E O OSCAR DE MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO VAI PARA…

“PINOCCHIO” E A “VOZ SUPREMA DO BLUES” LIDERAM O FAVORITISMO DO PÚBLICO
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01.04.2021

Divulgação / Reprodução

Atualmente, a maquiagem é lembrada pelos tutoriais no Youtube ou pelas transformações nos programas televisivos, mas a grande verdade é que tudo começou muito antes – nas artes cênicas. O teatro é considerado o berço das manifestações artísticas. Desde a Grécia Antiga, Índia, Japão e Europa, onde os atores eram e são maquiados e caracterizados de acordo com as características físicas daquela figura a ser retratada, é um ritual essencial para a criação do personagem.

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Com a chegada do cinema a maquiagem passa a ter muito mais importância na elaboração dos personagens e principalmente no resultado estético do filme. Maquiagens estas feitas com próteses, perucaria, sangue falso, técnicas de luz e sombra que realçam e alcançam resultados surpreendentes e essenciais para algumas histórias. Você imagina a personagem Mística do longa metragem “X-Men” sem o tão característico tom azul de pele e cabelo vermelho? Ou o fantástico “O Homem Elefante” (1980), sem aquele problema no rosto? 

MISTICA (X-MEN) – JENNIFER LAWRENCE

Pois é! Fico me perguntando se George Henry Westmore, um dos primeiros maquiadores de Hollywood e o criador do primeiro departamento de maquiagem na Selig Polyscope Company em 1917, tinha noção que o seu departamento se tornaria tão fundamental quanto o figurino ou cenografia. Trabalho que conquistou o direito a uma categoria na premiação mais importante do cinema – o Oscar. No início eram feitas apenas homenagens esporádicas para um ou outro trabalho, como no caso do meu mestre Max Factor que recebeu uma estatueta em 1929 por suas contribuições à indústria cinematográfica. 

O HOMEM ELEFANTE (1980)

OS VERDADEIROS INFLUENCIADORES DA BELEZA

Somente em 1982 é que passamos a ter uma categoria só nossa. Depois de a Academia ter recebido uma série de reclamações por não ter premiado  o filme “O Homem Elefante”. Foi aí então, que passamos a ter a categoria de melhor maquiagem ou mais recentemente “melhor maquiagem e penteados”. Eis que chegamos a 2021, onde para mim, a disputa pelo homenzinho dourado está bem eclética. Do filme de época “Emma”, ao quais os penteados aparecem mais que a maquiagem, a reconstituição histórica de “Mank” passando pela maquiagem transformadora e realista de “Era Uma Vez Um Sonho” e “A Voz Suprema do Blues”, chegando ao fantástico e lúdico “Pinnochio”

Pois bem, façam suas apostas! 

EMMA

O filme traz muitos trajes magníficos, quase um sonho, executados com cores e estilos que poderiam ter saído de uma passarela. O diretor Autumn De Wild fez questão de reunir um time primoroso para este trabalho. O diretor de arte, Kave Quinn, a figurinista vencedora do Oscar Alexandra Byrne e claro, para o departamento de cabelo e maquiagem, a designer Marese Langan. 

Juntos, planejaram cuidadosamente uma série de paletas de cores para as personagens em cada situação. Tons pastéis exuberantes, tons alaranjados profundos, rosados ​​e azuis escuros, que estavam em alta no início do século XIX. 

“Quando tivemos nosso primeiro encontro, discutimos cada personagem em detalhes, suas diferenças de personalidade, vaidade e classe, enquanto analisávamos retratos e imagens do período retratado, para construir uma imagem. Isso se tornou a base de nossas decisões estéticas”, disse Marese em entrevista à Revista Vogue.  

