Química entre trio de protagonistas impulsiona ‘Juliet, Nua e Crua’

Comédia dramática aposta na leveza para refletir sobre os rumos da vida
}

15.10.2018

Divulgação / Reprodução

Annie e Duncan (Rose Byrne e Chris O’Dowd, que já contracenaram em ‘Missão Madrinha de Casamento’, 2011) vivem juntos há 15 anos numa pequena cidade do litoral britânico. Annie administra o museu local, herdado do pai, enquanto Duncan, norte-americano de origem, dá aulas sobre cultura pop na universidade da região.

Da América, ele trouxe a paixão obsessiva pela obra de Tucker Crowe (Ethan Hawke, de ‘Boyhood’, 2014), cantor de sucesso que desapareceu da mídia e da sociedade há mais de duas décadas. Nas horas vagas, Duncan gerencia um site voltado a debater a carreira de Crowe e a especular sobre seu atual paradeiro.

O surgimento de antigas gravações do cantor – versões alternativas de “Juliet”, considerada a melhor de suas canções – chacoalham o estagnado relacionamento do casal. Secretamente, Annie e Tucker passam a se comunicar via e-mail. Uma frustração em comum os aproxima: a sensação de que desperdiçaram anos e anos de suas vidas. Essa primeira parte do filme se configura como um moderno romance epistolar, apoiado na tecnologia. Conhecemos a ideia há um bom tempo: ‘Mensagem Para Você’ (1998) foi um marco nesse sentido. A diferença, aqui, é que Annie e Tucker não escondem sua identidade, e estão, de fato, distantes milhares de quilômetros. Importante mesmo é que, em ‘Juliet, Nua e Crua’, as correspondências eletrônicas constituem um hábil recurso para nos introduzir naturalmente ao real Tucker Crowe, contextualizando sua história ao enredo.

Como presumível, em pouco tempo eles se encontram, e passamos a uma típica comédia de triângulo amoroso. Prato cheio para Ethan Hawke desfilar seu cativante charme, conhecido desde a agradável trilogia em que atuou ao lado de Julie Delpy (‘Antes do Amanhecer’, 1995; ‘Antes do Pôr-do-Sol’, 2004 e ‘Antes da Meia-Noite’, 2013). Embalamos na química entre o galanteio de Hawke, a competente atuação Rose Byrne, e um divertido Chris O’Dowd.

No entanto, o que realmente nos conquista em ‘Juliet, Nua e Crua’ talvez seja a forma leve, bem humorada, mas igualmente cirúrgica com que passeia por múltiplos temas que dizem respeito à essência humana. Todos partem do princípio da construção de nossa história de vida, em como lidamos com as consequências de nossas escolhas, e, sobretudo, o que podemos fazer a partir da concretização dessas consequências (especialmente as ruins). Da mesma forma, não se pode ignorar o perspicaz tratamento dado na interação entre fã (Duncan) e seu ídolo (Crowe), o desmascaramento do mito, o desconforto de rebaixá-lo à condição de simples mortal. Sobram, ainda, alfinetadas aos pretensiosos críticos de arte, momento em que Tucker desconstrói toda a teoria que Duncan tinha sobre o processo de composição de uma de suas canções.

filme julie nua e crua

São questões que costumam permear os trabalhos dos roteiristas por trás de ‘Juliet’. A começar por Nick Hornby, autor do livro em que o filme se baseia, e que assina também os romances que inspiraram ‘Alta Fidelidade’ (2000) e ‘Um Grande Garoto’ (2002). Entre os roteiristas propriamente ditos destacam-se Tamara Jenkins, do ótimo ‘A Família Savage’ (2007), e Jim Taylor, cuja parceria com Alexander Payne rendeu joias como ‘As Confissões de Schmidt’ (2002) e ‘Sideways – Entre Umas e Outras’ (2004). Sorte do diretor Jesse Peretz, que após aberrações como ‘O Ex-Namorado da Minha Mulher’ (2006), realiza, enfim, um filme elogiável.

Juliet, Nua e Crua (Juliet, Naked) – EUA, 105 min, 2018- Dir.: Jesse Peretz – Estreou em 04/10. Assista ao trailer:

Sua notícia no Pepper?

Entre em Contato

Siga o Pepper

Sobre o Portal Pepper

O Pepper é um portal dedicado exclusivamente ao entretenimento, trazendo ao internauta o que há de mais importante no segmento.

Diferente de outros sites do estilo, no Pepper você encontrará notícias sobre música, cinema, teatro, dança, lançamentos e várias reportagens especiais. Por isso, o Pepper é o portal de entretenimento mais diversificado do Brasil com colunistas gabaritados em cada editoria.