“O CREPÚSCULO E A AURORA”, DE KEN FOLLETT, REVISITA A LENDÁRIA KINGSBRIDGE E FAZ UMA VIAGEM INESQUECÍVEL À INGLATERRA MEDIEVAL

A LEITURA É MUITO FLUIDA E, SEM DÚVIDA, IRÁ AGRADAR QUEM CURTE HISTÓRIAS MEDIEVAIS
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06.03.2021

Getty Images / Divulgação

As obras “Os Pilares da Terra”, “Mundo sem Fim” e “Coluna de Fogo” consagraram o britânico Ken Follett como um dos melhores escritores de ficção histórica do mundo. Tendo em conta também seus ótimos livros de espionagem, o autor já vendeu mais de 150 milhões de exemplares em todo o mundo. Depois de 30 anos da publicação do primeiro volume da trilogia, o autor embarcou novamente no mesmo cenário – a fictícia cidade de Kingsbridge – em “O Crepúsculo e a Aurora”, publicado no Brasil em setembro de 2020.

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Desta vez, a trama gira em torno da criação do vilarejo, e se inicia no ano de 997. Repleto de detalhes históricos, a narrativa viaja de forma grandiosa pela Europa Medieval, e apresenta personagens inesquecíveis, como os protagonistas Edgar e Ragna. Radicalmente distantes na esfera social, os percursos de ambos irão se encontrar na Inglaterra marcada pela violência e pela injustiça. Enquanto Edgar é filho de um construtor de barcos e se vê obrigado a refazer a vida como camponês por conta das invasões vikings, Ragna é uma princesa normanda, mas que também enfrenta muitas dificuldades, inclusive por sua condição de mulher.

Economia, política, religião e sociedade medieval são destrinchadas por Follett com maestria. A obra também prima por diálogos caprichados e descrições precisas, como esta a seguir: “Tirando a falta de um castelo, o complexo não era muito diferente do de Cherbourg. Havia casas, estábulos e depósitos. As cozinhas eram abertas nas laterais. Uma das casas tinha o dobro do tamanho das demais e pequenas janelas nas duas extremidades: devia ser o salão nobre, onde o senhor da cidade fazia reuniões e promovia banquetes. As outras casas deviam ser moradias de homens importantes e suas famílias”. Apesar do tamanho robusto – afinal, são 750 páginas – a leitura é muito fluida e, sem dúvida, irá agradar quem curte histórias medievais, tanto em relação ao cotidiano, como em relação às emoções e perspectivas dos personagens.

“Ragna quase enrubesceu. Estava infeliz desde que pusera os pés na Inglaterra. As tabernas eram sujas, o povo, antipático, a cerveja era um péssimo substituto para a sidra e ela fora roubada. Mas não, pensou, nem tudo vinha sendo ruim. Madre Agatha a havia acolhido e o rapaz que conduzia o barco da travessia tinha se mostrado prestativo e atencioso. Os ingleses deviam ser um misto de bom e ruim, assim como os normandos”. Apesar de se passar dois séculos antes de “Pilares da Terra”, “O Crepúsculo e a Aurora” torna-se parte fundamental para entender o universo da tetralogia de Follett.

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Se uma expressão pudesse definir o eixo da obra, com certeza seria a busca por justiça. O tema é uma constante na narrativa: “A crueldade era algo corriqueiro: havia leis relativas aos maus-tratos a escravos, mas eram mal aplicadas e as punições, brandas. Poder espancar, estuprar ou até mesmo assassinar alguém trazia à tona o que havia de pior na natureza humana”. Em tempos tão imorais e desiguais, rever a necessidade constante de justiça é sempre uma boa pedida para a próxima leitura.

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