SCHIAPARELLI E A IDEIA ESTÚPIDA DE FAZER APOLOGIA À CAÇA ANIMAL EM DESFILE DE ALTA COSTURA

A GRIFE ITALIANA USOU SEU PODER DE INFLUENCIAR PESSOAS DE FORMA ERRADA, CAUSANDO REVOLTA MUNDIAL
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24.01.2023

Getty Images / Divulgação

Certamente você se recorda do filme “De Repente 30” (2004), onde a atriz Judy Greer faz uma apresentação para o novo formato da revista Poise, mencionando “é o suicídio da moda”, parecia que a trama estava prevendo o trágico destino fashionista anos depois de sua exibição. Se já não bastasse a polêmica campanha da grife Balenciaga fazendo apologia à pornografia infantil, eis que surge, o desfile da marca Schiaparelli, conhecida por seus looks extravagantes e excêntricos, para a semana de alta costura em Paris, ao qual acabou gerando polêmica, revolta e repúdio de milhões de pessoas que acompanharam o evento pela internet.

SCHIAPARELLI – FEMININA, SURREAL E PODEROSA

A grife italiana levou para a passarela looks com cabeças de animais como se fossem troféus a serem exibidos para uma plateia alienada que se contenta com o verdadeiro espetáculo dos horrores. Em suas redes sociais, a marca escreveu: “O leopardo, o leão e a loba – representando lúxuria, orgulho e avareza na icônica alegoria de Dante – em espuma esculpida à mão, resina, lã e seda, pêlo falso para parecer o mais real possível. Nenhum animal foi prejudicado em fazer este olhar”. A problemática da situação não foi em usar pele falsa, e sim a mensagem cruel que esses adornos representam para o meio ambiente, incentivando um mercado ilegal de caça a olhar para esse desfile e “achar normal” a situação.

Naomi Campbell

O fato assustador é ainda maior quando, além da marca dar um tiro no próprio pé com essa ideia acéfala, veículos de comunicação com alto poder de influenciar pessoas, citam o desfile de forma magnífica e mencionam que as cabeças dos animais são de material sintético, dando a entender que está tudo bem, mas na verdade não está.

Segundo informações do Relatório Mundial sobre Crimes da Vida Selvagem, lançado pelo Escritório das Nações Unidas, em 2020, “quase seis mil espécies foram capturadas entre 1999 e 2019. Os suspeitos de tráfico vinham de 150 países. Acabar com o tráfico da vida selvagem é essencial para proteger a biodiversidade, mas também para evitar futuras emergências de saúde pública”, ou seja, empresas como a Schiaparelli devem tomar muito cuidado com a mensagem negativa que pode transmitir aos seus consumidores, a grife acaba incentivando as pessoas a praticarem um crime ambiental, devido ao marketing por trás de uma campanha mal elaborada. Nessa situação, engajamento e curtidas desenfreadas nas redes sociais devem ficar em segundo plano.

Kylie Jenner

Infelizmente, no Brasil, a situação não é tão diferente, atualmente a caça ilegal cresce de forma desenfreada, causando um dano gigantesco para o reino animal. “O período entre os anos 1930 e 1960 é chamado de “época da fantasia” em muitas partes da Amazônia. “Fantasia” eram as peles de felinos exportadas para o mercado da moda norte-americano e europeu. Só a venda de pele das espécies mais exploradas que incluíam jacarés, peixes-boi, veados, porcos-do-mato, capivaras e ariranhas – movimentou cerca de US$ 500 milhões (em valores atuais) durante o auge desse comércio. De 1904 a 1969, algo em torno de 23 milhões de animais silvestres de ao menos 20 espécies foram mortos para suprir o consumo de couros e peles. Esses dados, apresentados em um artigo publicado em outubro na revista Science Advances, referem-se apenas ao que ocorreu nos estados de Rondônia, Acre, Roraima e Amazonas”, diz um trecho da Pesquisa Fapesp.

A consciência social e ambiental deve prevalecer independente do ramo de atuação. O assustador é saber que celebridades como Kylie Jenner, não se preocupam com os danos causados, e sim com o faturamento que a ação irá lhe render. Precisamos urgentemente rever o consumo desses tipos de produto.

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