SEM APELAÇÃO, SEX EDUCATION TRAZ TEMAS IMPORTANTES E MOSTRA QUE FALAR DE SEXO NÃO DEVE SER UM TABU

IDENTIDADE DE GÊNERO, REPRESSÃO, GRAVIDEZ NA TERCEIRA IDADE, FEMINISMO E HOMOSSEXUALIDADE MARCAM A TERCEIRA TEMPORADA
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23.09.2021

Divulgação / Reprodução

A vida surge através do sexo!

Você que está iniciando a leitura desse texto, certamente está entre nós devido a uma noite ou uma deliciosa manhã de sexo, ou você acha mesmo que os bebês são trazidos pelas cegonhas? E já que o sexo está tão presente em nossas vidas, por que ainda é considerado um tabu para a “tradicional” sociedade brasileira? “Você é o seu sexo. Todo o seu corpo é um órgão sexual, com exceção talvez das clavículas”, já dizia o escritor e jornalista Luiz Fernando Veríssimo. Pensando nos dilemas sexuais, principalmente dos adolescentes, a Netflix produziu a série “Sex Education”, onde aborda temas dos mais ingênuos até os mais complexos quando o assunto é educação sexual, e mostra a importância de falar sobre o assunto com os jovens.

SEXO E CONSCIÊNCIA

Criada por Laurie Nunn, e lançada em 2019 pela plataforma de streaming, a série acaba de chegar a sua terceira temporada. A trama traz o inseguro Otis (Asa Butterfield) que é filho da terapeuta sexual Jean (Gillian Anderson), que tem resposta para todas as questões sexuais, já que seu ambiente residencial gira em torno da temática, apesar ainda de não ter perdido a virgindade. Em parceria com Maeve (Emma Mackey), uma colega de classe, resolvem montar uma clínica de conselhos sexuais para os estudantes repletos de dúvidas sobre saúde sexual. Claro, tudo isso às escondidas, já que o colégio onde estudam não dá o suporte necessário para os alunos entenderem sobre o próprio corpo, fato que acontece em milhares de escolas do ensino tupiniquim.

“Quando falamos de sexo, estamos expondo nossa intimidade e, de certa forma, nossa visão de mundo. E cada um tem seu ponto de vista sobre o assunto, sendo assim, estamos sujeitos a julgamentos. Não são todos que estão preparados para isso. Além disso, temos a ideia de que sexo é natural, que todos nascemos sabendo como fazer. Ao expor qualquer dificuldade, mostramos também nossa fragilidade”, explica a sexóloga e ginecologista da clinica Vida Bem Vinda, Dra. Nelly Kobayashi. “Na verdade, educação sexual começa na infância. Desde o momento em que se ensina que existem órgãos genitais diferentes (masculino e feminino) e que essa é uma área íntima, que não deve ser tocada em público e nem por outros (prevenção de abuso). Na adolescência, devemos abordar questões de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, prevenção de gravidez, falar sobre anatomia, ciclo menstrual, consentimento e respeito à vontade do outro, e ainda sobre possíveis consequências da exposição da intimidade na internet”, complementa.

Nos dias atuais, a série é extremamente necessária. Infelizmente, muitos pais e adolescentes possuem uma visão equivocada de educação sexual, ainda mais quando o planejamento de ensino não inclui em sua planilha educacional a matéria. O mundo está em constante evolução, são inúmeras descobertas e assuntos, até então pouco discutidos, que estão ganhando foco e força para conscientizar e educar a população. Em “Sex Education”, assuntos como identidade de gênero, homossexualidade, órgãos genitais, assédio sexual, prevenção da gravidez na adolescência e virgindade são abordados de forma educacional e leve, é nítido o cuidado que a autora e a plataforma tomaram durante os lançamentos das temporadas, a evolução dos personagens e as temáticas ganharam mais visibilidade e força.

“Educação sexual é muito importante, mas deve ser feita por profissional capacitado. Portanto, deve-se incluir os pais nisso, mostrar quem vai ensinar e o que será ensinado. Muitos pais são contra por não saberem o que será ensinado e qual a finalidade de se falar sobre o assunto. Muitas vezes, falta transparência. Quando se fala de matemática ou geografia, existe um programa do que será ensinado. Com educação sexual não vemos isso. Além disso, devemos esclarecer que os estudos mostram que indivíduos bem informados demoram mais para iniciar a vida sexual”, comenta a sexóloga.

Muitas pessoas se identificam pelo namoro de Eric (Ncuti Gatwa) e Adam (Connor Swindells) – um casal gay, onde estão em crescente descoberta da sexualidade e da insegurança de Adam, que acaba de sair de um universo heterossexual, aceito pela sociedade, e mergulha em outro extremamente julgado e apedrejado, em nome do amor e aceitar quem ele realmente é. Ou ainda vibrar pelas histórias sexuais alienígenas de Lily (Tanya Reynolds) e sua parceira Ola (Patrícia Allison). E na última temporada a descoberta de uma nova paixão de Jackson (Kedar Williams-Stirling), criado por um casal de mães lésbicas, por Cal (Dua Saleh) que se identifica como não-binária. Em resumo, a série vai além de falar sobre sexo, é uma aula de descobertas, empatia e respeito com o próximo.

“A série aborda, de forma leve, várias questões que afligem os adolescentes. Diferenças, dúvidas, curiosidades e problemas. Todos passam por isso. É possível entrar no universo adolescente de forma leve, descontraída e abordar os tabus sem medo. E é importante que eles tenham uma fonte de informação confiável e segura”, finaliza Kobayashi.

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