PAOLO RAVLEY LANÇA O ÁLBUM AUTOBIOGRÁFICO “MUNDOS”

“É UM DISCO MAIS DO QUE PESSOAL, ABORDO A IDEIA DE QUE SOMOS SERES COMPLEXOS, MULTIFACETADOS E COM SENTIMENTOS DIFERENTES”, DIZ
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26.11.2021

JrFranch

Depois de um intenso cronograma de lançamentos audiovisuais, Paolo Ravley finalmente entrega seu primeiro e aguardado álbum “Mundos”. Guiado por 13 faixas, projeto mistura riffs de guitarras típicas do nordeste, sintetizadores, percussões reais e orgânicas, além de uma boa programação rítmica. Nas letras, o tom é inteiramente pessoal, cheio de nuances e traços distintos da própria personalidade e história do artista. 

PAOLO RAVLEY LANÇA CLIPE DE “AUÊ” COM GUITARRADAS DO NORTE E NORDESTE BRASILEIRO

“Esse é um disco mais do que pessoal. Nele abordo a ideia de que somos seres complexos, multifacetados e com sentimentos diferentes a cada momento. Mostro um pouco sobre mim, sobre minha família, sobre meus amigos e nossas experiências, falando de carnaval, amor, sonhos, melancolia e outras narrativas super importantes para mim. Posso dizer que tem um olhar esperançoso envolvido e, sobretudo, um alerta para a necessidade de sermos felizes do jeito que somos. É o que eu canto, acredito e – apesar de ainda vivermos em uma sociedade muito heteronormativa e homofóbica – aplico diariamente na minha realidade”, destaca. 

Apresentado pela Elemess, sob licença exclusiva de AmpliCriativa, “Mundos” é para quem gosta de ícones como Duda Beat, Jaloo, Davi Sabbag e Madonna. Essas inspirações são, sim, reflexos da origem brasileira somada com a vivência na cena européia, mais especificamente com os selos Serial Records, Scorpio Music e Armada Music. A produção musical é do próprio Paolo Ravley – considerado uma das grandes promessas da cena pop e lgbtqia+ – em parceria com Bruno Bona da SoundDesign (SP). Na banda base, Ricardo Braga (percussionista) André “Dreg” Araújo (guitarras), Thiago Leal (baixo) e Ico dos Anjos (programação).

Por dentro do álbum – faixa a faixa por Paolo Ravley:

1. Pôr do Sol 

Sabe aquela pessoa que você encontra e idealiza tanto ao ponto de achar que é o amor da sua vida? Pois é… caí nessa e não me arrependo porque experiências estão aí pra serem vividas. Foi rápido e bom enquanto durou, lá em 2016. Foram alguns meses somente e olhe lá! Mas, no fim, depois de tanto drama que criei na minha mente, eu vi tudo com outros olhos. E essa música nasce de um sentimento bom de viver as coisas e deixá-las ir quando assim tiver que ser, guardando somente o que ficou de bom.  

2. Pele Morena 

Meu segundo xodó do EP “Lado B”, depois de “Pôr do Sol”. Não é à toa que virou videoclipe também. O segundo desse projeto que amo tanto. É o que eu chamo de “minha ode ao Mará (nhão)”. É uma mistura, um “balaio de gato”, é muita coisa do meu subconsciente: referências à minha terra, ao meu estado, à minha cultura, à minha São Luís e a alguns dos seus pontos turísticos. É meu passado encontrando meu presente e, também, o meu futuro. 

3. É só me chamar 

Na minha cabeça, eu chamo essa canção de “prima de ‘Pôr do Sol” (risos) – É quase como uma continuação, uma sequência: depois do sol poente, vem o crepúsculo, um novo amor. Bom, esse novo amor ainda não veio, mas gosto de pensar que ele pode estar logo ali. E eu não quero “ter medo do breu”, medo do desconhecido, medo de me jogar de cabeça de novo, me deixando guiar pelo “Cruzeiro do Sul” que me leva onde devo ir. 

 4. Auê

Todo mundo conhece um amigo ‘malandro’ que chega todo cheio de si na balada, na gafieira, no pagode, no samba, seja onde for. Confiante, ele não é necessariamente bonito, mas cheio de charme e toca o terror. Dança, encanta, engana, ele não é mal, mas também não é bonzinho não. Malandro, mesmo. Pois recentemente, depois de muitos anos de curiosidade, descobri um pouco mais da história de meu verdadeiro pai, que faleceu quando eu tinha apenas quatro anos de idade. Depois de alguns anos, minha mãe se casou novamente e meu padrasto meio que proibiu que eu tivesse contato com a família do meu pai. Eis que eu descobri que essa música é basicamente pra ele… muito doido o nosso subconsciente né? 

5. Mundos

E aí temos mais uma canção de amor? Sim e não. Muita gente vai interpretar como tal, talvez. Mas eu penso que essa canção é, sim, uma história de amor em alguns versos, mas também uma carta aberta a mim mesmo. Carta aberta a esse novo eu que renasceu tardiamente. Esse eu que provavelmente estava sempre aqui dentro, mas só se permitiu sair depois de muito tempo. E o engraçado é que eu mesmo só percebi isso quando recebi o roteiro do JrFranch para o clipe. Mas uma vez, compondo muito instintivamente, eu só ‘descubro’ o significado das minhas próprias letras, quando releio elas tempo depois. 

Um exemplo engraçado – ‘Amor quando é amor é livre…’ : cara, eu me descobri muito ciumento e possessivo e tive que aprender a lidar com isso, algo que nunca pensei que eu fosse. 

