Cuba, paraíso (não mais!) proibido

Não aceite nada dos jineteros nas ruas
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28.04.2015

Lilian Crepaldi

Rum. Charuto. Socialismo. A aura de Fidel. Cuba é um maravilhoso caleidoscópio. Para descobrir os porquês de a capital Havana ter sido declarada patrimônio da humanidade pela Unesco, basta uma caminhada pelo centro histórico e pelo Malecón, a avenida à beira-mar.

A arquitetura é uma relíquia com influências espanholas e norte-americanas. Os carros antigos dão um toque nostálgico. A música contagia moradores e turistas. No ar, o cheiro do tabaco vindo dos infindáveis charutos. Para os olhos, o fascinante mar caribenho.

A Revolução de 1959 transformou Cuba num país comunista e levou Fidel Castro ao poder. Antes do movimento revolucionário, a ilha estava repleta de cassinos e prostituição, sendo chamada de “o quintal dos Estados Unidos”. Mas as coisas mudaram muito com o país nas mãos de Castro e companhia. Odiado e amado em diferentes proporções, o líder desperta curiosidade e inflama debates em todo o mundo. Mesmo tendo passado o poder ao irmão Raúl Castro, em 2008, Fidel é uma lenda viva.

Seja a favor ou contra o comunismo, o sistema proporcionou aos cubanos saúde, educação e alimentação gratuita. Ao mesmo tempo, cerceou liberdades e deixou os habitantes a ver navios (literalmente, já que durante anos eles não podiam sair do país a não ser para competições esportivas ou eventos autorizados pelo governo).

Ao mesmo tempo em que a medicina cubana é extremamente avançada, faltam remédios devido ao bloqueio norte-americano. Mas não sejamos ingênuos. Apesar dos avanços médicos, os centros de excelência em pesquisa priorizam o atendimento aos estrangeiros, como o Centro Internacional de Retinosis Pigmentaria Camilo Cienfuegos, para tratamentos dermatológicos.

Estima-se que 100 mil norte-americanos visitem a ilha a cada ano. Em 2012, 400 mil cubanos emigrados visitaram o país de origem, o que mostra uma abertura cada vez maior ao turismo e, consequentemente, ao crescimento econômico. No ano passado, mais de 2,8 milhões de turistas de todo o mundo visitaram a ilha. O turismo é responsável pela maior parte da riqueza do país e garante a sobrevivência da ilha juntamente com a exportação de cana, rum, tabaco e frutas.

A maioria dos cubanos convive com os dólares americanos trazidos pelos turistas, imigrantes que vivem em Miami ou por atletas e músicos autorizados a sair do país. Este dinheiro extra garante a compra, no mercado informal, dos principais produtos fornecidos pelo governo, mas que não duram todo o mês: sabonete, xampu, leite, peças de roupa, entre outros. É normal que os habitantes da ilha (total de 11,1 milhões de habitantes) peçam aos turistas estes artigos.

Encantos da capital

Para se locomover na capital Havana, aposte num bom tênis e, quando se cansar, pegue um dos táxis oficiais. Se quiser uma experiência diferente, arrisque o “cocotaxi”, um triciclo amarelo em forma de coco que leva dois passageiros. Os cubanos utilizam um transporte bem diferente: um ônibus rosa e cinza engatado a um caminhão, chamado “camello”, com capacidade para 200 pessoas.

Se no Brasil há uma pelada de futebol a cada esquina, o esporte dos cubanos é o beisebol, que já rendeu diversas medalhas olímpicas e campeonatos mundiais ao país. Uma história que comove os turistas é a da sorveteria Coppelia, cenário do filme “Morango e Chocolate”. Os cubanos enfrentam enormes filas para comprar um sorvete e recebem quantos copos d’água quiserem. Os guias de turismo afirmam que a água é para ajudar a encher a barriga dos moradores. A sorveteria é controlada pelo governo e é uma das atrações mais disputadas da cidade.

Mas a tristeza dificilmente abate este povo repleto de ginga e salsa. Os cubanos adoram os brasileiros, sobretudo por causa das novelas. A personagem da atriz Regina Duarte, em Vale Tudo, criou um restaurante com o nome “Paladar”. Em Cuba, todas as casas de família que oferecem refeições para turistas são chamadas paladares em homenagem ao folhetim. Aliás, é possível fazer uma boa refeição por um preço justo nestes estabelecimentos que são devidamente credenciados pelo governo. Nos restaurantes dos hotéis e próximos às atrações turísticas, a comida deixa a desejar e os preços são bem mais salgados.

Aliás, tudo é bem mais caro para os turistas. Em compensação, o visitante tem inúmeras regalias, como não enfrentar filas. Entre eles, os cubanos primam pela solidariedade: trocam de tudo. Se falta sal, a família vizinha não hesita em doar.

