A inventividade sonora da cena independente conta com bons representantes que, apesar das dificuldades de se manter em um mercado prezando constantemente pela industrialização da arte, seguem colocando o fígado, a mente e o coração em tudo que fazem. O Kilotones, trio formado em Ribeirão Preto, em São Paulo, pelos irmãos Barrionovo, chegou com seu quinhão de criatividade em “Brasilerô”, terceiro EP antes da chegada do novo álbum.
Após preparar terreno com os EPs ‘Terra Brasilis’ e ‘Coragem’, onde dissecaram temas como saúde mental, resiliência, esperança e uma série de autoquestionamento, o Kilotones coloca no balaio mais três faixas: Além da faixa homônima, o trabalho vem com “Acendo a Luz” e “Agora Eu Quero”, que juntas aos lançamentos anteriores formam uma coesão narrativa e sonora sobre o indivíduo e sua relação com o meio em vários aspectos. “A gente tenta falar sobre esses assuntos de forma responsável, após muita reflexão. São canções que nasceram após muito pensar, entender a nós mesmos como banda e como poderíamos contribuir com o público em termos de sensações também”, conta JP Barrionovo.
Além de JP (guitarrista), a banda é formada por AJ Barrionovo (baixista e vocalista), e Pedro Barrionovo (baterista e produtor). Pedro, inclusive, auxiliou a produção do álbum ao lado de Paulinho Vaz, que aponta o amadurecimento do trio como principal fator para a sonoridade instigante do trio. “Eu acho que a banda trouxe muito a cara brasileira para o disco, sem deixar a pegada rock, de tocada forte, com intensidade. Eu acho que as misturas de timbres, de beats eletrônicos, de coisas brasileiras, trazem uma identidade um pouco mais ampla e abre um campo para que a banda atinja um público que até então não a escutava”, reflete Vaz.
De fato, embora o rock esteja sempre permeando as canções do Kilotones, é nítido o banho de brasilidade que o novo projeto recebeu. Da guitarrada paraense à ciranda e o maracatu, a banda entrega um dos trabalhos mais interessantes do ano. “Esse sincretismo cultural representa um pedaço da luta e esperança do povo brasileiro. O álbum é uma celebração da diversidade cultural do país e destaca a importância de se valorizar e preservar as raízes que compõem a identidade nacional, ao mesmo tempo que dialoga com a própria identidade latino-americana”, reflete Pedro.
AJ complementa com orgulho a fala dos irmãos de vida e de banda: “Cada música deste álbum representa um pouco desse Brasil que é complexo e fascinante ao mesmo tempo. Queremos transmitir uma mensagem de resiliência, mostrando que, apesar dos obstáculos, há uma luz vibrante e um espírito coletivo de esperança que nos impulsiona a olhar para um futuro melhor”. Ouça o EP na íntegra: