Ronnie Von: “Tenho uma visão feminina da vida”

O apresentador abre o jogo e conta segredos sobre a vida pessoal e profissional
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23.02.2015

Divulgação / Rodrigo Paiva

Ronaldo Lindenberg Von Schilgem Cintra Nogueira, mundialmente conhecido como Ronnie Von, nasceu na cidade de Niterói, Rio de Janeiro. Neste ano, completa 71 anos de idade.

Fissurado por aviação prestou exame para a Escola de Preparatória de Cadetes do Ar de Barbacena, na década de 60. Aos 17 anos fez seu primeiro voo sozinho.
Iniciou sua carreira na mesma época da Jovem Guarda e se destacou com os sucessos “A Praça” e “Meu Bem” – os maiores de sua carreira. Gravou três discos, tem forte influência dos Beatles e certa psicodelia. Na época, se considerava altamente rock n’ roll.

Ronnie casou-se na década de 80 com a atriz Bia Seidl. No total, foram três casamentos e escreveu o livro Mãe de Gravata ao qual conta sua experiência de ficar com a guarda dos filhos após a separação de seu segundo casamento. Atualmente é casado com sua melhor amiga de adolescência, Cristina Von.

Acompanhe entrevista exclusiva com o “Príncipe” da televisão brasileira.

PEPPER: Qual é a origem do seu nome?
Ronnie Von: Aí tem uma mistura de alemão com português, não sei se essa etnia é equivocada, mas estou aqui vivo [risos].

PP: Você nunca fez parte do movimento Jovem Guarda. Fale sobre isso.
RV: Nunca fiz parte mesmo. Na verdade, minha visão era de fato mudar o comportamento social do mundo. É um sonho de garoto, de fase acadêmica, trabalhava com comunicação e eu queria exatamente isso. De certa forma eu não compactuava muito com a coisa. A Jovem Guarda era um movimento importante. Devido a eles, os textos subliminares puderam vir. Eu estava numa rota paralela, sem fazer parte da Jovem Guarda, mas de certa maneira até me beneficiando do movimento – que nunca foi Jovem Guarda, era Iê iê iê o nome do programa que era muito forte – e foi abraçado pela mídia, principalmente impressa, como um movimento musical que não tinha esse nome. Eu tenho muito orgulho de ter participado e de ser de uma geração que modificou o comportamento do mundo, nunca houve facada, nunca houve sangue.

PP: Como surgiu seu apelido de Príncipe?
RV: A verdade foi o seguinte: eu fui fazer na época o programa da Hebe Camargo. Papo daqui, papo dali, e surgiu o assunto sobre aviação e eu sou aviador. E ela olha pra mim, e diz “você não tem cara de aviador, você tem cara delicada, com o tipo de música que você faz”. Ela olhou na minha cara e falou: você tem a cara do Pequeno Príncipe, virou para a plateia e disse, “não é?”. Aí você imagina, o apelido pegou.

PP: Em qual momento você fala palavrão?
RV: Eu não falo, nem fora do ar. Uma vez eu falei um palavrão, faz muito, muito tempo. Foi uma mega topada com o dedinho mindinho do pé numa pedra no jardim na minha casa em Campos do Jordão. Eu estava jogando bola com meu filho pequeno e com meu sobrinho e estava descalço, imagina… Soltei: A velhice é uma m…. Até hoje eles fazem gozações comigo. Já falei alguns palavrões, mas não tenho talento pra isso.

PP: Seus discos são considerados relíquias na música brasileira. Por quê?
RV: Porque foram discos que na época tinha a tal conotação do rock psicodélico e esse tipo de enfoque era agredido publicamente. Você deveria seguir tudo na linha… Eu fiz um disco que era uma tela de Salvador Dalí, ou seja, surrealismo total! Meu disco foi quebrado no ar, não tocaram em rádio, me chamaram de louco, falaram que eu gastava o dinheiro da gravadora. Foi muito duro, muito difícil. E de repente uma publicação austríaca disse que era o mais importante disco de rock psicodélico na história do mundo. Mandaram essa cópia pra mim e eu não acreditei, virou cult. De repente, a gravadora se entusiasmou e relançou tudo novamente. Um amigo meu comprou esse disco em Tóquio por mais de 3 mil dólares. Uau! Não vale isso [risos].

PP: Você voltaria a cantar?
RV: Se eu tivesse tempo, sim. Você não vende mais disco, você baixa tudo na internet. Trabalhando muito como eu trabalho, como a pessoa que investir num disco comigo vai ter esse retorno? E de que maneira esse disco vende? Fazendo show. Não gravo em função disso, por não ter tempo para dar o retorno comercial para a pessoa que investiu nisso. Eu jamais entraria por minha conta em um estúdio e gravaria um disco.

PP: Você se considera metrossexual?
RV: Na verdade, eu não sei exatamente o que é metrossexual. Se ser metrossexual é não permitir que uma mulher segure a maçaneta da porta do carro, então eu sou metrossexual. Se você tratar com delicadeza seu semelhante, eu sou metrossexual. Agora, as pessoas levam isso com uma conotação cosmética, o metrossexual é o machão que usa cosméticos, que usa cremes e não é isso. Eu acho que não seria exatamente isso, não tenho ideia do que seja esse neologismo. Já me chamaram de ubersexual e eu não sei que história é essa também. Tenho uma visão feminina da vida, tenho de fato gosto por coisas femininas, mas isso não arranha minha virilidade. Essa história de usar cosmético, shampoo, usar laquê, não é muito a minha praia.

PP: Mudando de assunto. Você realmente recebeu convites de outras emissoras para trabalhar? Por que você não sai da TV Gazeta?
RV: Recebi convite de 14 emissoras. Eu não saio daqui porque tenho um conforto emocional. Aqui eu não preciso fazer escatologia, pornografia, não preciso ter audiência fácil. Aqui eu posso ter conteúdo, posso levar informação, prestação de serviço, posso levar entretenimento sadio. A televisão está na contramão desse meu propósito ou eu estou na contramão. Hoje quem manda é audiência fácil, não é o caso dessa casa [Gazeta].

PP: Como é ser casado com sua melhor amiga de adolescência?
RV: Confortável, eu diria, porque ela era minha confidente. Na época da minha solteirice, eu era um pouco audaz. Tive romances equivocados, às vezes nem tanto, namorei com pessoas conhecidas da mídia e eu tentava ocultar isso, e outras até conhecidas da família. Eu contava tudo pra ela. Ela nunca vai descobrir isso, porque já esta descoberto. Ela era minha confidente. A vida dela e a minha sempre caminharam em paralelo.

PP: Você disse que namorou algumas famosas na época, pode falar alguma para o Pepper?
RV: Em hipótese alguma! Você enlouqueceu! Olha o meu comprometimento, muitas estão casadas, muitas eram casadas. Você ficou louco. Não, não falo.

PP: De onde vem esse seu fanatismo pelos Beatles?
RV: É preciso dar alguma explicação? Você conhece alguma coisa mais importante na música popular que tenha acontecido nos últimos 400 anos? [eu respondo que não]. Então, pronto!

PP: Fale sobre o seu lado publicitário.
RV: É um lado que eu pessoalmente não tenho muito apreço. É uma sobrevivência, um dever de ofício. Uma coisa é sobrevivência, outra coisa é vida. A televisão é minha vida, sem a televisão eu morro um pouco, vou ficar capenga, vou ficar um homem pela metade. Sem a publicidade eu vou continuar tocando a minha vida. É necessário, eu preciso comer, então tem que juntar daqui, da televisão, de todo lugar [risos]. Eu tenho em casa uma moça que gosta de jantar, de almoçar… Eu não sei como fazer… Às vezes gosta de sapatos novos… Eu tenho que me virar, né?

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