Como são boas as lembranças que a vida nos proporciona. Momentos que jamais iremos esquecer, como o primeiro neto, o primeiro beijo, o primeiro amor, a primeira viagem, nosso melhor amigo, nossa formatura, o primeiro emprego, nosso casamento, enfim nossa família. Para muitos essas recordações ficarão gravadas para sempre em suas memórias, mas para 1,3 milhões de brasileiros, segundo informações da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), essas lembranças foram apagadas de suas memórias pelo mal de Alzheimer.
“Conhecida erroneamente pelo termo, demência senil ou esclerose – o velhinho “gagá” repetitivo e com dificuldade de compreensão o que se passa no cotidiano – A doença não tem cura, mas tem tratamento. O que leva a óbito são as complicações advindas da enfermidade. Existem problemas de memória que não são devidos ao Alzheimer e que são reversíveis. Daí a necessidade de se consultar um especialista”, explica o gerontólogo, Dr. Norton Sayeg.
Os mais jovens também podem desenvolver Alzheimer, mas neste caso, a causa da doença costuma ser genética. A paciência é o principal fator para lidar com pessoas com a doença, afinal, elas não são ruins, intolerantes, teimosas ou ingratas, deve-se levar em conta que o cérebro está se deteriorando a cada dia, e que elas não se lembram dos familiares mais próximos. O Alzheimer é uma doença triste e silenciosa.
“A doença de Alzheimer é uma doença familiar. A família deve estar ciente dos sintomas e como deve tratá-los A coisa só funciona com todos os envolvidos trabalhando para o fim comum. Quando um se complica um pouco (pois não é fácil), o outro vem e ajuda. Eu e minha irmã trabalhamos em casa, durante o dia, dividimos os cuidados e a tarde e começo da noite temos uma cuidadora. Sinto que a doença bagunça um pouco a organização da memória do meu pai. Cada dia é um dia diferente, apesar de tentarmos, ao máximo, seguir uma rotina diária. Todo dia é uma surpresa. Cabe a nós encararmos com bom humor e tolerância, dessa forma tudo fica mais leve”, diz o engenheiro, Ginaldo de Vasconcelos Filho, 51 anos, que cuida do pai, Ginaldo Vasconcelos, 94 anos, que demonstrou os primeiros sintomas da doença aos 89 anos de idade.
Muitas pessoas relatam que os idosos com mal de Alzheimer ficam mais agitados no fim da tarde, a chamada “síndrome do pôr-do-sol” – “A síndrome trata-se de uma agitação devido a alterações de neurotransmissores quando o cérebro muda de padrão, preparando-se para o período do sono”, comenta Sayeg. Se você presenciar alteração de memória recente, como perguntar ou falar sobre algo repetidamente, confusão de datas, esquecimento de compromissos ou pagamentos de contas e até mesmo mudança no comportamento, agressividade, ansiedade ou perda de interesse, fique atento aos sinais e leve a pessoa para um especialista.
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“Para treinar a memória deve-se realizar reabilitação neuropsicológico bem orientado, que envolve atividades especificas para o melhor desempenho do cérebro. Não se deve tomar medicações sem orientação médica, pois algumas medicações são altamente prejudiciais para a memória”, finaliza Dr. Norton Sayeg.