“O IMPULSO”, DE ASHLEY AUDRAIN, TRAZ À TONA DILEMAS DA MATERNIDADE E DISCUTE AS ORIGENS DA VIOLÊNCIA

O THRILLER, EM CAPÍTULOS CURTÍSSIMOS, ENGATA DE UMA FORMA QUE É IMPOSSÍVEL LARGAR A NARRATIVA
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22.05.2021

Divulgação

De onde vem o amor materno? Ou melhor, toda mãe necessariamente ama seu filho? E qual é a origem da maldade? O ser humano nasce violento ou torna-se violento? Estas e tantas outras questões obscuras compõem o drama psicológico “O Impulso”, da autora canadense Ashley Audrain, lançado em 2021 no Brasil pela editora Paralela, selo da Companhia das Letras

AS MARAVILHAS DE LER PARA UMA CRIANÇA

A história segue a protagonista Blythe Connor. Logo de cara, nos deparamos com uma narrativa diferente, já que Blythe conta a sua versão para o marido, e não para o leitor. Apesar de suas aspirações numa carreira literária, ela se casa com Fox e engravida da pequena Violet. Blythe está decidida a ser uma mãe exemplar e carinhosa, bem diferente da experiência vivida com sua própria mãe, Cecília, repleta de traumas. 

A trama, aliás, ganha ainda mais complexidade quando dá saltos ao passado para contar as vivências não apenas de Cecília, mas também da avó de Blythe, Etta, que apresentava uma relação extremamente violenta com a filha.

Na trama, logo quando Violet nasce, Blythe não consegue se conectar com a filha, diferentemente do marido, que morre de amores pela menina. Apesar de perceber algo diferente na criança, Fox insiste em dizer que o erro está na mãe. “Eu precisava desesperadamente de mais tempo para mim. Queria uma folga dela. O que me parecia um pedido razoável, mas você me fazia sentir como se ainda precisasse me provar para você. Sua dúvida persistente, embora silenciosa, pesava tanto que às vezes era difícil respirar perto de você.”

“O MENINO DO BOSQUE”, DE HARLAN COBEN, LEVANTA TEMAS COMO BULLYING E A NECESSIDADE DE CONHECER AS ORIGENS

Quando Violet, ainda na primeira infância, começa a apresentar comportamentos muito agressivos, um novo bebê chega à família, Sam, e, com ele, a tão esperada conexão materna. A partir daí, o leitor pode esquecer de respirar: o thriller, em capítulos curtíssimos, engata de uma forma que é impossível largar a narrativa. 

Se você gostou de livros como “Precisamos Falar Sobre o Kevin”, de Lionel Shriver, e “Menina Má”, de William March, “O Impulso” traz discussões de igual potência e, por ser o romance de estreia de Ashley Audrain, promete alavancar a autora no mercado literário.

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