Depois de tanto tempo respeitando a quarentena, trancados dentro de casa, nós, consumidores, estamos com muita vontade de aproveitarmos ainda mais a vida, seja retomando, com todas as medidas cautelares, a saída para bares, restaurantes, academias e, não menos importante, fazendo viagens de curta duração.
Essa categoria de viagens, no estilo bate-volta, ou por um final de semana, é chamada de Turismo de Proximidade: envolve deslocamentos mais curtos, num raio máximo de 300 quilômetros, em torno das capitais e grandes cidades.
CAMINHOS DA FÉ: CONHEÇA CINCO CIDADES FAMOSAS PELO TURISMO RELIGIOSO
Além da pandemia e suas restrições turísticas aos destinos internacionais, outra questão que acabou movimentando o Turismo por Proximidade foi a perda do poder de compra do brasileiro nos últimos anos, devido à inflação. De acordo com a Agência Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país acumulou aumento de 10,06% em 2021. Logo, substituímos as viagens internacionais, por viagens mais próximas, que nos manteriam em segurança, que caberiam em nosso bolso, além de não precisarmos nos preocupar com a troca de câmbio.
De acordo com o site P7 Criativo (2021), nos Estados Unidos, por exemplo, as reservas feitas para destinos próximos de casa às férias de verão de 2020 cresceram 60%, em comparação com 2019. O número considera reservas efetuadas por hóspedes de New York, Chicago, Los Angeles, Seattle e Atlanta. No Brasil, números divulgados pela Airbnb mostram que as buscas por Turismo de Proximidade cresceram 150% em maio de 2020, em comparação ao mesmo período de 2019.
O que mais me encanta no Turismo por Proximidade é o que ele pode fazer pelo país e pelas pessoas que vivem aqui. A partir do momento que decidimos conhecer melhor a região com a qual vivemos, estimulamos a economia local, empregamos pessoas e reforçamos a nossa cultura, já que conhecemos a história daquele local, bioma, vegetação e entendemos que fazemos parte de todo esse mundo que nos foi apresentado.
Ou seja, o Turismo por Proximidade pode auxiliar o país à retomada econômica, de maneira sustentável, já que consegue valorizar a biodiversidade local e conscientizar os turistas na conservação da natureza (Pilar Ambiental), emprega pessoas e movimenta a riqueza local, principalmente guias, pousadas, agências, estabelecimentos da cidade (Pilar Econômico), distribuindo assim a renda, que não fica concentrada em um conglomerado de empresas grandiosas, além de ressaltar a cultura local (Pilar Social).
CUBA, PARAÍSO (NÃO MAIS!) PROIBIDO
Atualmente, o Produto Interno Bruto do Brasil (PIB), [soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país], encontra-se muito dependente do agronegócio. Estimular o turismo é uma forma de não precisar desmatar milhões de hectares para produção de carne ou soja, e, ainda por cima, preservar tudo que ali está, desde o bioma, até as histórias de nossos antepassados. Por conta de tudo isso, o Ministério do Turismo (MTur) tem estimulado, desde final de 2020, o Turismo por Proximidade, sem deixar de obedecer aos protocolos de segurança.
Ademais, a plataforma de reserva de hospedagens Booking.com efetuou uma pesquisa em 2020 com 20.934 pessoas de 28 países, mostrando que os viajantes, para os próximos anos, devem buscar opções mais econômicas, deslocamentos nos arredores e do tipo “bleisure”, terminologia usada para descrever viagens que unem negócios (business, em inglês) e lazer (leisure).
Nessa pesquisa, divulgada pelo site de turismo “Terra da Felicidade”, o item “viagens perto de casa” foi mencionado por 55% dos viajantes nacionais, em 2020. Dos 999 brasileiros entrevistados, mais da metade quer conhecer um destino novo na região em que mora.
