Novembro chegou e com ele o mês da Paciência Negra. Várias são as perguntas sobre o racismo que são feitas na busca de uma defesa para que o título de racista não grude no corpo como já tem sido anunciado na cor da pele.
O X DA QUESTÃO – COMO ESTÁ A ROLAGEM PRETA NO FEED DE NOSSAS REDES SOCIAIS?
O baiano Luã Andrade nos traz uma reflexão massa sobre isso no em seu perfil do Instagram: “Nem todo branco acha que preto é subalterno, mas todo branco já foi incentivado a pensar que sim. Nem todo branco chama preto de macaco, mas todo branco conhece outro que já fez isso. Nem todo branco debocha de cabelo crespo, mas todo branco cresceu ouvindo que cabelo bom é cabelo liso. Nem todo branco tem uma vida fácil e abastada, mas todo branco usufrui do racismo estrutural que inferioriza o negro…”.
Estas observações podem soar como ataques para aqueles a quem a carapuça serve, mas para os que estão se enveredando pelo caminho do antirracismo, isso serve para um despertamento e percepção do mundo em que vivem. Nem sempre, nós negros, estamos com disposição para questões óbvias que já foram mais do que comentadas. É hora de avançarmos. Derrubar o sistema de racismo estrutural e isso é um problema branco, pois foi quem o criou.
Muitos perguntam como vão aprender se não há quem os ensine. Eu respondo com outra pergunta: Quando querem saber sobre a vida de alguma cantora pop, ou algum lugar maravilhoso para irem às próximas férias, ou ainda, quando querem conhecer sobre alguma cultura nórdica, qual o caminho que tomam? Isso mesmo, o Google, o novo pai dos ignorantes. Lá encontra-se respostas para tudo. Vale a pena tentar.
Lá há diversos sites, perfis, estudos, matérias, entrevistas, vídeos e tudo que se assemelha a isso, explicando dos assuntos mais bobos aos mais complexos sobre negritude, basta um esforço. Como diz um ditado popular: “Quem quer age, quem não quer, arranja desculpas”.
Nossa luta racial está além de turbantes, transição capilar ou a dúvida se o termo correto é preto ou negro. Queremos resolver a charada dos corpos pretos que são assassinados a cada 23 minutos no país. Queremos solucionar o problema dos altos índices de desemprego da população negra. Queremos entender o motivo de não termos grandes lideranças negras nas políticas de esquerda, mas sermos os principais assuntos no meio desta polarização onde o intuito é só o poder. Queremos mais que respostas. Queremos ações.
Esta semana duas produções audiovisuais me tocaram profundamente, onde vemos o maniqueísmo desta estrutura. A série “Sintonia”, da Netflix, que estreou sua segunda temporada, traz o dia a dia de jovens da periferia paulista. É importante percebermos as diferenças destes jovens para os de outros estados brasileiros, porém o racismo é reinante em todos eles. Assistindo qualquer produção, é impossível pra mim não observar os negros e suas realidades nestes trabalhos, e nesta obra vemos que a oportunidade para o único protagonista negro é o crime e apesar de ter ciência que precisa sair deste caminho, a dificuldade para tal é enorme.
O racismo está em um momento em que uma jovem negra, cantora de funk, não recebe apoio de figurões da indústria enquanto os cantores brancos se apoiam em seus lances, está no respingo do crime em que os negros são vistos com bandidos e nem sempre o “me diga com quem andas que eu te direi quem és”, está certo.
A outra produção, também é uma série, “Colin em Preto e Branco”, (Netflix). A história verdadeira do astro do futebol americano, Colin Kaepernick, que decidiu pelo ativismo antirracista e com isso perdeu alguns privilégios. Esta narrativa é contada pelo próprio e mostra a adolescência dele, um jovem que foi adotado por pais brancos. Uma excelente observação sobre como este sistema racista está alojado mesmo onde há amor. Indico estas séries para começo de mês e talvez haja em você, que está lendo este texto, certo incomodo por tanta repetição da palavra racismo e seus derivados, isso é intencional, pois precisamos dar nome aos bois.
Tenham um ótimo mês para transformações de consciência.