50 anos da morte de Coco Chanel – Legado da estilista supera suas criações

Visionária e destemida, Chanel deixou uma herança de força e protagonismo feminino
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17.01.2021

Divulgação / Reprodução

O aniversário da morte de 50 anos de Gabrielle “Coco” Chanel neste início de ano (10/1) levou muitas pessoas a me perguntar sobre o legado deixado por ela, uma vez que desfilei para a grife e vivenciei uma imersão de alguns anos dentro do “conceito Chanel”. A estilista mais conhecida do mundo foi a responsável pela criação ou popularização de peças da vestimenta que atualmente usamos de maneira corriqueira sem nem percebermos o quanto eram originais na primeira metade do século XX.

Entre alguns elementos-chave estão o vestidinho preto, as bolsas com alças (antes o costume era usar carteiras), as blusas listradas de branco e azul-marinho, o tailleur, os sapatos bicolores e o perfume que traduz a feminilidade – com “cheiro de mulher”, o Chanel n°5 faz 100 anos em 2021. Casaquetos, vestidos e conjuntinhos construídos com jérsei e tweed (que até então eram tecidos usados primordialmente em roupas de baixo e casacos para homens, nesta ordem) exemplificam o olhar pragmático da costureira para o guarda-roupa masculino e sua adaptação mais do que aprovada para as mulheres. Em síntese, das pantalonas ao uso indiscriminado do preto e branco em nossas roupas, sem esquecer a mistura de colares com pérolas verdadeiras e falsas, o vestuário da mulher ocidental traz o espírito da grande criadora. 

Mas além das invenções inteligentes que usamos até hoje, Mademoiselle Chanel nos deixou um verdadeiro legado de empoderamento feminino (apesar desta expressão ter sido cunhada posteriormente). Dona de um entendimento sobre as necessidades iminentes das mulheres, foi ela mesma a “cobaia” das mudanças que almejou projetar no vestir e expressar da sociedade francesa dos anos 1900. O corte de cabelos na altura do queixo talvez tenha sido uma de suas primeiras pequenas rebeldias, numa época em que as mulheres usavam cabelos longos e presos em coques rebuscados. E continuou com seu senso de praticidade, descartando definitivamente os espartilhos que restringiam a respiração, diminuindo o excesso de tecidos em saias que tolhiam os movimentos e simplificando os chapéus para obter leveza.

Antes dos 30 anos já era uma empresária bem-sucedida, antecipando a força de trabalho feminino que se consolidaria na Europa a partir da Primeira Guerra Mundial. Empregou centenas de artesãs, bordadeiras, vendedoras e modelos. Orgulhosa de sua competência, devolveu o dinheiro emprestado pelos amigos que a haviam incentivado a abrir os seus primeiros negócios, e nunca casou, optando por alternar dezenas de amantes até idade avançada. Com tino superior para vendas e marketing, entendeu que ela mesma era o modelo ideal a ser seguido pelas clientes ávidas por novidades, transitando pela sociedade francesa como um ícone de moda e estilo.

Toda essa atuação livre, independente e sem amarras frente à mulher moderna do início do século XX, faz dela, em minha opinião, uma das primeiras feministas de nossa era. Um brinde à Chanel!

A nossa colunista e ex-modelo Laura Wie usando o clássico twin set com pérolas Chanel

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