Considerado até recentemente roupa vintage (o que também é um luxo), o cardigan deixou há muito tempo de ser apenas um garimpo nos armários de nossas tias e avós, para ser recriado em modelos, cores e comprimentos diferenciados – mantendo, é claro, a sua proposta original: um casaco leve e funcional para a proteção do frio.
MOLETOM, A ROUPA DO MOMENTO, TEM SUA INSPIRAÇÃO NA EUROPA DA VIRADA DO SÉCULO 19 PARA O 20
O casaquinho abotoado é lugar-comum e sem gênero na vestimenta de todos nós de 8 a 80 anos – e principalmente, nos dias de hoje, ganhou status como uma peça cool, pelas novas gerações (Harry Styles na foto inicial usa o cardigan em evento de 2020), mas a sua história vem de um lugar bem longe dos centros criadores de moda: os campos de batalha da Guerra da Criméia.
É no ano de 1854 que o general do exército britânico James Thomas Brudenell – o 7° Conde de Cardigan – lidera uma importante conquista contra os russos, na batalha de Balaclava. E foi por pura praticidade que o oficial havia introduzido, num primeiro momento, um colete de tricô como parte do uniforme dos soldados. Afinal, tricotar era uma atividade em alta em meados do século 19, e a possibilidade de vestir um item quente e justo ao corpo rendia grande conforto ao batalhão. A vitória acabou nomeando a acertada peça de roupa usada pelo comandante e seu exército como “cardigan”.
Dez anos depois, o colete ganha mangas e se estabelece como coringa no armário da classe trabalhadora, principalmente masculina, que precisa se manter aquecida e com liberdade de movimentos. É a partir de 1890 que os cardigans entram definitivamente para a moda feminina e passam a ser usados em atividades ao ar-livre da época, como pedalar, jogar golfe e tênis. Neste final do século 19, máquinas de tricô industrial se desenvolvem e proporcionam ainda mais viabilidade comercial para o casaquinho, que passa das atividades esportivas para o cotidiano europeu.
No ano de 1913 a jovem criadora Gabrielle Chanel resolve capitalizar o cardigan tornando-o ainda mais feminino e elegante ao adicionar delicadas fitas costuradas ao colarinho. Ela e o estilista Jean Patou desenvolvem, na mesma época, o conjunto de blusa e casaco combinando – o que seria posteriormente chamado de twinset. Nos anos 30, o cardigan se expande, passa incólume pela Segunda Guerra Mundial e desembarca nas Américas nos anos 50, também como uniforme escolar. De lá para cá, a versátil peça de roupa ganha cada vez mais adeptos até ser considerada, atualmente, indispensável no closet tanto de modernos quanto de clássicos e conservadores.