Esse texto é um convite pra gente contemplar, conhecer e se encorajar com as fotos e a história de Rosa Saito, modelo septuagenária, que nasceu em Araçatuba e passou a morar em São Paulo desde criança. Rosa, viúva, mãe de três, tinha outra profissão, artesã de plantas, e nunca tinha pensado em ser modelo, amadureceu a ideia durante um ano após o primeiro convite, e em 2019, quando fotografou pela primeira vez, descobriu sua nova paixão, ser fotografada.
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“Estou modelando há quase três anos. Fui convidada várias vezes, embora nunca tenha pensado em ser modelo. O que mais me surpreendeu foi a receptividade e principalmente o amor que desenvolvi a minha nova profissão”.
A presença dela no mundo da moda é representatividade e tem servido de inspiração e abertura de caminhos para outras mulheres. “Fico feliz por inspirar e de alguma forma despertar sonhos que podem ser realizados em qualquer idade”.
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Diante de uma sociedade que manifesta o etarismo em muitos comportamentos do dia-a-dia, afetando a autoestima e a autoconfiança de muitas mulheres, a modelo que foi convidada com 68 anos para ser fotografada, pensou “se eu não tentar, nunca vou saber”, e ao aceitar esse convite e se colocar nesse lugar, com tanta presença, ela encoraja: “Ame a si própria acima de tudo e corra atrás dos seus sonhos enquanto viva”.
Para Rosa, o envelhecimento é uma oportunidade de abraçar seu corpo e suas histórias nas marcas do tempo: “Cada vinco e todos os cabelos brancos são registros de uma história e que foram vividas com coragem e dignidade. Eu respeito e amo meu corpo com gratidão na alma”. Durante muito tempo a indústria da moda priorizou a juventude e um padrão etário, ao ser questionada sobre o lugar que vem ocupando atualmente ela nos presenteia:
“Acredito que estamos vivendo um momento de mudanças positivas. Creio que com o aumento na expectativa de vida a indústria da moda está despertando cada vez mais para esse segmento (de terceira idade). Para mim, atuar nesse ramo é muito prazeroso, pois recebo muito carinho, apoio e respeito de todos os profissionais envolvidos. Logicamente existem muitas coisas que podem ser melhoradas, mas que virão com o tempo e adaptação do mercado”.
Os corpos são diversos e a beleza singular, a gente se fecha pensando não fazer parte dos padrões que nos solicitam, mas é na presença e na decisão de se arriscar que as coisas se renovam. “A beleza não tem idade. É estado de espírito”, nos relembra Saito.