Nas últimas décadas, o mundo vem passando por uma revolução tecnológica tão radical e tão abrangente como nunca houve na longa história da espécie humana. Ela está transformando o panorama da informação e da comunicação e destruindo muitos setores que tiveram um papel decisivo na configuração desse ambiente, antes e durante a maior parte do século XX, como jornais, rádio, televisão, música e cinema. E a indústria editorial do livro não é exceção. “O que acontece, então, quando a mais antiga das nossas indústrias de mídia se choca com a maior revolução tecnológica do nosso tempo?”, pergunta-se o sociólogo John B. Thompson em “As Guerras do Livro: A Revolução Digital no Universo Editorial”, lançamento da Editora Unesp.
“Com o passar dos anos, esse choque extraordinário entre a mais antiga indústria de mídia e a formidável revolução tecnológica do nosso tempo foi aos poucos ganhando forma, produzindo resultados que poucos observadores tinham previsto”, anota o autor. “O que raramente estava presente nessas análises era a percepção real sobre como o desenvolvimento de novas tecnologias e sua adoção, ou não, conforme o caso, está sempre inserido em um conjunto de instituições, práticas e preferências sociais, e sempre faz parte de um processo social dinâmico no qual indivíduos e organizações buscam interesses e objetivos próprios, procurando melhorar suas posições e passar para trás os outros numa luta competitiva e, por vezes, implacável”.
Com base em 180 entrevistas com altos executivos e outros funcionários de diversas organizações americanas e britânicas, principalmente em New York, Londres e Vale do Silício – das grandes editoras de interesse geral a um grande número de startups, organizações de autopublicação e empresas editoriais inovadoras – Thompson destrincha os meandros da revolução em curso no mundo dos livros. Do nascimento dos livros digitais à explosão da autopublicação e à crescente popularidade dos audiolivros, esta obra oferece uma análise abrangente e refinada da disrupção tecnológica em uma das indústrias criativas mais importantes, bem-sucedidas, influentes e longevas da história.
“Este livro parte do pressuposto de que só podemos compreender o impacto da revolução digital numa indústria como a do livro – e, na verdade, em qualquer indústria, seja ou não de mídia – mergulhando no caos do mundo social e compreendendo como as tecnologias são desenvolvidas e exploradas, como são adotadas ou ignoradas por indivíduos e organizações que estão situados em determinados contextos, são guiados por determinadas preferências e perseguem determinados objetivos”, pontua. “O que procurei apresentar aqui não é tanto uma observação isolada no tempo, e sim um retrato dinâmico de um campo em movimento, enquanto os indivíduos e as organizações dentro desse campo tentam compreender e se adaptar às mudanças que estão ocorrendo ao seu redor – além de tirar partido delas”. 575 páginas. R$ 124.