Por Ricardo Alexandre
Se, como diz a tradição, “o 3 é um número mágico”, então imagine três amigos comemorando 3 décadas de música com 3 músicas inéditas? É este o caso do Pato Fu, com as músicas que chegaram às plataformas digitais: “Curral Mal Assombrado”, “A Besta” e “No Silêncio”. É o primeiro lote de um total de três, que desaguará, no final do primeiro trimestre de 2023, na nova turnê ‘Pato Fu 30 Anos’.
BEMTI TRAZ ROMANCE COM CONTORNOS APOCALÍPTICOS NO SINGLE “QUANDO O SOL SUMIR” COM FERNANDA TAKAI
John Ulhoa (guitarra), Fernanda Takai (voz) e Ricardo Koctus (baixo) estão juntos desde setembro de 1992 e já gravaram 13 álbuns. A formação do grupo se completa com Xande Tamietti (bateria) e Richard Neves (teclados). Do cenário independente do início da década de 1990 ao premiado projeto ‘Música de Brinquedo’, dos célebres clipes na velha MTV aos temas de novela, se existe um traço comum em tudo isso é a incansável disposição do Pato Fu em equilibrar o pop e o experimental, o doce e o amargo, o confortável e o desafiador, o familiar e o estranho. Isso vale até hoje, na hora de compor uma canção, gravar um novo álbum ou na forma de celebrar trinta anos de carreira.
O óbvio seria mergulhar em um projeto meramente retrospectivo – mas aí não estaríamos falando do Pato Fu. Depois de atravessar a pandemia disponibilizando raridades de seu arquivo para os fãs em suas redes sociais, o grupo decidiu marcar seus 30 anos comunicando sua vitalidade e sua fome de futuro. Nove músicas inéditas foram lançadas, divididas em três fornadas: em outubro, janeiro e março de 2023.
Os muitos projetos paralelos (as produções de John, a carreira solo de Fernanda, o restaurante de Ricardo, os shows do projeto Música de Brinquedo) vão para o fogo brando enquanto a caldeira do Pato Fu levanta fervura. Uma série de shows ao lado da Orquestra Ouro Preto em 2022 prepara o território para o novo show, com material inédito, a partir do ano que vem. E o rastilho de pólvora é aceso agora pelas primeiras três músicas.
Como diz o guitarrista John, as novas canções “celebram a própria forma de ser do Pato Fu”: “Curral Mal Assombrado”, composta e cantada por John entre riffs pesados e efeitos eletrônicos, é quase um aceno aos primórdios do grupo; “A Besta”, com seu clima iê-iê-iê pós-apocalíptico, é escrita e cantada por Ricardo Koctus; “No Silêncio” é o lado melódico e pop do Pato Fu – a música é cantada por Fernanda Takai, que a escreveu ao lado de John. A capa desse EP digital é do ilustrador Bruno Honda: um terço da arte completa que se revelará em março.
Os fãs mais antigos vão reconhecer ecos e até referências ao próprio catálogo do Pato Fu e vão gostar de saber que Dudu Marote (produtor dos álbuns da banda entre 1996 a 2001) voltou a trabalhar com o grupo – desta primeira leva, ele produziu “No Silêncio”, outras virão em breve. Mas nenhuma delas poderia ter sido lançada em outro momento que não agora: elas respiram o clima político do Brasil, mas de um jeito que só o Pato Fu poderia fazer: com a dose certa de contundência, perplexidade, sabedoria, resiliência e leveza que só combinam os que têm uma longa história atrás de si e um entusiasmo renovado em seu futuro.
