Desde o início da semana, o Instagram disponibilizou aos usuários stickers e um destaque na barra dos stories lembrando o Ramadan – o mês sagrado para os muçulmanos que se iniciou no dia 13 de abril e segue até 12 de maio. Iniciativa semelhante já havia ocorrido na ocasião do Ano Novo Chinês. No entanto, o que chama atenção, especialmente dos muçulmanos, é o uso deste espaço para postar assuntos não relacionados à religião islâmica.
Na visão do vice-presidente da Fambras (Federação das Associações Muçulmanas do Brasil), Ali Zoghbi, a desinformação – e a busca por mais exposição de seus conteúdos – é o que estimula o compartilhamento de posts no destaque dos stories que não têm qualquer relação com o Ramadan. “Um dos papéis da Federação é mostrar o que é o verdadeiro Islã para informar e também para desmistificar a religião e combater preconceitos e estereótipos”.
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Diante deste contexto, a Federação explica o que é o Ramadan e por que esta celebração é tão especial e aguardada pelos muçulmanos.
Segundo a tradição, o mês do Ramadan foi aquele no qual o Alcorão, livro sagrado do Islã, foi revelado ao profeta Muhammad. É um tempo para redobrar práticas de caridade, confraternizar com a família e a comunidade, além de dedicar-se mais às orações. Neste ano, assim como já aconteceu no ano passado, as mesquitas estão fechadas em razão da pandemia e todas as orações, assim como a quebra do jejum, devem ser feitas em casa;
Quando se fala em Ramadan, automaticamente vem à mente o jejum que os muçulmanos fazem durante o período. Quando nasce o sol, se inicia o jejum de água e comida. O pôr-do-sol marca o momento em que é permitido voltar a alimentar-se, momento iniciado, geralmente, com o degustar de tâmaras, seguido de pratos feitos especialmente para a ocasião;
“O jejum e os momentos de reza e congregação promovem reflexões, sobretudo, sobre as dificuldades e desafios humanos”, completa Ali Zoghbi. “Até mesmo a fome, consequência do jejum, tem a finalidade de aproximar os muçulmanos da realidade dos mais necessitados. É por isto que, no Ramadan, são comuns a distribuição de alimentos e a prática de atos de caridade. É justamente o que o Islã prega: compaixão pelo próximo e amor”.
A transformação pessoal, a partir de reflexões e momentos de comunhão com Deus, também é objetivo do Ramadan. De acordo com Zoghbi, “é um período para rever e reavaliar hábitos; repensar caminhos; arrepender-se por atitudes prejudiciais a si mesmo e ao próximo; e pedir perdão para os pecados. É a purificação para que uma nova etapa de vida possa se iniciar”.
O final do Ramadan é marcado pela maior festividade do calendário muçulmano, a Eid al-Fitr. Na quebra final do jejum, os muçulmanos vestem suas melhores roupas, enfeitam suas casas e oferecem alimentos a outros membros da comunidade. “É uma grande festa que, mais uma vez, em função da pandemia, deve ser feita em casa”, finaliza Zoghbi.