CONHECIDA COMO “A CASA DE TODAS AS CASAS”, A ICÔNICA LOVE STORY GANHA NOVO CONCEITO PELA VISÃO DE FACUNDO GUERRA

“O SEXO RECREATIVO NUNCA FOI BEM VISTO, SÓ TEMOS O CARNAVAL COMO UMA POSSIBILIDADE, UMA SUSPENSÃO DESSA MORALIDADE”, DIZ O EMPRESÁRIO
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29.09.2021

Érico Hiller / Reprodução

São Paulo é uma selva de pedras, além de suas paredes cinzentas, a cidade borbulha cultura e contextos históricos em cada canto de sua arquitetura, não é diferente com o espaço que abrigou por 28 anos a “Love Story”, conhecida como “a casa de todas as casas”, localizada na região central da capital paulistana. Entre seus freqüentadores passaram empresários, policiais, traficantes, garotas de programas e muitos jogadores de futebol, entre os ilustres clientes podemos destacar o ex-lutador Mike Tyson, além de servir de palco para as gravações do filme “Bruna Surfistinha”, estrelado por Deborah Secco.

“O EMPREENDEDORISMO DE VERDADE SE ENCONTRA NA PERIFERIA”, COMENTA FACUNDO GUERRA

Em 2018 com um divida em quase R$ 2 milhões, a “Love Story” entrou em recuperação judicial, mas não conseguiu honrar os compromissos com os credores, chegava o fim de uma era – o famoso ‘inferninho’ estava falido. O badalado espaço da Rua Araújo, 232, vizinho do icônico edifício Copan foi posto a leilão. Os empresários Facundo Guerra, Cairê Aoás e Lily Scott foram os responsáveis por arrematar o imóvel pela bagatela de R$ 200 mil. Após o carnaval de 2022, os paulistanos darão as boas vindas ao novo ‘templo do sexo’ – nasce <3.

“Na verdade, o leilão da Love Story viralizou na cidade inteira, porque ele representa de alguma forma o fim de uma era aqui em São Paulo, ela era muito importante para a identidade do paulistano – essa importância histórica que a Love Story teve por mais de 28 anos, de alguma forma responde o meu trabalho de não deixar desaparecer lugares importantes da identidade da cidade, foi assim com o Cine Joia, Bar dos Arcos, Mirante Nove de Julho, Riviera e agora o Love Story, então pra mim faz sentido com o meu trampo”, diz Facundo Guerra.

“A marca Love Story não estava no leilão judicial, e a gente não usaria o nome, porque ele atraia certo tipo de público, com o qual a gente não quer necessariamente se comunicar agora, então o Love Story, enquanto boate vai abrir em outro lugar, até onde eu sei, e a escolha do nome foi simplesmente, que não queríamos dar um nome, o lugar é tão emblemático, se déssemos outro nome, iam acabar chamando de Love Story de qualquer forma, escolhemos o símbolo do coração que é como mandávamos amor, quando não existia emoji, nos teclados físicos e celular no começo dos anos 2000, porque é a maneira que a gente quer se comunicar, mas sabemos que as pessoas vão chamar de Love Story”, explica o empresário ao usar a simbologia como nome do novo espaço.

Ao adquirir o imóvel, Guerra encontrou uma arma de fogo carregada embaixo da cabine do DJ, o local conhecido pela diversão adulta, nos últimos tempos não estava para brincadeira transformando-se num palco de inúmeros crimes como assassinatos, roubos, furtos, agressões e o conhecido golpe de ‘boa noite Cinderela’ – “Realmente ele tinha virado um lugar de crime, encontrei uma trinta e oito carregada com o número de série raspado embaixo da cabine do DJ – se você vai na 4º DP verá que tem muitos crimes de boa noite Cinderela que aconteciam dentro da Love Story, então não era um lugar onde as pessoas, especialmente as mulheres freqüentavam, iam as mulheres freqüentadoras, e não estou dizendo que as mulheres não iam para se divertir, mas também era um local de muita prostituição, e eu não estou querendo estigmatizar a prostituição nem as trabalhadoras do sexo, tenho muito respeito pelo oficio, mas toda aquela história da Love Story, sem querer moralizar, era uma história muito aguda na cidade”, explica.

O novo espaço com design assinado pelo arquiteto Mauricio Arruda, conhecido por apresentar o programa “Decora” no canal GNT, será palco para as preliminares que antecedem o sexo – “continuamos com essa temática do sexo, não dava pra simplesmente transformar a Love Story numa boate ou numa casa musical, tendo o sexo que sempre permeou a história do local”, diz Facundo.

Ao citar o novo formato da casa, Facundo Guerra foi alvo de várias criticas nas redes sociais, mas por outro lado recebeu apoio de muitos seguidores que vibraram com a notícia do novo conceito. “Tudo que eu faço sofre essa critica, ouço a história da gourmetização há pelo menos uns dez anos, então quando não sabem o que criticar falam que vai ser puteiro gourmetizado, então está tudo certo”, rebate. Quando questionado sobre o público alvo do “<3” ele frisa: “Se o público vai ser heterossexual ou LGBTQIA+ eu não tenho a menor ideia de qual será, estou montando pra mim e eu não tenho muita identificação com o público heterol mais restrito, mas também eu não sei o que pode acontecer com o público. Estamos fazendo pra gente, e isso temos certeza se fizermos pra nós, outras pessoas com a mesma sensibilidade que as nossas vão gostar do espaço, então não estou me preocupando com o público e o espaço não terá garotas e garotos de programa”.

O projeto terá palco para performances e rituais preliminares, com casa de chá e sex shop, tudo com o intuito de naturalizar a sexualidade. O sexo não é um tabu para a sociedade paulistana, é para o brasileiro, um pouco por conta da moral católica, essa coisa que o corpo é a fonte de todos os pecados, é um país meio fundamentalista, muito religioso, então o “sexo recreativo” nunca foi bem visto, a gente só tem o carnaval como uma possibilidade, uma suspensão dessa moralidade dona do sexo”, comenta o empresário. “Mas passando o carnaval, a gente volta a esconder o sexo pra debaixo do carpete, isso é muito claro quando você percebe que o brasileiro é um dos maiores consumidores de pornografia no mundo, um dos maiores consumidores de conteúdo trans no mundo e é um dos países que mais mata mulheres trans no mundo, então tem uma repressão da sexualidade do brasileiro que é horrorosa, por isso o sexo é visto como tabu”, finaliza.

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