GINECOLOGIA NATURAL E O AUTOCONHECIMENTO

A PREVENÇÃO MAIOR ESTÁ EM CONHECERMOS MELHOR NOSSO CORPO E NOSSA ANATOMIA
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17.09.2021

Nature One

Conhecer-se. Nosso corpo tem caminhos, curvas, orifícios, fluxos e reações. Alguns caminhos se repetem, são semelhantes em muitos corpos, e é nessa reincidência que muitos estudos apontam para soluções de cura e tratamento. Agradecidas nos informamos e seguimos nos cuidados da medicina e seus avanços, mas será que é só isso?  

MULHER ALÉM DO ÚTERO: O PODER SOCIAL SE SENTE DONO DO NOSSO ORGÃO

Um estudo feito antes da pandemia pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia mostrou que quase 6 milhões de mulheres não costumam ir à ginecologista e 4 milhões não tiveram o primeiro atendimento. As causas estão relacionadas ao medo ou vergonha, por já terem vivido alguma experiência constrangedora, por ter escutado histórias ou por falta de conhecimento de seu próprio corpo, por isso é tão importante trazer esse assunto pra roda.

Outro motivo que afasta as mulheres das clínicas ginecológicas é a gordofobia médica, muitas pacientes relatam atendimentos preconceituosos, violentos e desanimadores sobre seus corpos em consultas e atendimentos. 

Mais do que ir à uma consulta ginecológica por ano, a prevenção maior está em conhecermos melhor nosso corpo, nossa anatomia, reconhecer nossa singularidade nas formas, aprender sobre as secreções em cada parte do ciclo menstrual, para assim, não nos sentirmos intimidadas em dialogar de forma horizontal com profissionais da saúde da mulher, e nem distante do nosso corpo e dos nossos saberes quando o assunto é simplesmente sobre nós mesmas. Essa é uma das premissas da Ginecologia Natural: conhecer-se como corpo, conhecer-se como natureza. A medicalização nos chega de um jeito violentamente mercadológico e patriarcal, neste contexto, precisamos sempre questionar “isso é sobre mim, sobre o meu tipo de corpo?”.

As buscas pela Ginecologia Natural vêm aumentando cada dia mais, parece um estudo novo, mas é um saber ancestral: “é a novidade mais velha dos últimos tempos. Não fala em novas tecnologias ultra complexas, nem análises científicas de ponta. Muito pelo contrário. Ela é simples. Nos convida à simplicidade enquanto estilo de vida. Vida simples, alimentação natural, menos consumo, mais tempo, mais olhar, mais sentir”, afirma Bel Saide.

MENSTRUAÇÃO: O SANGUE É VERMELHO

Bel é médica formada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), uma das pioneiras a discutir e trazer esse conteúdo para o Brasil, ela costuma dizer que o tratamento na ginecologia natural é muito mais do que ervas e plantinhas, antes de tudo é um caminho longo de autoconhecimento para a cura. Ela também traz discussões sobre a indústria farmacológica

“A indústria que coloca não apenas uma, mas duas, três farmácias em cada esquina faz com que pareça ser mais “simples” comprar comprimidos do que fazer uso de ervas, por exemplo, mas nos afasta de qualquer contato íntimo com nós mesmas, nos tornando assim, eternas dependentes de seus produtos ao mesmo tempo em que cremos sermos muito práticas e modernas, mas pense: é mais ‘prático’ e ‘rápido’ tratar candidíases com medicamentos e vê-la voltar mil outras vezes?”.

A Ginecologia Natural é um movimento que nasceu na América Latina e resgata conhecimentos tradicionais de sabedoria ancestral das mulheres em seus cuidados íntimos, olhando com cuidado para questões femininas e suas nuances, convidando ao profundo autoconhecimento e conexão com a individualidade dos corpos. Esse movimento é um desafio na sociedade maquinal em que vivemos, que nos afasta de ambientes naturais e de um contato minucioso com nosso ritmo interno, assim como a artificialidade das comidas, e o uso de hormônios sintéticos desde a adolescência faz com que mulheres vivam muito tempo sem saber escutar as necessidades do próprio corpo.

Reter conhecimento é domínio de poder, precisamos sim de profissionais da saúde gabaritados, mas ninguém sabe mais sobre seu corpo do que você mesma. O que é pra todo mundo às vezes não é pra ninguém. Na sabedoria individual e na troca coletiva com outras mulheres podemos nos aprender e desenvolver a autoconfiança para gingar com os constrangimentos e as imposições, é justamente nesse processo de autoconhecimento que  encontramos autonomia, sem se esquecer que a natureza é a grande mestra nesse caminho, e que não estamos à parte dela, somos com ela.

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