THIAGO MOLINA: MINHAS TATUAGENS, MINHAS REGRAS

“SINTO-ME NO DEVER DE QUEBRAR A CRIMINALIZAÇÃO DAS TATUAGENS”
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19.03.2021

Caio Gallucci / Portal Pepper

Impossível afirmar com precisão a real data do surgimento da primeira tatuagem, estudiosos afirmam que a prática de marcar a pele é tão antiga que se confunde com a história da humanidade, recentemente foram encontrados resquícios de tatuagem na múmia egípcia de Amunet, que teria vivido entre 1994 a.c – que para o povo egípcio teria ligação com a fertilidade. Mas as tatuagens não surgiram na época dos faraós, existem registros de corpos tatuados datados em três mil anos a.c – onde curandeiros utilizavam do carvão para realizar cortes e fazer desenhos na pele – eles acreditavam que o ato restabeleceria a saúde do povoado local, em vários pontos da Europa.

O universo das tatuagens é tão fascinante que elas servem para a comunicação, principalmente dentro dos presídios, por isso, até hoje, elas são ligadas a marginalidade, gerando preconceito por ter um corpo tatuado. Para os detentos elas marcam uma história de vida criminosa, que através de seus delitos, muitos lutam para esconder as marcas de um passado tão obscuro, outros não fazem questão de escondê-las, servindo de troféu pelos crimes cometidos – mecanismo de defesa para enfrentar outros infratores.

Na contramão da criminalidade, temos o povo Maori, nativo da Nova Zelândia, conhecidos por suas tatuagens que foram trazidas pelos povos da Polinésia, em 1769, pelo capitão James Cook. A palavra “tattoo” é uma adaptação da palavra “tatau”, muito usada na Polinésia, que seria uma onomatopéia do som que faz os bambus quando estão tatuando “ta ta ta ta ta”- as tatuagens são feitas ainda na adolescência, e um fato curioso é que nenhuma delas são iguais, elas são únicas. Os tatuadores da tribo Maori são muito respeitados e considerados “tapu” (inviolável / sagrado) – geralmente são homens, mas pouquíssimas mulheres já dominam a arte de tatuar.

O fato é – tatuagem vai além dos modismos contemporâneos, elas trazem na pele, histórias, dores, alegrias, incertezas, amores e desamores, que através de finos traços proporciona lindos roteiros da vida real. Ou não. A arte de tatuar é tão encantadora que muitas pessoas desenham seus corpos em nome da estética que ela proporciona. É o caso do empresário e modelo, Thiago Molina, 41 anos, que através dos seus 1,95m de altura, causa impacto por onde passa. Sua primeira tatuagem foi feita aos 16 anos, até então, três estrelas simbolizando sua família, esse seria o estopim para um livro de histórias de sua vida – hoje com 90% do corpo tatuado, Molina não pretende parar, mesmo com certos preconceitos que rondam sua estética. “Já sofri julgamento por conta de minha aparência, mas nunca tive problemas recorrentes ao preconceito”, comenta.

Em 2019, foi eleito Mister Tattoo, com isso, oportunidades se abriram, principalmente no segmento de editoriais de moda e redes sociais – “Antes da pandemia tive alguns retornos negativos, porém, após a pandemia e com o mercado abrindo oportunidades para o “novo”, aumentou as minhas oportunidades na área artística como modelo”, diz. Com mais de 800 desenhos espalhados pelo corpo, feitos por apenas quatro profissionais da área, incluindo o próprio Thiago, que aprendeu a arte por certo preconceito entre os tatuadores, que se recusaram a tatuar sua genitália “Sempre me adaptei bem a dor. E como queria tatuar maior parte do meu corpo, não hesitei em também tatuar minhas partes intimas. Fiz curso de tatuagem e por isso tenho algumas em meu corpo de forma autoral. 80% das minhas tatuagens representam momentos e possuem um significado, o restante eu fiz para complementar a estética do corpo e da arte”, ressalta Molina.

CELEBRIDADE É ARTISTA, ARTISTA QUE NÃO FAZ ARTE

Por ter um porte físico atraente, cara de poucos amigos, e suas centenas de tatuagens, o modelo desperta o fetiche de algumas pessoas, a estigmatofilia, atração sexual por piercings e tatuagens. “Hoje percebo que as pessoas me olham com curiosidade e ultimamente tenho recebido mais elogios do que represaria por conta da minha estética. Sou bem assediado, mas hoje em dia consigo lidar melhor com esse tipo de situação. A minha imagem séria me traz mais credibilidade em todas as áreas. Recentemente em trabalho de estúdio sofri um assédio abertamente e tive que ter uma atitude mais firme. Mas como disse anteriormente, hoje consigo lidar melhor com esse tipo de situação”, frisa.

Para os amantes de tatuagem, existem alguns cuidados básicos que devem ser tomados para garantir a saúde da sua pele e a conservação de seus desenhos, são eles: Manter a região sempre hidratada, fazer uso de protetor solar para protegê-la de queimaduras e até o envelhecimento precoce, evitar cortes e arranhões na área e beber muita água diariamente. “Não há nenhuma comprovação de doença por conta da tinta, mas eu procuro, não só por conta das tatuagens, mas também pela minha profissão como modelo, cuidar da pele e estética”, alerta Thiago. E ao ser questionado qual região é a mais dolorida ao fazer uma “tattoo”, o empresário é certeiro – “sola do pé, palma da mão e cabeça foram as mais doloridas, tenho várias que me arrependo, faz parte do processo – faria tudo de novo se necessário”.

Incentivado por sua esposa, Thiago Molina não sofre nenhum tipo de preconceito ou repudio dentro de casa, pelo contrário, quando o casal tiver o primeiro herdeiro, ele alerta – “serei o primeiro a tatuá-lo caso ele tenha interesse pela arte. Estou aproveitando a onda de democratização da beleza na pandemia para mostrar meu potencial como modelo e como artista. Hoje as pessoas querem ver o novo e eu me encaixo neste processo. Sinto-me no dever de quebrar a criminalização das tatuagens e trazer beleza neste meio artístico”, finaliza.

Ficha Técnica:

Texto – Paulo Sanseverino

Foto – Caio Gallucci

Beleza – Anderson Bueno

Thiago Molina veste calça por Helma Maletzke

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