6. Viagem cósmica

Eu não queria só músicas tristes, melancólicas, introspectivas no álbum. Músicas como Viagem Cósmica, assim como Partiu, Sextou, Outra Vez entre outras, fazem parte de uma mesma família: meu lado mais solar, onde, na maioria das vezes, começo pelo ritmo. Isso não impede que eu brinque com as harmonias, com as palavras, com uma pitada de mistério aqui e ali.

Versos como ‘a mangueira do beco arriou, com a mangueira do beco não dá mais pra lavar lágrimas’ até hoje é um mistério pra mim mesmo. Me remete a minha infância brincando com água da mangueira ou tomando banho de chuva nos becos, nas bicas. E o ‘lavar lágrimas’ me remete a Lavage de la Madeleine, um festival franco-brasileiro muito conhecido em Paris. De forma muito indireta, não sei por que eu penso em carnaval quando escuto esse verso. Vai entender, né?

7. Simples, Fácil

Durante toda a minha vida, principalmente quando decidi mudar para a França muito jovem, muitas pessoas me disseram o que eu deveria fazer do meu futuro. Já ouvi até alguns dizerem que eu era um louco de ter largado uma carreira promissora no Direito no Brasil, pois tinha passado no vestibular antes de ir embora. Já ouvi outros dizerem que eu não obtive êxito maior na minha carreira musical porque eu não fazia o necessário, não fazia isso ou aquilo, o que eles achavam que era muito Simples, Fácil. Pra eles eu tinha a faca e o queijo na mão. Isso me ensinou a pensar sempre duas vezes antes de dar um conselho pra alguém que está tentando correr atrás de seus sonhos. Essa música é pra essas pessoas que acham que correr atrás de sonhos é fácil como o beijo de um lutador, simples como o vôo de um beija-flor. Fácil falar, difícil é fazer, né?

8. Eita, danada!

Sabe aquele amigo que todos nós temos do qual falei em Auê? Aqui você tem a versão feminina dele. E depois pensei: gente, eu tô falando da minha mãe aqui! (risos). Daí continuei escrevendo os versos pensando nela mesmo! E saiu essa canção cheia de gingado e com inspirações do Afro Beat, estilo que curto muito. Ela é uma das poucas canções, como Pele Morena que eu compus a letra sobre o instrumental de amigos produtores, nesse caso, meu amigo Taylor Clock (Miami).

9. Jangada

Essa música era pra ser uma parceria que surgiu logo quando voltei para o Maranhão no final de 2020. Refletindo sobre de que tema falar, não tirava essa palavra Jangada da cabeça. Essa coisa do mar, das jangadas que vejo sempre na minha cidade, na Beira-Mar, enfim, minha estada na minha terra natal estava me inspirando. Infelizmente a parceria não deu certo e durante algumas semanas eu fiquei frustrado, pois comecei a ficar apaixonado pelo instrumental no qual eu tinha trabalhado tantas horas e noites a fundo. Decidi mudar os versos que tinha escrito em comum com a pessoa em questão depois de matar muito minha cabeça, já que estava acostumado com a primeira versão. Mas fluiu. E nasceu essa música que eu curto demais.

10. Partiu, sextou

Já essa, é  da família de “Outra Vez”. Aqui, eu queria aquela mesma leveza. Minha “experimentação” com outros ritmos me tinha agradado muito. Decidi então chamar os mesmos músicos (o baixista Thiago Trindade e o guitarrista “Dreg” Araújo, ambos maranhenses) para trazer essa pegada regional, uma vez que eu já tinha toda a ideia da letra, composição e produção. 

Me imaginei simplesmente numa festa de rua, num festejo, em um carnaval… “deixa a cobra fumar, deixa a cobra fumar, ‘benza, Deus”… deve ter sido por isso que me veio esse verso. O resto foi fluindo. Sempre pensando mais na música, no ritmo, do que na letra.  Sempre muita leveza e simplicidade, me deixando levar, sem muita reflexão, de novo.

11. Ladeira 

Como sempre, vou oscilando de humor! Voltemos à reflexão e introspecção. Aqui eu volto a utilizar meus artifícios de música eletrônica com poesia “à la MPB”. Me imagino eu pelas minhas andanças pela minha cidade natal quando era adolescente. Subir e descer ladeiras é comum quando se passeia pelo Centro de São Luís. E o mar… sempre a alguns passos… 

“Estrela do mar, estrela, Odoyá, mãe”. Uma de minhas grandes amigas é muito ligada às religiões de matriz africana e sempre conversamos muito sobre isso. Muitas das referências a entidades africanas que vocês ouvem nas minhas músicas, são influência dela, mesmo sabendo que as palavras me vêem, na maioria das vezes, muito naturalmente.

Há algo intrínseco a essa canção: um caráter político velado. Em frases como “não quero mais hastes nas bandeiras” e “não quero mais ser alvo da sua mira”, eu, quase insconscientemente, falo sobre a militarização da política brasileira atual e sobre como os corpos LGBTQIA+ continuam sendo presas fáceis nesse contexto de intolerância.

12. Outra vez

E nasce aí minha vontade de conjugar sons eletrônicos com “regionalismos”, seja lá o que isso queira dizer. Meio que sem querer, me veio essa ideia de “guitarrada” que nos lembra muito os sons típicos do Norte/ Nordeste. Daí eu apenas me deixei levar para criar uma letra leve, sem muita reflexão. Aqui não é “introspecção”, mas, sim, “extrospecção”. É música pra se deixar levar, pra dançar, pra “curtir”.  

13. Caminho

Foi a primeira canção que nasceu desse projeto. Melancólica porque eu estava num processo de cura pessoal, saindo do casulo, renascendo com a coragem de afrontar o modo aqui fora pra mostrar quem sou eu de verdade, ou, ao menos, uma parte de mim. Eu finalmente caminhava em paz pra entregar esse primeiro álbum do qual já tenho muito orgulho.

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