“MEU CORPO: TERRITÓRIO DE DISPUTA” EVOCA EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS POR CORPOS FEMININOS NA GALERIA NARA ROESLER

“VIVER EM UM CORPO RECONHECIDO COMO DE MULHER É SABER QUE ESTE CORPO PODE SER VIOLADO”, DIZ A CURADORA GALCIANI NEVES
}

07.02.2023

Divulgação

A galeria Nara Roesler São Paulo tem o prazer de inaugurar seu calendário anual de exposições com mais uma edição do Roesler Curatorial Project. A coletiva “Meu Corpo: Território de Disputa”com curadoria de Galciani Neves, reúne 27 artistas mulheres expoentes de diferentes gerações, cujos trabalhos evocam as experiências vivenciadas por corpos reconhecidos como de mulher. A mostra abre ao público no dia 9 de fevereiro de 2023. 

MULHER ALÉM DO ÚTERO: O PODER SOCIAL SE SENTE DONO DO NOSSO ORGÃO

“Viver em um corpo reconhecido como um corpo de mulher é saber que este corpo pode ser apalpado, violado, avalizado subitamente. Viver em um corpo reconhecido como um corpo de mulher é viver um corpo-escudo, um corpo-flama, apto ao embate. Estamos em estado de combate e defesa”, afirma Galciani Neves, ao definir as inquietações que deram origem a seu projeto curatorial.

Enquanto as estatísticas se revelam assombrosas pela crueza dos fatos – o Anuário Brasileiro de Segurança Pública aponta que uma mulher é vítima de feminicídio a cada 7 horas, no país – Neves apresenta um conjunto diverso de estratégias poéticas desenvolvidas pelas artistas, que encaram esse cenário a partir da crítica, da fabulação, da autoafirmação e do reconhecimento de ser mulher no Brasil. Propondo uma corporeidade centrada no desejo, na espiritualidade e na ancestralidade, as artistas fazem do corpo um espaço de luta, resistência, força e gozo.

PEITO É CORPO: A HIPOCRISIA DAS TARJAS

A mostra se organiza em três eixos principais, intitulados: “A Liberdade Também é Um Combate”, “Fabular Uma Anatomia Experiencial” e “Corpo-Floresta em Desbunde”Na primeira sessão figura Quando Todos Calam #2 (2009), trabalho icônico de Berna Reale, na qual a performer se deita, nua, coberta por vísceras, sobre uma mesa a céu aberto no Mercado Ver o Peso, em Belém. Reale, que também atua como perita criminal, conhece a materialidade da violência em toda sua brutalidade. Outras formas de violência visíveis, como aquela instituída pelas representações da história da arte, aparecem no trabalho de Anna Bella Geiger, assim como a dos padrões de beleza, criticado no sedutor, mas perigoso, vestido de navalhas de Nazareth Pacheco.

A linguagem desponta como estratégia que permeia a exposição na construção de narrativas elusivas e angustiantes, como as bandeiras das Terroristas del Amor, o letreiro neon de Lívia Aquino, os desenhos-anotações de Letícia Parente, e a colagem de notas fiscais e fotografias de Renata Felinto. As imagens também se guiam pela criação de ficções poéticas e irônicas, como no trabalho Identidade é Ficção (2019), de Sallisa Rosa, goiana radicada no Rio de Janeiro; também pela fabulação acerca de ataques e violências, como em Memória Demarcada(2020), da carioca Sumé Vasconcelos (Yina); assim como pelo registro de processos ritualísticos apresentado em Dissoluções (2021), de Rubiane Maia, capixaba radicada no Reino Unido.

E PRA VOCÊ, O QUE É SER MULHER?

Como não poderia deixar de ser, o corpo, como força de autoria, e sua anatomia, como estratégia de resistência, aparece como um dos principais temas dos trabalhos. Os objetos poéticos de Brígida Baltar se destacam pela estranheza das formas corporais distorcidas, e dialogam com as esculturas de Josi e pela organicidade minimalista presente nas obras de Flávia Vieira. Já os trabalhos de Djanira, Tadaskia e Hariel Revignet discutem temáticas relacionadas à ancestralidade. A dimensão política, por sua vez, perpassa todos os trabalhos, com destaque para os retratos de Guerrilheiras, da série Alma de Bronze de Virgínia de Medeiros.

Durante meses, a artista conviveu com as lideranças femininas do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), fotografando-as em seus lares. Como é comum na prática de Medeiros, o corpo não é só o individual, mas também é um corpo coletivo, um corpo político que constrói, com o outro, o reconhecimento. Artista participantes: Anna Bella Geiger, Berna Reale, Brígida Baltar, Djanira, Daiara Tukano, Eneida Sanches, Fernanda Gassen, Flávia Vieira, Hariel Revignet, Isabella Beneduci, Josi, Laura Berbet, Letícia Parente, Lívia Aquino, Maré de Matos, Monica Ventura, Nazareth Pacheco, Renata Felinto, Regina Parra, Rubiane Maia, Sallisa Rosa, Sumé Vasconcellos, Tadáskía, Terroristas del Amor , Vânia Medeiros e Virginia de Medeiros.

SERVIÇO

Exposição Coletiva “Meu Corpo: Território de Disputa”

Onde: Galeria Nara Roesler

Endereço: Avenida Europa, 655, Jardim Europa – São Paulo

Quando: 9 de fevereiro a 15 de março

Horário: segunda a sexta das 10h às 19h e sábado das 11h às 15h

Quanto: entrada gratuita

Informações: (11) 2039-5454 ou através do site

Sua notícia no Pepper?

Entre em Contato

Siga o Pepper

Sobre o Portal Pepper

O Pepper é um portal dedicado exclusivamente ao entretenimento, trazendo ao internauta o que há de mais importante no segmento.

Diferente de outros sites do estilo, no Pepper você encontrará notícias sobre música, cinema, teatro, dança, lançamentos e várias reportagens especiais. Por isso, o Pepper é o portal de entretenimento mais diversificado do Brasil com colunistas gabaritados em cada editoria.