Natural de Tupã, interior de São Paulo, Nina Pandolfo demonstrou interesse pela arte desde pequena, caçula de quatro irmãs, a artista plástica e grafiteira tem como marca registrada figuras femininas com olhos gigantes.
“Tenho o universo feminino muito forte na minha vida, não tinha como não ter essa carga de feminilidade no meu trabalho. Essas meninas da minha arte, veio comigo, e não possui influência de anime e mangá”, destaca Nina. Com o anúncio da quarentena, devido à pandemia do novo coronavírus, a artista que tinha exposição agendada em Baku, capital do Azerbaijão, teve a mesma adiada. “Minha passagem estava comprada, mas a fronteira foi fechada e a exposição adiada, infelizmente, mas ela vai acontecer, só não sei quando. Metade da mostra já esta em Baku, esse projeto vai ter muita interatividade”, comentou.
A artista plástica em produção de mais uma obra
Com o nicho predominantemente dominado por homens, Nina Pandolfo até hoje sofre com o preconceito, pelo simples fato de ser mulher. “Sofri preconceito, não só por ser mulher, mas também pelo meu estilo fofo demais, muita gente dizia que meu trabalho não era grafite, eu tampava os ouvidos, pois acredito no meu estilo e deixo passar a critica. Pouco tempo atrás eu sofri mais um preconceito, um curador disse que meu trabalho é incrível, mas que não me chamava para a exposição por pintar meninas, mas tinha outros artistas que pintavam meninas, ele não me convidou porque eu era mulher”, lamentou a artista.
Nina não para, com sua recente mostra “Gratitude” finalizada na JD Malat Gallery, em Londres, a grafiteira além de expor no Azerbaijão, ainda este ano, irá lançar um print para os paulistanos que tanto pedem por novidades em seu trabalho, logo mais será divulgado informações em suas redes sociais e pretende criar uma mostra em São Paulo. “Quero fazer algo aqui em breve, esse projeto vai ser algo do meu coração, além da exposição quero conciliar um mural para a cidade, algo que fique por muito tempo, após minha viagem a Baku começarei a colocar em prática”.
A grafiteira Nina Pandolfo
Em uma cidade multicultural como São Paulo, a arte de rua ainda não é bem vista por muitas pessoas, alguns grafites sofrem com ações governamentais que simplesmente exterminam o colorido com tons cinzentos, além de não possuir incentivo cultural. “O grafite veio da marginalidade, ele nunca precisou de uma ajuda ou incentivo para existir, teoricamente, toda a arte no Brasil, música, dança, teatro, todos precisam de incentivo, a arte é um todo. Como o grafite veio disso, ele não precisa de nada para sobreviver, esse é o meu ponto de vista, precisamos de segurança na rua para grafitar melhor. O grafite é gostoso por causa da liberdade que ele traz pra gente”, finaliza.