A cada minuto, 25 mulheres sofrem algum tipo de violência doméstica no Brasil, segundo dados do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria). Número preocupante que reflete o triste aumento de casos de violência doméstica no país com a pandemia neste último ano. A realidade desesperadora que Pamella Holanda escancarou ao publicar vídeos das agressões do seu ex-companheiro Iverson de Souza Araújo, conhecido como DJ Ivis, infelizmente também é a realidade da Karla, da Natália, da Maria, da Rose e de tantas outras.
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA – HUMILHAÇÃO E OFENSAS SOBREPÕEM CARINHO E EMPATIA
De acordo com a Lei Maria da Penha – Capítulo II, art. 7º, incisos I, II, III, IV e V – existem cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher:
Violência física: espancamento; atirar objetos, sacudir e apertar os braços; estrangulamento ou sufocamento; lesões com objetos cortantes ou perfurantes; ferimentos causados por queimaduras ou armas de fogo; tortura
Violência psicológica: ameaças; constrangimento; humilhação; manipulação; isolamento (proibir de estudar e viajar ou falar com amigos e parentes); vigilância constante; perseguição contumaz; insultos; chantagem; limitação do direito de ir e vir; ridicularização; tirar a liberdade de crença; distorcer e omitir para deixar a mulher em dúvida sobre sua memória e sanidade.
Violência sexual: estupro; obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto ou repulsa; impedir o uso de métodos contraceptivos ou forçar a mulher a abortar; forçar matrimônio, gravidez ou prostituição por meio de coação, chantagem, suborno ou manipulação; limitar ou anular o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher.
Violência patrimonial: controlar o dinheiro; deixar de pagar pensão alimentícia; destruição de documentos pessoais; furto, extorsão ou dano; estelionato; privar de bens, valores ou recursos econômicos; causar danos propositais a objetos da mulher ou dos quais ela goste.
Violência moral: acusar a mulher de traição; emitir juízos morais sobre a conduta; fazer críticas mentirosas; expor a vida íntima; rebaixar a mulher por meio de xingamentos que incidem sobre a sua índole; desvalorizar a vítima pelo seu modo de vestir.
A psicóloga norte-americana Lenore Walker observou que existe um Ciclo da Violência composto por três fases. A fase 1, chamada de Aumento da Tensão, é o momento em que o agressor se irrita com facilidade, podendo humilhar ou ameaçar a vítima e quebrar objetos. A vítima tenta negar que isso está acontecendo e também se sente culpada pela situação.
A fase 2 consiste no Ato de Violência propriamente dito. A raiva acumulada da fase anterior se materializa em um ou mais dos tipos de violência doméstica. A vítima sofre demais nesse momento, sentindo medo, vergonha, ódio, solidão.
A fase 3 é chamada de Arrependimento e Comportamento Carinhoso, também conhecida como “lua de mel”. Momento em que o agressor se torna amável para conseguir uma reconciliação. A vítima se sente confusa e com medo, mas também tem a ilusão da melhora. Contudo, esse momento passa e o agressor volta para a fase 1 novamente.
“ARETÊ” FAZ UMA CRÍTICA AOS ESTEREÓTIPOS E À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Quantas mulheres que você conhece sofrem ou já sofreram algum tipo de violência doméstica? Embora hoje exista a Lei Maria da Penha e a possibilidade de expor e falar sobre essas agressões, ainda existe um longo caminho até chegarmos a um cenário minimamente ideal. A nossa cultura contribui de forma gigantesca nesses abusos contra a mulher. Comentários sobre a maneira como nos vestimos ou nos comportamos – que infelizmente são bem comuns – provam isso e são alguns dos sinais de que existe alguma coisa errada na forma como esses homens querem se relacionar com as mulheres. E a sociedade inteira tem o dever não apenas de combater essa mentalidade, mas também de não aceitar, muito menos ser conivente com esses crimes.
É dever de todo mundo garantir que todas as mulheres vítimas tenham segurança e acolhimento para denunciar seus agressores. Nós devemos lutar para garantir a vida e a saúde física e mental de todas essas mulheres, assim como a punição desses agressores. Mulher que nesse exato momento é vítima de violência doméstica: não se cale. Você não está sozinha. Ligue 180. Não hesite. Denuncie.