Para apreciar algumas criações cubanas, visite os bares “La bodeguita del Médio” e “El Floridita”, onde o celebrado escritor Ernest Hemingway tomava seus drinks cubanos. A frase “Mi mojito en La Bodeguita. Mi daiquiri en El Floridita” está na parede do “La Bodeguita”. O escritor norte-americano percorreu diversas cidades cubanas e há circuitos turísticos que simulam suas viagens. O livro “O velho e o mar”, que conta a luta de um pescador cubano com sua caça, rendeu a Hemingway o Prêmio Pulitzer.

Havana

Outra lenda que diverte os turistas é a da fábrica Partagás, que produz 12 milhões de charutos por ano e tem marcas como Montecristo, Cohiba e Romeo y Julieta. A história conta que los puros eram enrolados nas cochas de mulheres virgens para não perder a pureza do sabor e do aroma.

Depois de Havana, o destino mais procurado é Varadero, uma praia fabulosa com hotéis esplendorosos. Tudo bem ao estilo caribenho: areia super branca, mar azul-turquesa e muita salsa e mojitos. Perfeito para relaxar, fazer tratamentos estéticos nos spas e frequentar as animadas boates. O acesso a diversos hotéis, restaurantes, bares e boates, na maioria das vezes, é permitido somente a turistas. Outras opções paradisíacas são Cayo Largo e Cayo Coco.

Lembre-se de comprar rum, charutos e demais lembranças com o selo oficial do governo. Sem ele, seus produtos nem passam pela alfândega. Não aceite nada dos jineteros, que passam nas ruas oferecendo de tudo, de charutos a mulheres, e vivem da exploração do turista.

Ao fazer as malas para conhecer este país surpreendente, lembre-se de levar todos os artigos de primeira necessidade, sobretudo remédios e produtos de higiene pessoal. Farmácia e supermercados são difíceis de serem encontrados e cobram uma fortuna. Mesmo com pequenos contratempos, viajar para Cuba é uma experiência de vida inesquecível. Um país contraditório por natureza, mas que desperta um turbilhão de sentimentos. Ninguém sai imune de Cuba.

Imperdível em Havana

• Andar pelo Malecón e pelo centro velho de Havana
• Tomar um sorvete na Coppelia
• Comprar charutos e rum
• Ir ao Museu do Rum, com direito à degustação
• Visitar o Museu da Cidade, com peças da época da colonização espanhola
• Passear pelo Castilho de la Real Fuerza, fortaleza erguida em 1558 para proteger a cidade de invasões
• Aprender no Museu da Revolução, o mais visitado da cidade, que conta a história da chegada de Che, Fidel e demais revolucionários a Cuba, depois de um longo período no México
• Contemplar a Plaza de la Revolución, onde acontecem os longos discursos de Fidel Castro
• Conhecer o Memorial José Martí, um dos principais heróis cubanos
• Visitar a Real Fábrica de Tabacos Partagás e comprar los puros.
• Ver a Praça da Catedral, com uma linda fachada em pedra-sabão
• Ir a um bar ou discoteca que ensine a dançar salsa
• Conhecer o “La Zorra y el Cuervo”, para ouvir jazz e blues
• Assistir ao espetáculo do Cañonazo, na Fortaleza Morro Cabana, com soldados usando roupas típicas do império espanhol

varadero

Quem leva

Há voos diretos para Havana com a Cubana de Aviación e a Copa Airlines. Outras companhias, como Tacae Avianca, também fazem o trajeto com escala em outros países. As passagens custam a partir de US$ 1,200. A maioria das operadoras de turismo oferece pacotes que visitam Havana e Varadero, mas há opções que incluem a histórica Santiago de Cuba e diversas praias do Caribe.

A maioria inclui café da manhã, traslados e city tours. Em Varadero, os hotéis são all inclusive (café, almoço e jantar incluso, sem as bebidas). É preciso tomar vacina contra febre amarela no mínimo 10 dias antes de viajar.

Onde comer em Havana

Paladar “La Cocina de Lilliam” – experimente o “Ropa Vieja”, prato com carne de cordeiro. End: Calle 48 N°. 1311 entre 13 y 15. Playa.
La Bodeguita del Medio – com seu famoso mojito. End: Empedrado N°. 206 e/ Cuba y San Ignacio, Habana Vieja.
Vuelta Abajo – prove o “Trapiche fish filet”, um peixe com molho de gengibre. End: Hotel Conde de Villanueva.
Los Doce Apóstoles – tradicional cozinha cubana. End: Ave Monumental, La Cabaña.

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