Ópera “Kátia Kabanová” de Leos Janácek estréia pela primeira vez no Brasil

O espetáculo fica em cartaz até 26 de agosto no Theatro São Pedro, em São Paulo
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16.08.2018

Heloísa Bortz

Estreia no dia 17 de agosto, a terceira montagem lírica de 2018 do Theatro São Pedro, em São Paulo. Com o objetivo de ampliar o repertório de ópera no Brasil com títulos pouco apresentados, desta vez a obra escolhida é a moderna “Kátia Kabanová”, de Leos Janácek, tido como um importante representante da história da música do século XX, que em 2018 completa 90 anos de sua morte.

A apresentação acontece às 20h, os ingressos custam de R$ 30 a R$ 80, e a ópera fica em cartaz até 26 de agosto, com mais quatro récitas. Inédita no Brasil, “Kátia Kabanová” é a maior ópera de um compositor ainda pouco executado por aqui, mas que tem seu lugar assegurado como um dos principais compositores do século XX. Com direção cênica e concepção de figurinos de André Heller-Lopes, cenografia de Renato Theobaldo, visagismo de Anderson Bueno e iluminação de Fábio Retti, a montagem terá direção musical de Ira Levin, que vai comandar a Orquestra do Theatro São Pedro e um ensemble com algumas das melhores vozes da Academia de Ópera Theatro São Pedro.

Outro destaque da montagem é o elenco que reúne dez dos melhores cantores brasileiros da atualidade, com importantes trabalhos aqui e no exterior, como as sopranos Gabriella Pace (Kátia Kabanová) e Claudia Riccitelli (Kabanicha), as mezzos Luisa Francesconi (Varvara), Tati Helene (Glaša) e Fernanda Nagashima (Fekluša), os tenores Eric Herrero (Boris), Juremir Vieira (Tichon) e Giovanni Tristacci (Kudrjáš), o baixo Savio Sperandio (Dikoj) e o barítono Vinicius Atique (Kuligin). Um time homogêneo e profundo conhecedor do repertório.

Considerada a obra-prima de Janácek, a ópera que estreou na cidade de Brno, em 23 de novembro de 1921, conta a história da jovem independente Kátia, oprimida pelas convenções hipócritas da classe média personificadas em sua sórdida sogra. Com libreto do próprio compositor, a ópera em três atos é baseada na peça teatral “A Tempestade”, do escritor e dramaturgo russo Aleksandr Ostrovsky, traduzida para o tcheco por Vincenc Ävervinka, e foi inspirada na musa e grande amor platônico do compositor, Kamila Stösslová, uma mulher casada e cerca de quarenta anos mais jovem.

A ópera possui uma linguagem extremamente lírica, profundamente ligada às grandes frases melódicas do século XIX, mas com uma maturidade de escrita musical muito característica do século XX.

A trama se desenrola na cidade russa de Kalinov, à beira do rio Volga, e gira em torno de Katerine (Kátia Kabanová), uma mulher casada dividida entre o dever social e o amor sensual. Quando Janácek compôs a ópera ele também se via dividido entre seu decoro como homem casado, e uma paixão fulminante e platônica por outra mulher, também casada. Kátia é o grande centro da ópera. A cunhada Varvara é seu lado mais sensual, mais menina, entregue à paixão por Kudrjáš, um jovem apaixonado pela vida. Kabanicha, a sogra malévola, feroz, ciumenta e dominadora. Boris é seu amor romântico, idealizado, o proibido, impossível. O marido Tichon é alguém por quem ela teve um amor, mas é um fraco diante da mãe e incapaz de oferecer à jovem esposa a alegria de viver – aquilo que ela, de forma inconsciente, realmente deseja.

A montagem brasileira de Kátia Kabanová se passa em um período pouco à frente de quando a obra foi composta (1921), mais precisamente nos anos 1940. Uma época marcada por guerras e de transição político-econômica responsável pelo surgimento de uma nova ordem mundial, que passou a questionar a estrutura social. A produção do Theatro São Pedro será cantada no idioma original com legenda em português. O libreto foi traduzido pelo jornalista, escritor e pesquisador Irineu Franco Perpetuo.

A cenografia de Renato Theobaldo traz uma mistura de realismo com fantasia, que vai se transformando durante a ópera. André Heller-Lopes, que assina a direção cênica e a concepção de figurinos, já dirigiu óperas nos principais teatros do Brasil e exterior, como a tetralogia “O Anel do Nibelungo”, de Wagner, e “A Flauta Mágica”, de Mozart, ambas no Theatro Municipal de São Paulo, e em Salzburgo, na Áustria, quando em 2010 apresentou “Tosca”, de Giacomo Puccini, no Kleinesfestpielhaus. Em maio deste ano, esteve na Polônia dirigindo “La Finta Giardiniera”, uma ópera rara de Mozart.

“O visagismo foi todo inspirado em grandes nomes do cinema na década de 40, como, Rita Howard e Joan Crawford, tentei ao máximo deixar o elenco o mais natural possível, assim como na época da ópera. Optei por não usar maquiagem nos aldeões, para dar o máximo de realidade possível, que não deixa de ser uma forma de visagismo”, disse Anderson Bueno, visagista do espetáculo.

SERVIÇO
Ópera “Kátia Kabanová”
Onde: Theatro São Pedro
Endereço: Rua Barra Funda, 161, Barra Funda – São Paulo
Quando: 17, 19, 22, 24 e 26 de agosto
Horário: domingo, às 17h00 e nos demais dias, às 20h00
Quanto: R$ 30 a R$ 80 (possui meia entrada)
Classificação etária: 14 anos
Duração: 135 minutos
Informações: (11) 3661-6600
Acessibilidade

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