COTADO PARA O OSCAR, DOCUMENTÁRIO “BOA NOITE, OPPY” OMITE CONQUISTAS RELEVANTES

DISPONÍVEL NO PRIME VIDEO, PRODUÇÃO DETALHA MISSÃO DA NASA EM MARTE
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15.12.2022

Divulgação / Reprodução

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos anuncia no próximo dia 21 de dezembro os pré-finalistas ao Oscar 2023 em dez das 23 categorias que compõem a premiação, incluindo 15 produções na disputa de melhor documentário em longa-metragem, de onde sairão os cinco indicados ao prêmio, a serem anunciados em 24 de janeiro.

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Entre esses 15 documentários, e possivelmente entre os cinco finalistas posteriormente (mas não favorito), deve figurar ‘Boa Noite, Oppy’, de Ryan White, lançado pela Amazon Prime Video no final de novembro e que vem colecionando prêmios (como as cinco estatuetas no 7º Critics Choice Documentary Awards, incluindo a de melhor documentário e melhor direção) e indicações (por exemplo, ao Satellite Awards, promovido pela Press Academy, associação de jornalistas internacionais semelhante à que concede o Globo de Ouro), pavimentando seu caminho rumo ao Oscar – apesar do revés recebido nesta terça-feira (13) ao não constar entre os concorrentes anunciados para o prêmio do sindicato dos produtores (PGA), outro importante indicativo sobre a premiação da Academia.

O filme narra a missão Mars Exploration Rovers (“veículos exploradores de Marte”, em tradução livre), lançada pela Nasa no início da década de 2000 e responsável por levar ao planeta vizinho dois veículos robóticos, batizados Spirit e Opportunity, para vasculhar o solo marciano por ao menos 90 dias. O primeiro permaneceu em atividade por sete anos, enquanto o irmão gêmeo que dá nome ao documentário esteve ativo por 15 anos, mantendo, consequentemente, a atenção e afeto de sua equipe durante todo esse período.

Apesar das espetaculares imagens realísticas geradas pela poderosa Industrial Light & Magic, divisão de efeitos especiais fundada por George Lucas nos anos 70 e desde 2012 sob guarda da Disney, é no apego emocional entre cientistas e os pequenos veículos (de tamanho semelhante a carrinhos de golfe), humanizados desde os minutos iniciais, que a produção tem seu ponto forte, com depoimentos apaixonados de integrantes do projeto registrados antes, durante e após a missão.

O mesmo não se pode dizer da cronologia apresentada, já que omite ao menos dois fatos especialmente relevantes para o contexto da empreitada. O primeiro diz respeito ao histórico de missões da Nasa no planeta vermelho. De forma justa, o documentário cita o programa Viking, que enviou à Marte duas sondas (Viking 1 e Viking 2) em 1975, cada uma consistindo em um orbitador e um aterrissador, que chegaram ao destino no ano seguinte. O mais longevo dos componentes, o aterrissador da Viking 1, atuou na superfície marciana até novembro de 1982.

A omissão se dá ao sequer mencionar a missão Mars Pathfinder, que em dezembro de 1996 enviou pela primeira vez um veículo motorizado ao planeta. Com dimensões próximas às de um microondas, o pequeno Sojourner esteve ativo em solo alienígena de julho a setembro de 1997. A ausência é significativa, pois a expertise adquirida pela Pathfinder foi fundamental para o sucesso de Spirit e Opportunity alguns anos depois, como bem explicado em ‘Expedição Marte’ (2016), documentário da National Geographic, disponível no Disney+, de proposta bem semelhante à de ‘Boa Noite, Oppy’. Outra produção recente que destacou a importância da missão foi a ficção ‘Perdido em Marte’ (2015), quando Mark Watney, personagem de Matt Damon, usa Sojourner e Pathfinder para retomar contato com a Terra (assista o vídeo abaixo).

O segundo fato estranhamente ignorado por ‘Boa Noite, Oppy’ – e que também não passou batido pela produção da National Geographic citada anteriormente – foi a chegada do veículo Curiosity a Marte em agosto de 2012, quando o Opportunity ainda estava ativo. Trata-se de um fruto direto da missão anterior, valendo-se de muitas das estratégias adotadas pela Mars Exploration Rovers. Uma omissão aparentemente consciente, já que a conclusão do documentário mostra o lançamento que levou o veículo Perseverance à superfície vermelha em fevereiro de 2021, chamando-o de “neto de Spirit e Opportunity” – Curiosity seria o filho, certo? Ambos seguem firmes e operantes, assim como o micro-helicóptero Ingenuity, companheiro de viagem do Perseverance, e o Zhurong, primeiro veículo chinês no planeta vizinho.

O tema fascina. O recente sucesso da missão Artemis 1, primeiro passo para a iminente volta da humanidade à Lua após mais de 50 anos, o favorece. Ter a Amblin, de Steven Spielberg, e a Amazon como parceiros o fortalece consideravelmente, mas omissões importantes como as descritas acima podem ser decisivas para a Academia seguir a tradição de pouco premiar documentários de temáticas essencialmente científicas. Meu favorito na temporada continua sendo ‘O Último Navio Negreiro’ (Netflix), de Margaret Brown.

Boa Noite, Oppy (Good Night Oppy)- EUA, 105 min, 2022 - Dir.: Ryan White - Estreou em 23/11 no Prime Video. Assista ao trailer:

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