A NOVA SÉRIE FICCIONAL “AMOR NATURAL” RETRATA A AFIRMATIVA LGBTQIA+, PRETA E PERIFÉRICA

DIVIDIDA EM CINCO EPISÓDIOS, A SÉRIE RELATA UMA TRAMA DE AMOR MODERNO, AFIRMATIVO E AFROFUTURISTA
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21.05.2021

Aloysio Araripe / Divulgação

No aclamado espetáculo de teatro “Cuidado com Neguin”, o ator, diretor e dramaturgo carioca Kelson Succi expôs nos palcos o “corre” de um preto, pobre e favelado no “quadrado branco” da cidade do Rio de Janeiro. Na última cena da peça, ele enfatiza: “Eu gostaria de falar de amor”. Agora, anos depois, Succi se une ao ator e pesquisador LGBTQIA+ Vinicius Teixeira, para traduzir esta frase e necessidade no primeiro projeto audiovisual do selo do Neguin: a série ficcional, afirmativa, LGBTQIA+, preta e periférica “Amor Natural”, que estreia no dia 28 de maio, no Youtube do Sesc Rio.

Dividida em cinco episódios curtos, de até 10 minutos, que serão lançados semanalmente, “Amor Natural” contará uma história de amor moderna e afrofuturista vivida entre os protagonistas Andrei (Succi), Guilherme (Teixeira) e Maria Júlia (interpretada pela atriz Érica Ribeiro), evidenciando temas como arte, violência, poesia, futebol, racismo, a efemeridade dos relacionamentos pela internet, música e, claro, amor.

“RESPEITEM MEUS CABELOS” – O RACISMO ESTÁ AÍ, SÓ NÃO APRENDE QUEM NÃO QUER! 

Uma caótica e quente zona norte do Rio de Janeiro é o cenário dessa trama. Andrei é artista plástico, joga futebol, é morador do Complexo do Alemão e é a representação perfeita do preto livre. Guilherme é designer, apaixonado por arte e morador da Tijuca. Eles se conhecem num aplicativo de “pegação gay”. E o que era para ser apenas uma “fast foda” se torna um encontro profundo repleto de identificações, poesia e afeto. 

Após se conhecerem, eles entendem que estão apaixonados. Porém, os dois precisam lidar com a realidade e com as diferenças entre seus mundos. Completando o time de protagonistas está Maria Julia, uma empresária ousada, cheia de coragem e sensibilidade que tem muito orgulho de onde veio e que trabalha com Andrei.

“Em tempos em que ainda precisamos lutar para ver nossas histórias nas telas, Amor Natural se apropria da ficção para contar uma história real de amor que além de LGBTQIA+, preta e periférica, expõe as nossas visões desses temas e as mazelas que ainda enfrentamos como o racismo, o machismo, a homofobia e a transfobia, que atravessam as relações cotidianas e amorosas”, afirma Succi.

Tudo isso conduzido sob uma narrativa assertiva, documental e romântica com roteiro escrito por Kelson Succi – que também assina a direção – com colaboração de Vinícius Teixeira e Érica Ribeiro. Ainda integra o elenco o ator Reinaldo Junior, que viverá Carlinhos e a atriz trans Lux Nègre, escolhida numa convocatória pública via Instagram do projeto “Cuidado com Neguin”.

A trilha sonora também tem papel fundamental no desenrolar da história. A canção “Afro Futurista”, de Fran e Gilberto Gil, foi a escolhida para a abertura da atração, resumindo os encontros e desencontros desses personagens. A faixa “Bateu Forte”, também de Fran, é outro destaque. Já a trilha original é assinada pelo músico carioca Fenanu.

Para o idealizador Kelson Succi, “Amor Natural” é uma obra que dá voz às inquietações de muitos Andreis, Guilhermes e Marias Júlias, que não têm a chance de ter suas histórias contadas na dramaturgia contemporânea.

“Ao ambientar os acontecimentos na zona norte e com uma proposta para o Youtube, a série quer alcançar espectadores favelados, pretos, LGBTQIA+, suburbanos e fluminenses, chegando até mesmo em outras periferias pelo Brasil. Nossa intenção é que essas pessoas vejam as suas histórias e se sintam representadas”, comenta.

Vinícius Teixeira, também idealizador e protagonista, revela ainda que muitas das histórias e olhares presentes na série são inspiradas nos próprios atores.

“Sou gay e filho de militar. Durante muito tempo reprimi os meus afetos e a minha sensibilidade. Tive essa barreira e descobri na arte uma saída para me transformar e ver como essas relações eram naturais e possíveis. A comunidade LGBTQIA+ cresce sem poder viver e entender o que, de fato, é o afeto, o amor. Muito disso, desse nosso olhar, dessas nossas experiências, também estão na série, que vai abordar muito essa questão que a própria comunidade carrega por não poder se desenvolver numa sociedade heteronormativa. Estamos falando sobre a gente e para a gente”, diz Teixeira.

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Vivendo Maria Júlia na trama, a atriz baiana Érica Ribeiro frisa a importância de ampliarmos as narrativas e os espaços – especialmente na internet – para atrações audiovisuais como “Amor Natural”.

“Ainda é muito limitada a participação de negros na teledramaturgia e no audiovisual. É um espaço extremamente branco e que não amplia as narrativas. Se não positivarmos nossas histórias e trajetórias, não teremos espaço. Precisamos entender que podemos existir para além dessas narrativas limitadas”, conclui. Toda a equipe de profissionais é formada por pessoas negras, trans e/ou LGBTQIA+. 

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