não ia ao Jô Soares, certamente, eles tinham passado no programa da Xuxa. Os Mamonas chegaram a fazer dois shows por dia, sete dias na semana. Chegou-se a vender 100 mil cópias de discos em 48 horas. Era um estrondo. Enquanto as crianças cantarolavam as famosas obras, os adultos voltavam a ser crianças.

mamonas assassinas

A banda se preparava para uma turnê internacional. Os integrantes iriam para a Europa. Portugal seria o primeiro destino. Os habitantes do velho continente, que hoje se esbaldam com Michel Teló, não tiveram a oportunidade de conhecer uma das grande revelações brasileiras, pois o que parecia infinito foi interrompido no dia 02 de Março de 1996, há exatos 19 anos. Em um acidente, a aeronave, que transportava o grupo de Brasília para Guarulhos, caiu na Serra da Cantareira, em São Paulo. Aquele som, que não era contestado, até porque se ouvia e curtia, não seria mais feito, produzido. Encerrava-se ali um ciclo.

Para muitos, os Mamonas Assassinas abriram um novo paradigma no cenário musical tupiniquim. O certo é que, após a morte deles, nenhum outro grupo tomou-lhes o lugar. O país que chorara a morte de um dos grandes ídolos, Ayrton Senna, dois anos antes, ficava órfão da diversão.

E o que restou foram os Mamonas na memória, nas risadas e no saudosismo. E talvez, com isso, parafraseando um gênio, eles tenham vencido até a morte.

Coisa cada vez mais rara.

Que saudade!

Por Alisson Matos

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