Junto ao Turismo de Proximidade, surge outro conceito denominado como “Destinos Turísticos Inteligentes” que, de acordo com o Sebrae, consiste em uma estratégia espanhola construída a partir do aprendizado de 10 projetos-piloto implementados em cidades do país europeu, baseando-se em três pilares: governança, tecnologia e desenvolvimento sustentável.
Além do mais, as características primordiais dos Destinos Turísticos Inteligentes são:
Saber gerir os recursos de forma eficiente;
Garantir mais competitividade ao setor;
Possibilitar experiências de qualidade aos turistas;
Ser integrados e interativos;
Oferecer acessibilidade.
O Sebrae descreve algumas estratégias primordiais aos pequenos negócios que querem atuar com Destinos Turísticos Inteligentes:
Governança: Deve-se estabelecer a cada dia mais uma parceria entre setor público-privado e, ao mesmo tempo, minimizar a dependência que os pequenos negócios de turismo têm do setor público. A estratégia também deve ser a de empoderar as lideranças empresariais. Um excelente exemplo de cidade que aconteceu isso no Estado de São Paulo é Brotas. Há alguns anos, o setor público decidiu apoiar o Turismo de Aventura, visando colher os frutos no longo prazo. Logo, precisamos de prefeitos, governadores e presidente que estimulem genuinamente a parceria público-privada em sua localidade, não visando apenas a sua candidatura aos próximos anos, mas preocupando-se com um legado que deixará a longo prazo para dada região;
Tecnologia: É fundamental ter em vista os novos modelos de negócio e seus objetivos disruptivos, que contribuem e beneficiam os turistas. As controvérsias com os negócios tradicionais ainda estarão presentes no cotidiano, mas é importante ressaltar que há mercado disponível para todos os atores da cadeia;
Experiência Turística: Mais do que atender bem, o turista precisa ser constantemente encantado. Por mais subjetivo que possa parecer, é viável materializar ações que tenham essa intenção. Aqui a tecnologia também tem papel crucial, já que ela faz parte da vida dos turistas. Podem ser utilizadas as ferramentas de Design de Serviços, Internet das Coisas e Análise de Big Data, por exemplo. Deve-se pensar também na Jornada do Turista, ou seja, entender o antes, durante e depois da venda de um pacote de viagens ao cliente;
Sustentabilidade: Mais do que um eixo, esse tema deve ser transversal a todas as atividades de um negócio, pois práticas sustentáveis são essenciais para o desenvolvimento do turismo em qualquer região. Além disso, a tecnologia pode ser uma importante aliada na preservação da natureza e na relação com a comunidade local.
Como Turismo de Proximidade tornou-se um dos meus assuntos favoritos, separei aqui algumas dicas de locais incríveis que já conheci e que pretendo conhecer, em breve:
Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira (PETAR) – (SP)
É considerado uma das Unidades de Conservação mais importantes do mundo. Abriga a maior porção de Mata Atlântica preservada do Brasil e mais de 300 cavernas.É tido hoje como um patrimônio da humanidade, reconhecido pela UNESCO. Localiza-se na divisa do estado de São Paulo, com o Paraná. Abrange parte dos municípios de Iporanga e Apiaí, limita-se com os municípios de Guapiara (norte e noroeste) e Itaóca (sudoeste) e tem continuidade territorial com o Parque Intervales. Excelente para quem ama Turismo de Aventura. Atrações principais: Caverna do Diabo, Vale das Ostras e Cachoeira de Meu Deus (uma das mais lindas que já vi), em Eldorado (SP), e diversas cavernas diferentes em Iporanga (SP).
Parque Nacional da Serra da Bocaina (SP)
Abrange áreas de 4 municípios paulistas (Ubatuba, Cunha, São José do Barreiro e Areias) e dois fluminenses (Angra dos Reis e Paraty), num total de aproximadamente 104 mil hectares. Além desses 6 municípios, outros três são abrangidos por sua zona de amortecimento: Bananal, Arapéi e Silveiras, todos no estado de São Paulo. Excelente para quem gosta de turismo de aventura e adentrar por trilhas que terminam com as cachoeiras mais lindas que já vi do estado de SP. Guia exclusivo: Rafa Lobatto.
