Como é dura a vida de um gari. Faça chuva ou faça sol, colocando seu uniforme, boné na cabeça, esquentando a moleira e vassoura na mão, pois logo ali na frente vai encontrar lixo no chão – lixo esse que poderia ser jogado na lixeira, mas só não pode perder as estribeiras, pois gente mal educada encontramos em todo lugar, então só nos resta limpar. Limpar a sujeira que a população deixa por “acaso” escorregar das mãos se esquecendo que logo ali temos uma lixeira para jogar. E porque não conscientizar, para esse mesmo povo, reciclar. Como é dura a vida de um gari.
Essa introdução diz muito sobre a vida de Giorggio Abrantes, um gari de 38 anos, pai de dois filhos, cidadão de Aparecida, localizada no sertão da Paraíba, que após perder a família devido ao alcoolismo, deu a volta por cima e virou referência em sua cidade e em outras regiões ao fabricar vassouras com garrafas pets. “Não foi uma ideia minha fabricar vassouras nem trabalhar com reciclagem, acredito que foi um plano de Deus pra minha vida, já que eu era alcoólatra e tive que fazer uma reabilitação pra me livrar do álcool e foi nessa clinica, onde passei alguns meses que eu vi as pessoas trabalhando com reciclagem, fazendo as vassouras e quando terminei o tratamento, perdi minha família por conta da bebida, e comecei a colocar em prática a fabricação das vassouras, e graças a Deus deu super certo”, diz Abrantes.
A garrafa pet pode demorar até 800 anos para se decompor no meio ambiente, ou seja, a reciclagem desse tipo de material é essencial para a salvação da vida humana e animal, grande parte desse plástico é encontrado nos oceanos ameaçando a vida marinha. Segundo informações da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), a reciclagem das garrafas no Brasil é uma das mais desenvolvidas do mundo. O país conta com uma vasta gama de aplicações para o material reciclado, o que cria uma demanda constante e garantida do pet.
“Na fabricação das vassouras ecológicas eu uso quinze garrafas pets. Graças a Deus as vendas estão ótimas, cada dia que passa novas pessoas conhecem o meu trabalho e acham interessante o trabalho com as vassouras – demorei em media um ano pra vender a primeira vassoura, fazendo um trabalho de formiguinha – as pessoas que compram saem dizendo as outras que o produto é bom, e as vendas aumentam. As pessoas ficam satisfeitas com o produto por conta da durabilidade. Eu trabalho como gari e uso vassourão de garrafa pet, é muito melhor, a limpeza fica bem feita, pois os fios facilitam que a limpeza seja feita com maior eficácia”, comenta Giorggio.
O maior problema em relação ao tema reciclagem, ainda é a falta de informação e educação da maioria da população – as pessoas não possuem o hábito de reciclar ou diminuir o consumo do plástico, causando um grande impacto ao meio ambiente. “O maior desafio que encontro nas ruas, exercendo minha função de gari é a falta de respeito das pessoas para conosco, com a nossa profissão, pois têm pessoas que cobram, mas não fazem o seu papel que é botar o lixo no lixo”, desabafa. “Reciclagem pra mim é algo que a gente pode usar novamente e sustentabilidade é produzir algum material usando o mínimo possível de coisas industriais, onde possa fazer um trabalho sustentável, com pouca energia e poucos recursos. Atualmente tenho uma pessoa que me ajuda, trabalha comigo, antes eu fazia tudo sozinho, e essa pessoa que me ajuda, estuda, e o interesse dela é ajudar a família com um pouquinho que recebe na nossa produção”, conclui.
O maior sonho de Giorggio Abrantes é poder ministrar aulas de conscientização de reciclagem e sustentabilidade e implantar novas fábricas para formar novos recicladores para contribuir com a limpeza do meio ambiente. No Brasil existem aproximadamente 500 empresas de reciclagem, gerando em torno mais de onze mil empregos, mas 80% dessas empresas são encontradas na região Sudeste do país, apontando uma fragilidade no segmento. A conscientização dos consumidores ainda é uma arma poderosa para a diminuição do lixo no planeta. Faça sua parte. Recicle! Conheça mais o trabalho (AQUI)