Especializados em teatro para a juventude, os núcleos Educatho e Sem Querer de Tentativas Teatrais se encontram em “3×1 Tebas”, inspirado na famosa trilogia tebana de Sófocles (496 a.C. – 406 a.C.), composta pelas tragédias “Édipo Rei”, “Édipo em Colono” e “Antígona”. O espetáculo estreia no dia 1º de março, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo.
Com dramaturgia de Solange Dias, que tem se destacado como autora de espetáculos para crianças e jovens, a montagem parte das trajetórias de cada personagem relevante nas tragédias gregas e cria uma linha dramatúrgica contada em uma única obra. A ideia é dar ênfase na tragédia da família de Édipo, narrando linearmente a sua história, mas sem perder a essência de cada peça.
“Podemos entender cada obra como um universo, em épocas diferentes, com ações específicas em cada uma delas e com desdobramentos de personagens pontuais. Como exemplo, podemos citar a trajetória de Creonte, que, em ‘Édipo Rei’ pode ser considerado um injustiçado, por ter sido culpado e atacado como mentiroso e desleal, e, em ‘Antígona’, torna-se o Estado, utilizando-se da tirania e do autoritarismo para comandar Tebas e desautorizar Antígona de cumprir seus feitos”, explica a autora.
Em cada obra, são definidos os pontos que dialogam com sua sequência para que a linearidade de “3×1 Tebas” não seja comprometida, respeitando-se inclusive as unidades de tempo, espaço e ação de cada obra.
A ideia do trabalho é criar uma releitura das ações humanas pelo olhar de Sófocles, unindo o clássico com o contemporâneo, o épico com o dramático e a Grécia com o Brasil. O grupo teve como ponto de partida para a criação as seguintes questões: “Quem são as Antígonas de hoje?”, “Há Édipos entre nós?”, “Podemos acreditar nos Tirésias da vida?”, “Qual a trajetória contemporânea do herói?” e “Quem são os mitos de hoje?”.
Já o diretor Juliano Barone revela que, assim como em seus outros trabalhos, “3×1 Tebas” também explora a linguagem da máscara. “Os atores realizam uma imersão na interpretação de máscaras zigomáticas e expressivas, para que elementos mitológicos e personagens sejam interpretados indo além de uma interpretação naturalista ou mesmo trágica. Este coro, composto por todos os atores da peça, se torna elemento fundamental na condução da história, criando as costuras entre as três obras encenadas. Para isso, contamos com a orientação em máscara do ator Joca Andreazza, que dirigiu o elenco em outros espetáculos do Núcleo Sem Querer e, desta vez, dá vida ao personagem de Creonte”, revela.
Além de Andreazza, o elenco conta com Luiz Amorim, Edi Cardoso e Álvaro Petersen, que atuarão ao lado de Juliane Arguello, Marcus Veríssimo, Monique Fraraccio, Pedro Casali e Priscilla Dieminger. Já os músicos Gabriel Ferrara, Giovani Di Ganzá, Gigi Trujillo, Juliana Flor e Marcela Gibo interpretam ao vivo a trilha sonora original da peça, assinada por Wagner Passos. O espetáculo ainda conta com um Núcleo Jovem, composto por Bárbara Frazão, Breno Ganz, Daniela Duarte, Denise Marta Ribeiro, Lua Ferreira, Magnus Odilon, Yago Dionizio, que dão vida ao Coro e narram a história.
A tragédia “Édipo Rei” narra a trajetória de Édipo, que, sem saber, mata o próprio pai e se casa com a mãe, a rainha Jocasta, que tomada pela culpa, comete o suicídio. Já o protagonista, depois de saber de todas as desgraças pelas palavras do cego Tirésias, fura os próprios olhos e decide abandonar Tebas.
A perambulação de Édipo depois do exílio é o tema de “Édipo em Colono”. Como punição por seus atos, ele se torna um refugiado em uma terra estranha e caminha sem destino, conduzido por sua filha Antígona. Ele clama aos deuses pelo perdão e para encontrar um lugar para repousar.
Enquanto isso, Polinices e Etéocles, os filhos de Édipo estão em disputa por terra e poder, o que leva ambos à morte. Sem ter quem assuma o trono, Creonte, o tio deles, torna-se rei. Então, ele manda enterrarem Etéocles com todas as honrarias e proíbe que enterrem Polinices, deixando-o exposto à putrefação.
Por fim, a tragédia “Antígona” narra a luta da filha de Édipo para conquistar o direito de sepultar o corpo do irmão de acordo com os ritos funerários apropriados, opondo-se às novas leis escritas por Creonte, seu tio.
SERVIÇO
Peça “3×1 Tebas”
Onde: Oficina Cultural Oswald de Andrade
Endereço: Rua Três Rios, 363, Bom Retiro, São Paulo
Quando: 1º de março a 1º de abril
Horário: quartas a sábados às 15h – horário especial quarta às 19h30
Quanto: entrada gratuita – retirar uma hora antes de cada sessão
Classificação etária: 12 anos
Duração: 120 minutos