“Olhe bem no fundo dos meus olhos e sinta a emoção que nascerá quando você me olhar”, a estrofe da canção “De Janeiro a Janeiro”, de Nando Reis e Roberta Campos, diz muito sobre o relacionamento do estudante carioca de arquitetura e urbanismo, Alecsander Jesus, 21 anos, e a estudante de moda paraibana, Julieny Francisco, 22 anos, que nasceu após um ‘match’ inesperado em um aplicativo de namoro.
“Eu estava de bobeira no aplicativo com minha amiga, só pra distrair, quando o perfil dele apareceu. Dei logo um super like pra ele ver que eu curti o perfil dele (risos)”, relembra Julieny. “Eu demorei três dias para entrar no aplicativo e retribuir o like de volta”, emenda Alecsander.
Há quem diga que namoro a distância não dá certo, mas o casal, que está junto há dois anos, prova o contrário. Ele mora no Rio de Janeiro, região Sudeste do país, ela morava na Paraíba, região Nordeste. “Nossa meta é construir um futuro”, pontua o carioca. Por ser um casal de albinos, o preconceito e a curiosidade humana gera desconforto no casal, afinal, albinismo não é uma doença, e sim, uma condição genética que se caracteriza pela ausência total ou parcial da pigmentação da pele, pelos e olhos. “Ele não percebe, mas as pessoas nos encaram demais, às vezes chega a ser desconfortável. E as pessoas ficam perguntando se a gente se conheceu numa comunidade ou algum aplicativo só pra albinos. Eu fico tipo “não gente, nós somos pessoas normais”, explica Julieny.
“Por mais que o albinismo não seja algo tão comum, ele precisa ser normalizado. Nós não somos pessoas de beleza conceitual, exótica e/ou afins, nós somos pessoas comuns, tudo bem que nossa pele é extremamente branca e que nossos olhos tremem, que não enxergamos muito bem no sol e que vivemos numa relação de amor e ódio com ele, mas a sociedade precisa normalizar o ser diferente. Isso é a coisa mais normal do mundo, ninguém é igual a ninguém e o diferente deve parar de nos assustar, pois é dele que precisamos para desconstruir cada dia mais essa sociedade que precisa de um novo caráter”, pontua o casal.
No inicio, ela não sentia interesse da parte dele, tomou iniciativa desde o começo, hoje em dia está por fora quem pensa que só os garotos devem tomar atitude, mulheres bem resolvidas e empoderadas fazem isso muito bem, e estão corretas – “eu não estava procurando algo sério, mas depois do primeiro encontro, não teve jeito”, diz Alecsander – “eu que fui doidinha e já cheguei, chegando, toma aqui meu número e me chama no whatsapp, fica tranquilo, não sou doida não, nem nunca matei ninguém (risos)”, relembra a investida do primeiro contato.
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Para ela, o amado significa seu ‘futuro, para ele, ela significa seu ‘tudo’ – Juntos sonham em viajar o mundo, mesmo ele sendo cabeça dura, que não aceita outras opiniões, no ponto de vista dela e ela se fechando em seu mundo paralelo quando está com algum tipo de problema, não o procurando. “É um somatório de coisas que fazem ele ser ele, entende?”, diz apaixonada. “Ela é incrível”, finaliza Alec.