Analândia (SP)
Município próximo a Brotas (SP) e São Carlos (SP). Pontuo uma trilha que fiz, cuja vista destaca-se o Morro do Cuscuzeiro (que também dá para ser escalado). Amei conhecer a cachoeira do Escorrega e a trilha para Gruta do Índio, que possui pinturas rupestres datadas de mais de 5 mil anos. Guia Bruno e fazer a trilha hard com o Flávio K2.
Botucatu e Pardinho (SP)
Conheça com a Berakah Turismo (guia Alexandre). Visite as Três Pedras, faça a Trilha do Saci (com emoção) e visite o gigante adormecido.
Ponta Grossa (PR)
Há cerca de uma hora de Curitiba (PR), o Parque Estadual de Vila Velha tem Estalagtites incríveis. É só ir direto ao parque, que lá terá um ônibus que te leva aos passeios.O mesmo é válido ao Buraco do Padre e Fenda da Freira.
Carrancas (MG)
Carranquinha está no meu coração. Visite todas as cachoeiras que puder, com o melhor guia Sandro. Ollhe para o céu em dias de lua nova. O céu mais bonito que já vi na minha vida a olho nu.
Lavrinhas (SP)
Município localizado na microrregião de Guaratinguetá. Cidade situada aos pés da Serra da Mantiqueira, no Vale do Paraíba, a acolhedora região é o destino perfeito para quem deseja se desligar da correria da cidade grande, aproveitando paisagens naturais com grande potencial de ecoturismo. Contrate os guias da EcoValeTur ou Trekking da Mantiqueira para levarem você ao Poço Azul e Cachoeira da Pedreira.
Holambra (SP)
Uma cidade com colônia holandesa, bem perto de Campinas (SP), cerca de 40 minutos. Sugiro fazer o receptivo de flores, visitar o moinho da entrada da cidade, visitar o centrinho e comer uma boa comida holandesa em diversos restaurantes típicos que há no município.
Paranapiacaba (SP)
Paranapiacaba é um distrito do município brasileiro de Santo André, que integra a Região Metropolitana de São Paulo. Bem próxima da capital, a Vila de Paranapiacaba possui um clima aconchegante, com casarões históricos e construções de estilo inglês. Importante no passado ferroviário da região, ela fica em uma localização incrível: no topo da Serra do Mar. Estou querendo ir e as sugestões de como fazer o passeio estão disponíveis no site.
Serra Negra (SP) e Amparo (SP)
Duas cidades localizadas no circuito das águas paulistas. Há muitas opções gastronômicas, como vinícolas, alambiques e queijarias. Sugiro conhecer em Amparo a minha vinícola queridinha, Espaço Terrassos, a queijaria Fazenda Atalaia, que produz queijos premiados e utilizados inclusive no restaurante do Alex Atala, e o Pólo Astronômico, em Amparo (SP), à noite. Faça também as trilhas do Mundão das Trilhas.
O mirante do Alto da Serra, em Serra Negra, é belíssimo, fora o centro da cidade que é extremamente charmoso. Há também o Bioparque Serra Negra, a cachoeira Barrocão, o Alambique Família Silotto, dentre outros destaques que você pode consultar na entrada da cidade, para maiores informações turísticas.
São Bento do Sapucaí (SP)
Município localizado na Serra da Mantiqueira, perto de Campos do Jordão (SP). Faça a trilha do Baú, Bauzinho e Ana Chata. Se tiver coragem, escale e chegue ao cume da Pedra do Baú. A vista é de tirar o fôlego.
Jundiaí (SP)
Faça as trilhas da Serra do Japi e confira os parques arborizados da cidade. Recomendo a agência Tour Jundiahy, especializada em Ecoturismo. E você: qual destino você recomenda para Turismo de Proximidade. Bora aquecer a economia de nosso país, distribuir a renda e exaltar nossas belezas naturais e cultura?
