Várias pessoas se questionam. O que é? O que faz um critico de cinema? Pensando nisso tiramos as dúvidas com o critico Christian Petermann, há 28 anos nessa profissão.
Portal Pepper – De onde veio esse interesse pelo cinema?
Christian Petermann – Ele surgiu espontaneamente. Minha mãe sempre gostou de ir ao cinema e meus pais me levaram algumas vezes entre os meus 4 e 8 anos. A partir daí fui ficando atento. A partir dos 11 ou 12 anos, comecei a ler e a colecionar absolutamente tudo sobre cinema que caía em minhas mãos (considere que corriam os anos 1970, não havia acesso a quase informação alguma). E quando descobri, pouco tempo depois, o que significava o termo “crítico de cinema”, soube de imediato que era isso que eu queria ser.
PP – Você prefere filmes blockbuster ou algo mais cult?
CP – Eu prefiro filme bom, seja este uma obra autoral, um produto trash, o filme comercial mais previsível do mundo, uma superprodução requintada, uma realização ultra-independente, a versão de um livro existencial ou a de uma história em quadrinhos. O que é necessário é o filme ser bom, num equilíbrio de entretenimento e valor, tanto estético quanto temático.
PP – O que não pode faltar para um cinéfilo?
CP – O cinéfilo deve ser um eterno curioso, assistir a filmes, ler sobre sempre que puder e, de preferência, com o menor preconceito possível, para realmente absorver a multiplicidade da expressão. É difícil, eu não gosto de filmes de faroeste, por exemplo, mas a cinefilia se pratica também procurando interesses em obras distantes de nossos gostos. Ser cinéfilo é (re)descobrir a cada dia o prazer de se assistir a filmes.
PP – Explique o trabalho de um crítico de cinema. Qual o melhor filme de todos os tempos?
CP – Não há o melhor filme de todos os tempos. Os tempos mudam, as análises críticas mudam, o próprio ser humano não é o mesmo, dia após dia. Eu me sinto completamente incapacitado e desinteressado em eleger um melhor filme, ainda mais “de todos os tempos”. Já o crítico de cinema é aquele que traduz o filme para o espectador, apresenta um resumo e uma (ou mais) leitura(s) de seu conteúdo audiovisual. Como cada tradutor usa palavras diferentes, as críticas diferem entre si por carregarem históricos culturais e morais particulares. Mas a função do crítico não é estabelecer uma verdade e dizer o que um filme “é”, mas apenas traduzi-lo, apresentar uma de suas faces para compreensão e deleite do espectador.