ERA UMA VEZ UM SONHO – (HILLBILLY ELEGY) 

“O melhor passo que você pode dar como ator ou atriz é não se preocupar com sua aparência, ao em vez disso, entre no personagem”, comentou Matthew Mungle à Revista Variety. Responsável pelo design de maquiagem e próteses para a transformação da atriz Glenn Close, em algo quase irreconhecível, como Mamaw Vance. Mungle já havia trabalhado com Close no  filme “Albert Nobbs”. Os testes de caracterização foram feitos em New York e apenas foi adicionada à maquiagem, uma ponta de nariz e ponta das orelhas. Um trabalho tão minucioso e quase imperceptível. Não era pra menos, estamos falando da era 4K, onde qualquer defeitinho se torna gigante na tela. 

Foram confeccionados mais de 20 conjuntos de próteses para a atriz, caso vocês não saibam, esse material não é reaproveitável. Por isso os orçamentos para o departamento de maquiagem são altos em Hollywood. 

A VOZ SUPREMA DO BLUES – (MA RAINEY’S BLACK BOTTOM) 

Viola Davis literalmente se funde no papel-título da cantora Ma Rainey, considerada a mãe do blues.Seu rosto marcado com muito suor e blush, uma peruca dura feita de crina de cavalo,  torna-se uma das imagens mais marcantes do filme. O maquiador Sergio Lopez-Rivera e a hair stylist Mia Neal, são os responsáveis pela caracterização de Viola para a trama. 

Eu imagino o desafio de retratar essa imagem/maquiagem, já que não existem registros do que ela fazia ou usava. O que chamou atenção foi que Lopez maquiava a atriz apenas com os dedos, não trabalhou com pincéis, tudo para dar um aspecto natural e rústico à caracterização. Simplesmente brilhante!

MANK 

300 tonalidades de batom vermelho foram testadas para o filme, não só para obter o tom mais próximo à realidade, mas porque o diretor, David Flynch, tem horror a cor vermelha. Sim, este foi um dos desafios enfrentados pela maquiadora Gigi Williams para o filme. O longa rodado todo em preto e branco retrata o processo de gravação do filme “Cidadão Kane” – um dos maiores desafios para a maquiagem num filme como este é encontrar produtos, hoje, que dêem a textura e acabamento similares aos usados no passado. Não é apenas o desenho da sobrancelha ou formato da boca, mas a luminosidade da pele ou a cor que o batom imprime.

Para Gary Oldman por exemplo, a proposta foi deixá-lo nu. Calma, no caso dele, sem maquiagem alguma de efeitos, próteses ou afins. Oldman é famoso não só por suas impressionantes interpretações, mas também por usar a maquiagem como sua grande aliada no processo criativo. Porém neste caso, teve que se contentar com apenas uma base hidratante. 

PINOCCHIO 

Eis que ressurge um filme em que a maquiagem é quase protagonista, não levando retoques de computação gráfica. Roberto Benigni volta à cena, como o carpinteiro Geppetto, que constrói um boneco para “substituir” o filho que nunca teve. O diretor Matteo Garrone chegou a dizer – “Sem técnicas digitais, apenas maquiagem para o filme”. 

Eis que o vencedor do Oscar, Mark Coulier, que criou os personagens de Harry Potter e ganhou um Oscar por “O Grand Hotel Budapeste” e “A Dama de Ferro” foi chamado para a tarefa.  

O garoto Federico Lelapi que interpreta o personagem título passava três horas diárias na cadeira de maquiagem para sua transformação. As criaturas fantásticas que contracenam com Pinocchio, também tiveram suas horas de pura maquiagem – a Caracol Avó (Maria Pia Timo), o Juíz Gorila (Teco Célio) e claro o Grilo Falante (Davide Marotta), sem contar os dois vigaristas conhecidos como o Gato (interpretado por Massimo Ceccherini) e a Raposa (Rocco Papaleo), que em minha opinião, merecem um filme solo. 

Mas é claro que não poderia deixar de destacar a Fada Azul, que aparece em dois momentos diferentes. Uma como uma menina brincalhona e depois mais adulta, a Fada Azul aparece como uma bela jovem (a atriz francesa Marine Vacth). Confesso que não é a caracterização mais impressionante, mas é de uma delicadeza e realismo impressionante.

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