‘Vingadores: Guerra Infinita’ é a produção mais madura da Marvel

Filme dialoga com a atualidade como nenhum outro do estúdio
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07.05.2018

Divulgação / Reprodução

Dez anos após a estreia de ‘Homem de Ferro’, a Marvel chega, com ‘Vingadores: Guerra Infinita’, ao mais amadurecido dentre os seus 19 filmes lançados até aqui. Não que as características que marcam a franquia mais rentável da história do cinema não estejam presentes. O fã pode esperar os inúmeros diálogos bem-humorados de sempre, além das sequências espetaculares de ação, recheadas de efeitos visuais de primeira linha e cortes frenéticos da edição.

Lá estão, também, os costumeiros exageros tecnológicos e outras improbabilidades que, com boa vontade, engolimos sem delongas. Mas há mais do que isso, felizmente. O fã que se encantou com ‘Homem de Ferro’ e ‘O Incrível Hulk’, em 2008, já não é o mesmo uma década depois. Pense no adolescente com seus 14, 15 anos, lá atrás, e que hoje caminha para os 30. Melhor ainda, veja a você mesmo naquela época e compare com sua versão de 2018. Possivelmente enxergamos o mundo e a realidade que nos cerca de outra maneira. De fato, as coisas mudaram um bocado de lá para cá.

Talvez o principal mérito que os diretores Anthony e Joe Russo, e especialmente os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely – os mesmos por trás dos últimos filmes do Capitão América – trazem à ‘Guerra Infinita’ seja a ideia desse espectador mais maduro em mente. Isso lhes dá a chance de gerar conflitos mais profundos entre os personagens, ao ponto de termos em Thanos (Josh Brolin) o vilão mais complexo e melhor desenvolvido de todo o universo cinematográfico da Marvel. Quer outro ponto positivo? A recusa de Hulk em se sobrepor a Bruce Banner nos dá a chance de apreciar melhor o talento de Mark Ruffalo em cena.

O auge dessa maior ousadia de roteiristas e diretores é encerrar o longa da forma menos convencional em toda a franquia. A menos esperançosa, ou a mais triste, por assim dizer. É bom deixar claro que não estamos discutindo o grau de fidelidade do filme aos quadrinhos que o inspiram. O fã que, eventualmente, se desapontar com o longa devido a essas questões tem lá sua razão e diversos canais especializados para debater esses pontos, mas tratamos, aqui, do filme em si, e o impacto que ele gera na sociedade.

Falando nisso, outra grande sacada de ‘Guerra Infinita’ é refletir, como nenhuma outra produção da Marvel, fatos e comportamentos recentes observados pelo mundo. A polarização entre duas correntes de pensamento vista em ‘Capitão América: Guerra Civil’ (2016 – ano de feroz disputa presidencial nos EUA, lembremos), ainda traz resquícios nesta nova aventura, em que emerge, também, a figura de um líder autoritário (Thanos) que deseja dizimar metade da população do universo em nome de um equilíbrio biológico que daria condições plenas de vida a todos os sobreviventes. Ele acredita com toda a sua alma que assassinar aos montes é a coisa certa a se fazer. Como não associar a ideia às tiranias recentes cometidas na Síria? Ou às ameaças de catástrofes nucleares que andam rondando Coréia do Norte, Rússia e EUA nos últimos meses?

Sob este ponto de vista, não se sinta decepcionado caso saia do cinema com um nó na garganta e um sentimento ambíguo em relação ao filme. É um belo indício do grande ser humano que você é. Ambiguidade, aliás, é uma das principais marcas dos grandes filmes. Não duvide, é exatamente essa a sensação que diretores e roteiristas queriam causar. Foi dada a eles a difícil tarefa de encerrar um capítulo importante da história dos blockbusters, e muito querido por milhões no mundo todo. Mas que deve se encerrar.

cena guardiões das galáxias em vingadores guerra infinita

Por este lado, faz ainda mais sentido que ‘Thor: Ragnarok’ (2017), cujo desfecho é justamente o ponto de partida de ‘Guerra Infinita’, tenha sido o filme mais saturado e auto irônico de toda a franquia Marvel. Como um último momento de maior descontração antes da prova final. Já em ‘Pantera Negra’, o tom mudou, com o claro engajamento a favor da população afrodescendente, um aperitivo para o grau de seriedade que se seguiria com o novo ‘Vingadores’.

Se o amor do fã por esses personagens é incondicional, ‘Guerra Infinita’ e sua sequência (a ser lançada no próximo ano) formam o grande desafio que essa relação deve enfrentar, a prova de que ambos estão prontos para seguir adiante e encarar tramas, roteiros e personagens cada vez mais consistentes e enriquecedores. Não custa nada sonhar.

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