PEÇA ESPANHOLA DE FERNANDO ARRABAL, “O ARQUITETO E O IMPERADOR DA ASSÍRIA” FAZ NOVA TEMPORADA EM SÃO PAULO

O ESPETÁCULO DISCUTE OS CAMINHOS DO TOTALITARISMO COM ASSINATURA DO GRUPO GARAGEM 21
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22.03.2023

Bob Sousa / Divulgação

“O Arquiteto e o Imperador da Assíria”, do Grupo Garagem 21, cumpre temporada entre os dias 24 de março e 29 de maio em vários teatros da cidade de São Paulo. Todas as apresentações são gratuitas, basta retirar o ingresso com uma hora de antecedência na bilheteria ou na Sympla. Mais recente montagem do clássico escrito em 1967 pelo dramaturgo espanhol Fernando Arrabal, a obra é uma das peças fundamentais da reflexão sobre o pós-guerra e o totalitarismo que culminou no confronto. Na temporada atual, Helio Cicero segue na interpretação do Imperador, enquanto o personagem do Arquiteto passa a ser interpretado pelo ator Pedro Conrado. A direção é de Cesar Ribeiro.

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Situada em uma ilha deserta, a peça se inicia com um desastre aéreo que leva seu único sobrevivente a entrar em contato com um nativo que jamais teve contato com outro ser humano. A partir dessa interação, o sobrevivente busca impor ao outro suas ideias de cultura e civilização, retratando a violência cultural inserida no processo de formação da sociedade.

“Utilizando a cultura para seduzir o Arquiteto sobre as supostas maravilhas da civilização, além da construção da linguagem, há o processo de formação do Estado e do conhecimento de toda a estrutura social, em que entram conceitos como política, religião, família, relações afetivas, artes, filosofia e a própria noção de humano, termos desconhecidos pelo nativo e sempre apresentados pelo Imperador de modo distorcido, trazendo conexões com as ideias de fake news e pós-verdade”, analisa o diretor.

Apesar de preservar o texto original de Arrabal na adaptação, o grupo inseriu trechos de obras de outros autores, como do dramaturgo irlandês Samuel Beckett e o editorial do dia seguinte ao golpe militar de 1964. Segundo o diretor, trata-se de inserções pontuais que complementam frases de Arrabal e reforçam as semelhanças que regimes totalitários têm entre si.

O cenógrafo J. C. Serroni optou por criar um terreno distópico próximo a uma estética contemporânea que remete a jogos eletrônicos e HQs. O desastre também deixa rastros, a cabine e a poltrona do avião, que se tornam, respectivamente, a cabana e o trono do Imperador.

A inspiração para esse cenário apocalíptico é múltipla. Há elementos da saga japonesa “Ghost In The Shell”; do artista plástico suíço H. R. Giger, reconhecido pela estética metalizada e futurista de “Alien”; do cinema expressionista alemão; e das propostas cênicas do encenador polonês Tadeusz Kantor. O figurino de Telumi Hellen também responde à uma estética futurista fundida à moda elisabetana, com influências do estilista britânico Gareth Pugh.

Com elementos narrativos contra o autoritarismo e críticas ao governo de Jair Bolsonaro, o diretor Cesar Ribeiro pontua que a obra segue atual. O ponto central da encenação é abordar como determinados modos da narrativa, que representam uma visão da realidade, servem a um projeto totalitário de poder que se pretende salvador, mas que, para exercer essa ideia de salvação, constrói a destruição do outro, do divergente, seja por meio de crimes diretamente executados por agentes do Estado ou por diversos mecanismos de coerção e perseguição.

“Vivemos um momento de tentativa de superação do trauma e de reconstrução dos afetos e do país como um todo. Infelizmente, reestrear agora não modifica em nada a necessidade do texto do Arrabal porque, apesar da mudança de governo, ainda há uma grande parcela da população que opta pelo autoritarismo para que sua visão de mundo seja imposta ao outro. Imagino que serão quatro anos de busca de criação de uma nova perspectiva de país, mais includente e com um foco na diminuição da injustiça social, como no belo discurso de posse de Silvio Almeida”, pontua Ribeiro.

SERVIÇO

Espetáculo “O Arquiteto e o Imperador da Assíria”

Onde: Teatro Paulo Eiró

Endereço: Av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro – SP

Quando: 24 de março a 16 de abril

Horário: sexta e sábado às 20h30 e domingo às 19h

Quanto: entrada gratuita

Classificação etária: 16 anos

Duração: 60 minutos

Informações: através do site

Onde: Teatro Cacilda Becker

Endereço: Rua Tito, 295, Lapa – SP

Quando: 5 a 7 de maio

Horário: sexta e sábado às 20h30 e domingo às 19h

Quanto: entrada gratuita

Classificação etária: 16 anos

Duração: 60 minutos

Informações: (11) 3864-4513

Onde: Teatro Arthur Azevedo

Endereço: Av. Paes de Barros, 955, Alto da Mooca – SP

Quando: 12 a 14 de maio

Horário: sexta e sábado às 20h30 e domingo às 19h

Quanto: entrada gratuita

Classificação etária: 16 anos

Duração: 60 minutos

Informações: (11) 2604-5558

Onde: Teatro Alfredo Mesquita

Endereço: Av. Santos Dumont, 1770, Santana – SP

Quando: 2 a 4 de junho

Horário: sexta e sábado às 20h30 e domingo às 19h

Quanto: entrada gratuita

Classificação etária: 16 anos

Duração: 60 minutos

Informações: (11) 2221-3657

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