OS VENCEDORES E UM BALANÇO DA ANTENADA 10ª MOSTRA ECOFALANTE DE CINEMA

APÓS MAIS DE UM MÊS EM CARTAZ, EVENTO MANTEVE-SE ALINHADO ÀS PAUTAS DO MOMENTO
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20.09.2021

Divulgação / Reprodução

Chegou ao fim, no último dia 14 de setembro, a 10ª Mostra Ecofalante de Cinema, maior evento audiovisual de temática socioambiental da América do Sul. Organizado pela ONG Ecofalante, a programação deste ano contou com 101 produções de 40 países exibidas ao longo de 35 dias, além de 10 debates transmitidos ao vivo.

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A curadoria se mostrou mais acertada do que nunca, com marcante sincronismo entre as obras apresentadas e o noticiário cotidiano. Enquanto povos indígenas entravam em conflito com forças policiais em Brasília e, semanas depois, ocupavam a Esplanada dos Ministérios, onde continuam à espera de uma decisão favorável do STF sobre o Marco Temporal, metade dos 30 curtas e longas-metragens selecionados para a competição latino-americana da Mostra abordavam questões relacionadas à sobrevivência de etnias nativas do continente.

UM OLHAR SOBRE A COMPETIÇÃO ESTUDANTIL DA 10ª MOSTRA ECOFALANTE DE CINEMA

‘Tapajós Ameaçado’, de Thomaz Pedro, e ‘Mata’, de Fábio Nascimento e Ingrid Fadnes, foram escolhidos pelo público, respectivamente, como melhor curta e melhor longa-metragem da disputa. O primeiro destaca a luta de lideranças indígenas da região contra a construção de grandes empreendimentos na área, ao passo que o segundo revela o perigoso desequilíbrio causado por florestas planejadas de eucalipto no sul da Bahia, que alteram o ciclo climático e contaminam água e solo de comunidades indígenas vizinhas.

Por sua vez, o júri, composto este ano pela montadora Cristina Amaral, Junia Torres, documentarista e antropóloga, Mário Branquinho, diretor do CineEco, mais antigo festival de cinema ambiental de Portugal, e Takumã Kuikuro, cineasta indígena da aldeia Kuikuro, escolheu ‘Piedra Sola’, longa argentino de Telémaco Tarraf, e ‘Aká’, curta mexicano de Adolfo Fierro e Juan González. O longa, ficcionalizado, mas protagonizado por nativos da região, mostra um encontro místico entre um pastor de lhamas e seus ancestrais, enquanto caça um puma que vem assombrando seu rebanho. Já o curta nos conta como um jovem Rarámuri ajudou a preservar a cultura de seu povo através dos vídeos que foi gravando ao longo dos anos.

Entre outros, o mesmo júri concedeu menção honrosa ao longa ‘Luz nos Trópicos’, de Paula Gaitán, e ao curta ‘Topawa’, de Kamikia Kisedje e Simone Giovine. O longa de Gaitán, mais extenso filme desta edição, com mais de quatro horas de duração, passeia no tempo e no espaço, contemplando e reverenciando a vegetação e a população nativa do continente americano. ‘Topawa’, por sua vez, significa “rede” e mostra um encontro entre mulheres Parakanã enquanto tecem o objeto e relembram suas trajetórias – o curta está disponível online e pode ser conferido aqui:

A luta contra o racismo e a favor do fortalecimento da cultura afro, ainda mais inflamada após os crimes cometidos pela polícia norte-americana em 2020, e na esteira de acontecimentos recentes que, infelizmente, seguem acontecendo, também esteve fortemente presente na programação deste ano.

‘Dope is Death: A Outra Luta dos Panteras Negras’, de Mia Donovan, foi escolhido pelo público como o melhor filme do Panorama Internacional Contemporâneo, divisão da Mostra dedicada às produções de fora América Latina, que neste ano contou com títulos de nações africanas como Angola, Etiópia, Quênia e Madagascar.

No concurso Curta Ecofalante, que contempla produções escolares, ‘Àprova’, de Natasha Rodrigues, ao abordar os dias que antecederam a aprovação das cotas étnico-raciais pela Unicamp, em 2017, e como a instituição ainda pouco faz para acolher esses estudantes, ganhou menção honrosa do júri – este composto pelas cineastas Camila de Moraes e Julia Katharine, além da crítica, curadora e professora universitária Lúcia Monteiro – que também evidenciou os desdobramentos da pandemia ao escolher como melhor curta do concurso ‘Quarentena Pra Quem?’, de Laís Maciel e Isabella Vilela, alunas do Senac-SP.

Outro curta que vai ao cerne das questões pandêmicas no Brasil, mas que fez parte da competição latino-americana, é Gilson, de Vittoria Di Bonesso. Com narrativa inspirada em ‘Ilhas das Flores’ (1989), de Jorge Furtado, um dos mais célebres curtas brasileiros, a produção debate a desigualdade econômica e social do país, escancarada pela crise da Covid-19, sob o ponto de vista de um entregador de aplicativos. É imperdível, e pode ser assistido aqui:

Presença constante na Mostra Ecofalante, Silvio Tendler, maior documentarista brasileiro em atividade, teve seu mais recente filme, ‘A Bolsa ou a Vida’, cuja pré-estreia mundial se deu no evento, escolhido pelo público como melhor produção da 10ª Mostra Ecofalante, que já deixa saudades e grande expectativa pela 11ª edição.

A lista com todos os filmes presentes na programação deste ano e seus detalhes pode ser acessada aqui. Abaixo, a relação completa dos vencedores de 2021:

Prêmios do Público

Melhor Longa-Metragem

‘A Bolsa ou A Vida’, de Silvio Tendler (Brasil, 2021)

Melhor Filme do Panorama Internacional Contemporâneo

‘Dope is Death: A Outra Luta Dos Panteras Negras’, de Mia Donovan (EUA, 2020)

Melhor Longa-Metragem da Competição Latino-Americana

Mata’, de Fábio Nascimento e Ingrid Fadnes (Brasil, 2020)

Melhor Curta-Metragem da Competição Latino-Americana

‘Tapajós Ameaçado’, de Thomaz Pedro (Brasil, 2021)

Melhor Filme do Concurso Curta Ecofalante

‘Remanescente’, de João Victor Avila / Senac-SP (Brasil, 2019)

Prêmios dos júris

Melhor Longa-Metragem da Competição Latino-Americana

‘Piedra Sola’, de Alejandro Telémaco Tarraf (Argentina, 2020, 72′)

Melhor Curta-Metragem da Competição Latino-Americana

‘Aká’, de Adolfo Fierro e Juan González (México, 2020)

Menções Honrosas – Competição Latino-Americana / Longas

‘Luz Nos Trópicos’, de Paula Gaitán (Brasil, 2020)

‘Era Uma Vez Na Venezuela’, de Anabel Rodríguez (Venezuela/Reino Unido/Áustria/Brasil, 2020)

‘Edna’, de Eryk Rocha (Brasil, 2021)

Menções Honrosas – Competição Latino-Americana / Curtas

‘Mineiros’, de Amanda Dias (Brasil, 2020)

‘Topawa’, de Kamikia Kisedje e Simone Giovine (Brasil, 2019)

Melhor Curta Ecofalante

‘Quarentena Pra Quem?’, de Laís Maciel e Isabella Vilela (Brasil, 2020, 22′)

Menção Honrosa – Curta Ecofalante

‘Àprova’, de Natasha Rodrigues (Brasil, 2020)

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