O poeta está vivo – Relembre a trajetória do mito

Cazuza levava a vida regrada a sexo, drogas e rock n' roll
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04.04.2015

Divulgação

Carioca da gema, Agenor de Miranda Araújo Neto nasceu para fazer história. Filho do produtor fonográfico João Araújo e de Lucinha Araújo, o apelido estava decidido antes do nascimento, por insistência da avó paterna.

Não gostava do seu nome até descobrir que um dos seus ídolos, Cartola, atendia pela mesma nomenclatura. O garoto cresceu e a música se tornava, cada vez mais, o único caminho. A língua presa não impediu que Cazuza se arriscasse num grupo de garagem, ainda desconhecido do grande público, um tal Barão Vermelho. Formado, até então, por Frejat, Dé, Maurício Bastos e Guto Goffi, a banda que só tocava covers passou a criar um repertório próprio.

A sensibilidade parecia inseparável da ponta das canetas do novo integrante, que bebia a vida como poucos e tragava cada beque como se fosse o último. Da mente, que para muitos era insana, saia verdadeiras obras primas. E o tempo nos prova isso. Cazuza faleceu aos 32 anos e talvez por isso permaneça um eterno jovem na memória dos fãs.

Suas canções, pelo contrário, cresceram, amadureceram e se tornaram clássicos da música brasileira, como bem descreveu um mito. Com o Barão Vermelho, Cazuza fez shows históricos. No Rock in Rio de 1985, a apresentação da banda tornou-se antológica por coincidir com a eleição do presidente Tancredo Neves. Surgia uma esperança. O Brasil sonhava um futuro que nunca chegou. Canções como Bete Balanço, Maior Abandonado, Por que a gente é Assim? e Pro Dia Nascer Feliz impulsionaram o estrondoso sucesso do grupo.

A carreira solo veio e a canção Exagerado o acompanhava. O moleque homossexual levava a vida regrada a sexo, drogas e rock n’ roll. Cazuza sempre fora um hedonista nato. O viver aqui e agora era o que valia. Personalidade forte, não abaixa a cabeça quando estava certo de suas convicções. Compunha Ideologia, Tempo Não Para, Burguesia e Faz Parte do Meu Show como prova cabal da genialidade.

aids

Em 1987, Cazuza descobre ser portador do vírus HIV. O destino, quase sempre injusto e cruel, cobrava o seu preço. Dois anos depois, o Brasil perdia o Noel Rosa do rock, um dos grandes ícones nacionais. Cazuza fez suas escolhas, foi irresponsável, quis levar a vida assim, no presente. Não queria saber do passado nem esperava muito do futuro.

O garoto rebelde não se contentava em existir. Cazuza viveu! E, como escreveu Frejat há certo tempo, o poeta não morreu.

Por Alisson Matos

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