Em mais uma amostra da grandiosidade e da necessidade do álbum “Negra Ópera”, em que Martinho da Vila vê beleza no drama, inspirando-se na ópera, com repertório que afirma a liberdade e resistência negra, o artista lança o clipe oficial da música “Timbó” (assista abaixo). Parceria com Will Kevin, um dos nomes da nova geração do R&B nacional, a faixa ganhou um registro audiovisual de impacto, que reforça a letra da canção, sobre um feiticeiro africano. A direção é de Philippe Rios, da Óxxò Films.
MARTINHO DA VILA CELEBRA ZUMBI E ENXERGA A BELEZA NO DRAMA NO ÁLBUM “NEGRA ÓPERA”
“Timbó é um samba antigo que se refere às raízes de um feiticeiro que veio da África e cresceu na Ilha de Marajó”, explica Martinho da Vila. O clipe transporta o espectador ao universo de Timbó, com personagens, performances e figurinos que ambientam uma história de ancestralidade e força.
“Tem sido uma experiência que ainda estou processando. É uma oportunidade que me toca de várias formas possíveis, principalmente pelo lado pessoal, onde é possível observar esse ciclo onde o Martinho da Vila inspirou meu avô, meu pai, chegando até a mim. Ter a honra de participar do álbum me faz conseguir levar um pouco dessa energia e dessa ancestralidade pra música”, compartilha Will Kevin.
“A MISTURA É A SOLUÇÃO”, DIZ MARTINHO DA VILA SOBRE SEU NOVO ÁLBUM “MISTURA HOMOGÊNEA”
“Um álbum tão importante, lançado no dia que foi, ao lado do grande mestre Martinho, me faz querer ser referência para a futura geração de artistas, assim como o Martinho e outros me influenciaram. O momento da gravação do clipe foi onde a ficha realmente começou a cair. A forma como o roteiro foi pensado e construído fez a história da música ficar ainda mais rica”, finaliza o cantor e compositor carioca.
A narrativa audiovisual do clipe rompe estereótipos sobre o imaginário do homem negro. No vídeo, a demonstração da personalidade de Timbó traz uma realidade alternativa sobre o que se espera de uma família negra. A personificação do feiticeiro faz referência aos negros escravizados que foram assassinados em Porongos, no atentado aos Lanceiros Negros – um dos ataques mais violentos da Guerra dos Farrapos. O final do vídeo representa, em tela preta, o massacre.
Uma curiosidade sobre o clipe de “Timbó” é que ele se relaciona com o clipe da música “Acender as Velas” (assista abaixo), parceria com Chico César, que também faz parte do álbum “Negra Ópera” e tem direção de Philippe Rios. Juntando os dois audiovisuais, forma-se um filme de dois atos, que narra a infância de Tulipa Negra com seu pai, Timbó. Já o vídeo de explora a perda da figura paterna, entre tantas outras, além da depredação dos terreiros, esperança e resistência do povo negro.