METAVERSO – O MEDO DE FICAR POR FORA DA NOVA SENSAÇÃO OU APROVEITAR A VIDA REAL?

ATRAVÉS DE AVATAR, A FERRAMENTA BUSCA PROMOVER NOVOS TIPOS DE CONEXÕES HUMANAS A PARTIR DE REALIDADE VIRTUAL AUMENTADA
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22.12.2021

Divulgação / Reprodução

Há alguns meses, Mark Zuckerberg anunciou a mudança do nome do grupo de empresas pertencentes ao Facebook (Facebook, Instagram e Whatsapp), o qual passou a se chamar Meta. Nessa nova fase, sua empresa estará focada na criação de experiências com realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA) para seus usuários interagirem online, como se estivessem reunidos fisicamente.

VOCÊ JÁ ESCUTOU FALAR EM GENUINFLUENCERS E DESINFLUENCERS?

Logo, o reposicionamento de marca e novo nome ao conjunto de empresas do grupo trazem consigo uma grande novidade ao mundo digital: seu novo serviço, o Metaverso, que propõe um mundo virtual que se “espelha” no mundo real, prometendo ser este um novo capítulo na internet. Portanto, o Metaverso busca promover novos tipos de conexões humanas e inaugurar diferentes formas de trabalho, lazer e, até mesmo, viagens, onde as pessoas poderão interagir por meio de avatares 3D e a partir de tecnologias como realidade virtual aumentada.

Metaverso

Esse ambiente tridimensional (atualmente, as mídias sociais são bidimensionais) pode ser acessado por meio de fones de ouvidos, óculos rift ou relógios conectados. A principal diferença é que, em um espaço tridimensional, o usuário consegue ter a sensação de estar dentro da própria web e experimentar a conexão de forma mais completa e parecida com o mundo real.

Metaverso por Mark Zuckerberg

Não é episódio da série Black Mirror, não! É isso mesmo que você leu: as pessoas vão poder criar um avatar e ter uma vida virtual, uma casa virtual, se relacionar com pessoas virtualmente. Já existem empresas comprando terrenos virtuais no Metaverso. Um dos principais projetos de metaversos, o The Sandbox, é um mundo de jogos online. Ele permite aos usuários ter lotes de terra e vários objetos, como um Second Life aprimorado.

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Contudo, não é só a Meta que aposta no RV e RA: a Epic Games utiliza seu popular jogo Fortnite para promover experiências com RV, tendo alcançado mais de um milhão de espectadores nos shows virtuais do rapper Travis Scott (assista abaixo) e da cantora pop Ariana Grande. A Nike, aproveitando o boom do Metaverso, começou a representar virtualmente seus tênis vendidos como NFTs (blockchain que funciona como uma espécie de criptomoeda), para que estes possam ser usados em jogos e outras experiências no Nikeland, metaverso sendo desenvolvido pela marca.

Alguns artistas, já criaram seus avatares. Sabrina Sato deu vida a Satiko, um misto de avatar da artista, com uma figura dotada de personalidade própria. Sabrina conta com mais de 30 milhões de pessoas no Instagram e disse, nessa mídia social, que a criação de Satiko deu-se, pois: “Satiko nasceu com a proposta de ampliar a forma como interajo e me comunico com vocês. Ela viverá experiências que não tenho tempo de viver e produzirá um conteúdo diversificado. Satiko tem vida e personalidade própria”.

Eu entendo todas as oportunidades de negócios e as novas interações que surgiram e surgirão com o Metaverso, mas, eu penso: “mais uma plataforma que tenho que estar… que preguiça!”. E sabe aquela sensação de que, se não estivermos estabelecidos ali, nesse novo “universo”, vamos ficar de fora das novidades?

Satiko por Sabrina Sato

Essa sensação de estar por fora se chama “Fear of Missing Out”, ou F.O.M.O. Seria “o medo de ficar por fora”, traduzido para o português. O termo foi citado pela primeira vez em 2000, por Dan Herman, e definido anos depois por Andrew Przybylski e Patrick McGinnis como o medo de que outras pessoas tenham boas experiências que você não tem.

E isso impacta diretamente as nossas relações: checar nossas mídias sociais de cinco em cinco minutos, para não perder nenhum assunto novo, não conseguir se relacionar com profundidade com as pessoas, por ficar sempre na expectativa de que o próximo match seja melhor que o anterior, não conseguir nem pensar em desligar o celular e viver uns dias longe das mídias sociais.

FoMO

O FoMO nos faz constantemente ter a sensação de que não estamos vivendo plenamente, pois vemos nossos amigos fazendo mil coisas legais nas mídias sociais e parece que a nossa vida sempre está para traz, numa corrida que não tem fim, nos trazendo mais ansiedade e fazendo com que postemos coisas que compramos e adquirimos perpassem o ser, individando muitas pessoas, em busca de (mostrar) uma vida feliz. Eu sinto que o Metaverso é um ótimo ambiente para isso se agravar, pois “a grama virtual do vizinho pode ser mais bonita que a nossa”.

Por conta de todos os problemas trazidos pelo FoMO (ansiedade, depressão, comparação social), surge um movimento denominado J.O.M.O., ou “Joy of Missing Out”, o qual se refere em ter prazer em não acompanhar tudo e, de simplesmente, viver o hoje e o agora. O JoMO nos faz esse convite para vivermos cada vez mais nosso propósito, repensar o significado de nossas atitudes, redefinindo a palavra sucesso e vermos se, de fato, agrega alguma coisa estarmos em todas as mídias sociais e por dentro de todos os assuntos possíveis e imagináveis.

FoMO vs JoMO

A pandemia me ensinou que nada substitui momentos valiosos presenciais e, por ora, mesmo sendo professora de marketing digital, prefiro não entrar na pilha do inconsciente coletivo e já vivenciar de cabeça mais uma experiência virtual, afinal, como escrevi, “preguiiiiça” (risos). Não julgo quem já possui seu avatar ativo nesse mundo virtual, mas, nesse momento, opto estar fora dessa mídia (enquanto ainda posso e não sou obrigada a ter alguma coisa por ali, como transação bancária, atividades acadêmicas, entre outros).

Vou praticar mais o JoMO em 2022: viver mais meus hobbies, relacionamentos e projetos, focando no que realmente importa, desabilitarei notificações de aplicativos, afinal, como diria Leandro Karnal, sou professora, não obstetra para ter o meu Whatsapp todo tempo me notificando se “vai haver o parto de um bebê, a qualquer instante”. Deixarei de me comparar com as pessoas nas mídias sociais, afinal, todos nós somos seres vulneráveis, cheios de incertezas e problemas.

Que em 2022 você consiga se desconectar mais e viver mais o hoje. Que você cuide com carinho da sua saúde mental e dos seus. Saio de férias, com a felicidade de que meus textos te fizeram refletir um pouco sobre a sua existência e suas ações. Muita paz e saúde.

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