Para todo fim um recomeço, pelo menos para as folhas secas caídas pelas calçadas de Curitiba, elas tem um belo destino. Suas nervuras já sem vida ganham um novo significado através das linhas coloridas com a precisão e delicadeza da agulha comandada pela artesã Laura Dalla Vecchia. Aos 21 anos, a artista sempre teve uma ligação muito forte com o artesanato, para chegar a excelência de seus bordados, fez muitos experimentos usando o ponto russo, tear, crochê e outras técnicas.
“Hoje a pintura de agulha em folha é meu carro chefe, onde mais me dedico e desenvolvo. Trouxe muito que aprendi em desenho, pinturas em tela, aquarela e biojóias e uso como base para aprimorar a técnica do bordado”, comenta a artista. Observando atentamente as folhas caídas pelas ruas de sua cidade, é do chão que vem sua principal matéria prima para a realização de seu trabalho.
“Recolhemos muitas folhas que encontramos nas ruas e praças de Curitiba, após limpeza e proteção contra fungos, apenas algumas são utilizadas para o bordado. As folhas são muito sensíveis, por isso muita paciência é o item principal para bordar em folhas”, explica. Sua especialidade em bordar são espécies raras de pássaros, mas a artesã já ilustrou em seu trabalho em bordado outras espécies da fauna. “Já bordei outros animais, mas desde pequena tive um carinho maior por aves. Ainda criança, quando fiz meu primeiro curso de pintura em tela, já gostava de pintar aves e esse gosto só aumentou com o passar do tempo. Pretendo fazer mais primatas, o mico-leão-dourado foi o primeiro”, relembra Dalla Vecchia.
O sucesso de seu trabalho ultrapassou as barreiras e hoje atende pedidos em todo território nacional, muitas de suas peças estão esgotadas em seu site. “Toda semana temos peças novas, os bordados são feitos por coleção, encomendas e de forma unitária”, diz. A artista já começou a expandir as matérias primas e está desenvolvendo e aprimorando trabalhos em cascas de árvores. “Como a pintura de agulha visa ser o mais fiel possível a espécie real, então recebo muitas mensagens e pedidos de biólogos e fotógrafos para bordar uma ave específica com a qual eles têm uma relação maior”, conclui.
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Unindo a paixão pela arte e amor pela preservação do meio ambiente, Laura, através de sua sensibilidade deixa aflorar os sentimentos através de suas criações. “A arte é uma forma de a gente externar nossas habilidades, retratar a nossa visão de mundo, além de entreter em tempos de caos, como os atuais. Sempre tive um envolvimento muito próximo com trabalhos manuais, então isso sempre significou tudo para mim”, afirma.
“Toda experiência que tive no artesanato, pintura em tela, aquarela, tear e outras técnicas serviram de base e auxílio para aprimorar meu trabalho de pintura de agulha. Essa experiência me ajuda a retratar da forma mais fiel possível cada espécie escolhida para bordar. Antes de iniciar cada bordado, estudo muito sobre a espécie, sobre sua disposição na natureza, fauna e morfologia de cada uma. Isso tudo para ser o mais fiel possível aquela ave escolhida”, finaliza.